O “mercado” brasileiro, que em 2002 criou a expressão “Efeito Lula” – a alta da inflação e do câmbio – como forma de dizer, a la Regina Duarte o “eu tenho medo, muito medo” da eleição do petista, deveria estar assim, agora, com o que nos espera nos meses que antecedem a eleição em que, tudo indica, ele derrotará Jair Bolsonaro.
Porque é justamente do ex-capitão, ao qual ajudaram a eleger, que vem os maiores perigos de agravamento da crise econômica em que o país está mergulhado, sobretudo no aspecto fiscal, cujo controle – agora entregue a Ciro Nogueira e seu Centrão, com Paulo Guedes reduzido a guarda-livros da bodega – vai se tornar apenas o cumprimento de ordens do atual presidente, mandando dar isso mais aquilo a quem o interessar politicamente.
Bolsonaro já mandou às favas o equilíbrio entre despesas e receitas, chutando como quer os números azuis e vermelhos de acordo com sua conveniência.
Quer R$ 2 bi para a PF; acena com a aprovação da Lei Orgânica das PMs, abrindo espaço para vincular os salários dos coronéis aos dos Ministros do Supremo, emendas a rodo para os deputados da base e, agora, a loucura de uma Proposta de Emenda Constitucional para “zerar” os tributos sobre combustíveis, provocando um rombo de até R$ 50 bilhões.
Para tentear a inflação e manter o fluxo de capital, mais subida de juros, portanto mais sangria de recursos que vão para a dívida pública, problema para alguém no futuro.
Vinícius Torres Freire, na Folha, diz “na lata”: ” governo vai avacalhar ainda mais a lei fiscal. Tudo isso por demagogia eleitoreira, que talvez não faça nem efeito prático de curto prazo”.
O risco de descontrole, que apontavam em Lula nas eleições de 2002 – e que jamais ocorreu com ele no governo – vem agora de Jair Bolsonaro, em completo desespero eleitoral.
Falaram tanto no “Efeito Lula”, estão próximos de colher o “Efeito Bozo”.
