Dirigentes do PSB dizem à imprensa que “Clima entre PT e PSB azeda e aliança de Lula e Alckmin corre risco“.
É pressão difícil de levar a sério, porque tudo se dá em torno de Márcio França, que não tem o controle do partido e nem chances de, sozinho, vencer a eleição para o governo paulista.
Em primeiro lugar, não tem como protestar por ficar com a “cabeça de chapa” argumentando que é o preferido do eleitorado.
Os 28% que o Datafolha dá a Haddad, contra 19% dele significa que, Haddad tem 3 a 2 de vantagem na disputa.
Somados, ainda têm outra metade a enfrentar e cativar: o bolsonarismo não é mais fraco em SP, o “morismo”, mesmo minoritário, tem algo como 10% e há Dória com a máquina de votos do governo do Estado.
Além de tudo, o ex-prefeito – e também Lula, que tem 40% – não pode dar a França os eleitores pró-PT se há, na disputa, Guilherme Boulos com bom desempenho (11%) e uma história de solidariedade aos petistas.
Se Haddad sai da disputa, Boulos entra como ameaça eleitoral ao ex-governador, porque arrastará grande parte do eleitorado do petista. E adivinhem se com a polarização do antibolsonarismo não tem tudo e algo mais para crescer.
Alckmin está sinalizando que não quer seu futuro sacrificado pelas ambições do PSB e só por isso não entrou no partido até agora. Quer o lugar de vice-presidente e, apesar de amigo de França, não parece disposto a perder a vaga para atender a ambição de seu antigo vice-governador.
Em política, mesmo a amizade costuma ser hierárquica.
O PSB força a barra, mas não pode deixar o PT, com quase a metade dos votos nacionais, sem candidato próprio na maior região do país, o Sudeste, onde os pessebistas ficariam com três (São Paulo, Rio e Espírito Santo) e, em Minas, apoiando o candidato do PSD (por enquanto) Alexandre Kalil.
Alckmin sabe que é forçação e mantém a sua silenciosa indefinição pública. Mas ela é um sinal, e forte, de que não vai “bancar” França candidato a governador.
Sabe que, ao admitir expressamente seu desejo de ser vice-presidente com Lula não pode (assim como não quer) chutar o pai da barraca pela ambição de seu amigo.
Os negócios políticos são à parte.