Falsidades, por Janio de Freitas

trick

Há algo que falta mais ao Brasil hoje que vergonha.

É sinceridade.

As coisas evoluíram de uma forma em que nada mais escapa à suspeita.

Da delação de um corrupto às sentenças dos tribunais, nada escapa à impressão – já quase certeza – tudo tem, mais fraco ou mais forte, o cheiro de arranjos, ou de ânsia,  de poder.

Poder – para políticos, para juízes, para promotores, para policiais e para veículos de comunicação – sem a única coisa que o legitima: o voto.

Janio de Freitas, hoje, na Folha, descreve o triste retrato de estarmos…

No país dos truques

A suspensão do mandato de Eduardo Cunha, motivo de polêmica ainda por muito tempo, sufocou a denúncia judicial de Lula e de Aécio, entre outros, pelo procurador-geral Rodrigo Janot. A repentina pressa do Supremo Tribunal Federal em afastar o presidente da Câmara poupou Janot de questionamentos, do PT e do PSDB, por aquela solicitação. Mas não evita sua inclusão como personagem destes tempos de truques: no plenário e no Conselho de Ética da Câmara, no Senado e suas agendas, na Lava Jato, acusados no governo, e há quem os veja mesmo no Supremo.

Durante um ano, seis meses e meio, ou os 559 dias constatados por Bernardo Mello Franco desde a primeira citação a Aécio na Lava Jato até ser denunciado, os demais delatados por Alberto Youssef foram objeto de atos do juiz Moro ou de Janot. Aécio, não. Poderia ser por investigações em andamento. Mas a denúncia nada trouxe assim. Por que é feita agora? Por causa de Lula.

A dedução é inevitável. A presença de Aécio neutraliza, ao menos atenua, a reação ao novo e grave fato por parte dos convictos de perseguição organizada a Lula, para impedir sua eventual candidatura em 2018. Aécio ficou guardado por mais de ano e meio, até ser, mais do que uma pessoa e um denunciado, uma utilidade manejável e precisa. Olha, o Aécio também está denunciado.

Alguns dirão: Aécio, aquela azeitona. Ele se deixou assimilar no papel com naturalidade, disponível para a resposta única de que a denúncia não o ameaça. Deve estar certo. O que nem de longe significa que na década passada faltassem improbidades tremendas na estatal Furnas. Em cujo elenco, aliás, o astro já era Eduardo Cunha. E não por coincidência, nos últimos tempos, tal como a denúncia diz daqueles idos, com Aécio a ele associado no mesmo roteiro.

São truques demais, nestes tempos. Sem falar na imprensa, Deus me livre. Lula virou denunciado nas vésperas de uma votação decisiva para o impeachment. Assim como os grampos telefônicos, ilegais, foram divulgados por Moro quando Lula, se ministro, com sua experiência e talento incomum de negociador talvez destorcesse a crise política e desse um arranjo administrativo. Há dois anos vemos as prisões persistentes até a delação, que recursos não faltam a juízes para defender prisões. São muitos truques. E agora Aécio com Lula. E já Dilma: é preciso inviabilizar o retorno.

São muitos truques. E mais virão onde o Supremo os supõe extintos. Pois ninguém sabe até quanto se esvazia o poder de Eduardo Cunha sobre grande parte da Câmara. Tal poder está conectado a interesses presentes e futuros, financeiros-eleitorais inclusive, e a um arsenal de informações pessoais inimaginável, recente e passado. Não à toa, contou Cunha que Michel Temer foi dos primeiros a telefonar-lhe depois da suspensão de seu mandato, em evidência da definição do vice entre os vários segmentos opostos.

Sob o predomínio dos truques, Cunha e seus aliados não acusariam o Supremo de outra coisa. Na verdade, o Supremo produziu um sofisma jurídico. A suspensão do mandato de Eduardo Cunha sem duração prevista é, na prática, cassação. Se o Conselho de Ética o cassar, e talvez seja difícil fazê-lo, ou se não o cassar. Neste segundo caso, o Supremo não sustará a suspensão: a maioria das acusações estará imutável. Cunha irá suspenso até o fim do seu mandato. E isso, quanto à condição parlamentar, é o mesmo que cassação.

Estamos sendo embalados por truques demais. Políticos, econômicos, judiciais, policiais, por toda parte. O governo que promete um “ministério de notáveis”, reformas e fim das crises, é mais um. O de maior alcance e, tudo indica, o mais desastroso.

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16 respostas

  1. Faltam 4 dias.
    Eu achei importante na Folha de hoje não foi o chororô do Jânio, normal para um petralha neste momento, mas as novas revelações sobre a bomba do BNDES, as palestras frias, os achaques petistas e tudo o mais. Por enquanto, o governo ainda está na mão da gang e o chefe mantém seu foro privilegiado (embora contestado), mas falta pouco para isso acabar.
    Faltam 4 dias.

  2. Isso tudo será consagrado no próximo dia onze onde teremos uma nova pantomima so mudando algumas frases como em nomes de meus filhos pelo em nome de meus bisnetos em nome de Deus será substituído pelo em nome do mercado nenhum com certesa NAO FALARA em nome da minha estória politica

  3. Quem saiu às ruas pelo combate à corrupção terá um choque de realidade se este golpe passar, embora a retórica, os discursos e manchetes da mídia mudarão da água para o vinho no que se refere ao governo de temerários.

    1. … *O líder do ‘Alto Comando do golpe’ &$ o DEMoTucano “juiz” sérgio ‘mor(T)o’ têm que entregar o pacote completo!
      E o ingrediente-chave é a cabeça do [eterno]presidente Lula servida numa bandeja inundada de sangue!…

      *”O líder do ‘Alto Comando do golpe'”, segundo o conspícuo e impávido jornalista Luis Nassif.
      O mesmo procurador parcial (sic) da República ‘Rodrigo Brindeiro Fernando Barbosa Moro Gurgel’ ‘O Sonso geral da nação [em frangalhos]’!
      “Um sujeitinho à toa, um ressacado sem eira nem beira, um fascista da pior extração”, segundo o senador Fernando Collor de Mello em discurso proferido na tribuna do Senado Federal

  4. Um dos aspectos importantíssimos do processo civilizatório acoplado aos blogues ‘sujos’:
    Difundir e dinamizar as informações fundamentadas na responsabilidade e no conteúdo…

    ***

    JANIO DE FREITAS: DENÚNCIA CONTRA AÉCIO É “TRUQUE“ DA LAVA JATO PARA CHEGAR EM LULA

    O jornalista Janio de Freitas produz neste domingo (8) uma irretocável análise sobre a seletividade da operação Lava Jato; ele afirma que a denúncia apresentada por Rodrigo Janot contra o senador tucano Aécio Neves tem o objetivo de atenuar as críticas à denúncia feita contra Lula; “Durante um ano, seis meses e meio, ou os 559 dias constatados por Bernardo Mello Franco desde a primeira citação a Aécio na Lava Jato até ser denunciado, os demais delatados por Alberto Youssef foram objeto de atos do juiz Moro ou de Janot. Aécio, não. Poderia ser por investigações em andamento. Mas a denúncia nada trouxe assim. Por que é feita agora? Por causa de Lula. A dedução é inevitável”, diz

    8 DE MAIO DE 2016 ÀS 08:12

    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/230746/Janio-den%C3%BAncia-contra-A%C3%A9cio-%C3%A9-%E2%80%9Ctruque%E2%80%9C-da-Lava-Jato-para-chegar-em-Lula.htm

  5. Um povo que aceita sua história ser contada por escravocratas aceita qualquer coisa. É um povo marcado, um povo feliz.

  6. … Talvez o truque dos truques dos nazigolpistas no texto excepcional do emérito e intrépido jornalista Janio Freitas

    Há dois anos vemos as prisões persistentes até a delação, que recursos não faltam a juízes para defender prisões. São muitos truques. E agora Aécio com Lula. E já Dilma: é preciso inviabilizar o retorno, alerta.

  7. … Quem este Janotzinho pensa que é?
    Por ter costas largas na CIA, no FBI, no Pentágono… Pensa que pode tudo e um pouco mais da conta?
    Por ter a blindagem e os estímulos do *PIMG, o Janot acredita que tem o condão de manipular a história factual ao seu bel prazer e abjeto escárnio para satisfazer a voracidade da gula dos algozes do povo?…
    Por se arvorar representante da IMUNDA Casa Grande nativa &$ da ecumênica plutocracia predadora &$ genocida?…
    Janot, Janot, tenha piedade, ao menos, do “seu irmão: fugido da Bélgica e à época procurado pela Interpol”, segundo o senador Fernando Collor de Mello em denúncia feita – “na sua cara [de pau!]” – em sabatina quando da sua recondução ao cargo de procurador geral da República.
    [Procurador] Geral!
    Geral!
    Sei!…

    NOTA FÚNEBRE:
    ãhã ãhã ahã… Foi/é por essas &$ outras algumas das razões de o ‘miniSTÉRIO’ Público ter encaminhado por duas vezes consecutivas o nome do procurador Rodrigo Janot enquanto o primeiro da Lista Tríplice…
    ‘O [tíbio] PT da Governança’ pagando muito caro por ter acreditado, valorizado e respeitado as nossas [supostas] instituições republicanas – e esquecendo ou desconsiderando que – na nossa plaga selvagem e em nossos tempos bárbaros – a máquina pública é constituída predominantemente por reles prepostos das elites reacionárias, retrógradas, predadoras, impiedosas, indecorosas, avarentas, alopradas, despudoradas, canalhas, aéticas, desumanas…

  8. Presidência da República
    Casa Civil
    Subchefia para Assuntos Jurídicos

    LEI Nº 13.199, DE 3 DE DEZEMBRO DE 2015.

    Altera os dispositivos que menciona da Lei no 13.080, de 2 de janeiro de 2015, que dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2015.

    A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art. 1o A Lei no 13.080, de 2 de janeiro de 2015, passa a vigorar com as seguintes alterações:

    “Art. 2o A aprovação do Projeto de Lei Orçamentária de 2015 e a execução da referida Lei deverão ser compatíveis com a obtenção de resultado primário deficitário, para o setor público consolidado não financeiro, de R$ 48.908.400.000,00 (quarenta e oito bilhões, novecentos e oito milhões e quatrocentos mil reais), sendo déficit primário de R$ 51.824.400.000,00 (cinquenta e um bilhões, oitocentos e vinte e quatro milhões e quatrocentos mil reais) para os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social e de R$ 0,00 (zero real) para o Programa de Dispêndios Globais, conforme demonstrado no Anexo de Metas Fiscais constante do Anexo IV.

    § 1o As empresas dos Grupos Petrobras e Eletrobrás não serão consideradas na meta de resultado primário de que trata o caput, relativa ao Programa de Dispêndios Globais.

    § 2o A meta de superávit primário estimada para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios é de R$ 2.916.000.000,00 (dois bilhões, novecentos e dezesseis milhões de reais).

    § 3o É admitida a compensação entre as metas estabelecidas para os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, para o Programa de Dispêndios Globais de que trata o inciso VI do caput do art. 11 e para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

    § 4o A meta de superávit primário mencionada no caput considera a receita de concessões e permissões relativas aos leilões das Usinas Hidroelétricas – UHEs não renovadas estimadas em R$ 11.050.000.000,00 (onze bilhões e cinquenta milhões de reais).

    § 5o A meta de resultado primário prevista no caput poderá ser reduzida nas seguintes hipóteses:

    I – frustração da receita estimada no § 4o, no montante correspondente; e

    II – pagamento, em 2015, até o montante de R$ 57.013.000.000,00 (cinquenta e sete bilhões e treze milhões de reais), referente a passivos e valores devidos:

    a) ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, em razão do que estabelece a Lei Complementar no 110/2001, limitado a R$ 10.990.000.000,00 (dez bilhões, novecentos e noventa milhões de reais);

    b) ao FGTS nos termos do que dispõe o art. 82-A da Lei nº 11.977/2009, limitado a R$ 9.747.000.000,00 (nove bilhões, setecentos e quarenta e sete milhões de reais);

    c) ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES a título de equalização de taxa de juros de que trata a Lei nº 12.096/2009, apurados até o final do primeiro trimestre de 2014, correspondente aos períodos anteriores ao segundo trimestre de 2014, limitado a R$ 22.438.000.000,00 (vinte e dois bilhões, quatrocentos e trinta e oito milhões de reais);

    d) ao Banco do Brasil relativos aos itens “Tesouro Nacional – Equalização de Taxas – Safra Agrícola” e “Título e Créditos a Receber – Tesouro Nacional”, exclusive os valores devidos referentes ao segundo semestre de 2014 e primeiro semestre de 2015, limitado a R$ 12.329.000.000,00 (doze bilhões, trezentos e vinte e nove milhões de reais); e

    e) à Caixa Econômica Federal a título de remuneração bancária de serviços prestados, limitado a R$ 1.509.000.000,00 (um bilhão, quinhentos e nove milhões de reais).”

    Art. 2o O Anexo IV.1 da Lei no 13.080, de 2015, passa a vigorar na forma do Anexo a esta Lei.

    Art. 3o Fica revogado o § 6o do art. 2o da Lei no 13.080, de 2 de janeiro de 2015.

    Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

    Brasília, 3 de dezembro de 2015; 194o da Independência e 127o da República.

    DILMA ROUSSEFF
    Nelson Barbosa

    Este texto não substitui o publicado no DOU de 3.12.2015 – Edição extra.

    ANEXO

    (Anexo IV à Lei no 13.080, de 2 de janeiro de 2015)

    ANEXO IV

    Metas Fiscais

    IV.1 Anexo de Metas Fiscais Anuais

    (Art. 4º, § 2º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000)

    Em cumprimento ao disposto na Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, o Anexo de Metas Anuais da Lei de Diretrizes Orçamentárias 2015, LDO-2015, estabelece a meta de resultado primário do setor público consolidado para o exercício de 2015 e indica as metas de 2016 e 2017. A cada exercício, havendo mudanças no cenário macroeconômico interno e externo, as metas são revistas no sentido de manter a sustentabilidade da política fiscal.

    O objetivo primordial da política fiscal do governo é promover a gestão equilibrada dos recursos públicos, de forma a assegurar a manutenção da estabilidade econômica, o crescimento sustentado, a distribuição da renda e a prover adequadamente o acesso aos serviços públicos universais. Para isso, atuando em linha com as políticas monetária, creditícia e cambial, o governo procura criar as condições necessárias para a queda gradual do endividamento público líquido e bruto em relação ao PIB, a redução da estrutura a termo da taxa de juros, a melhora do perfil da dívida pública e o fortalecimento dos programas sociais.

    Nesse sentido, anualmente, são estabelecidas metas de resultado primário no intento de garantir as condições econômicas necessárias para a manutenção do crescimento sustentado, o que inclui a sustentabilidade intertemporal da dívida pública. Ressalte-se que o resultado fiscal nominal e o estoque da dívida do setor público apresentados são indicativos, pois são impactados por fatores fora do controle direto do governo como, por exemplo, a taxa de câmbio.

    Também é compromisso da política fiscal promover a melhoria da gestão fiscal, com vistas a implementar políticas sociais redistributivas e a financiar investimentos em infraestrutura que ampliem a capacidade de produção do País, por meio da eliminação de gargalos logísticos. O governo também vem atuando na melhoria da qualidade e na simplificação tributária, no combate à sonegação, evasão e elisão fiscal, na redução da informalidade, no aprimoramento dos mecanismos de arrecadação e fiscalização. Tem também procurado aprimorar a eficiência da alocação dos recursos, com medidas de racionalização dos gastos públicos e de tarifas públicas adequadas, com melhora nas técnicas de gestão e controle, com maior transparência, de forma a aumentar a qualidade na prestação de serviços públicos. O alinhamento de estruturas de governança pública às melhores práticas internacionais também fortalece a política fiscal.

    A meta de superávit primário do Setor Público para 2015 foi fixada inicialmente em R$ 66,3 bilhões, equivalente a 1,2% do PIB estimado à época para o ano, quando da revisão da LDO em dezembro de 2014. Naquele momento, o governo e o mercado trabalhavam com expectativa de obtenção de um superávit primário de 0,19% do PIB em 2014 e crescimento de 0,80% do PIB em 2015 (conforme apontado pelo relatório Focus de 21/11/2014).

    Para garantir que essa meta fosse atingida, o governo adotou um amplo conjunto de medidas para reduzir despesas e para recuperar a arrecadação.

    No âmbito do controle dos gastos, destacam-se: (i) aumento das taxas de juros em diversas linhas de crédito para reduzir os subsídios pagos pelo Tesouro Nacional; (ii) racionalização dos gastos de diversos programas de governo, com revisão das metas; (iii) fim do subsídio à CDE no valor de R$ 9,0 bilhões; (iv) revisão das regras de pensão por morte e auxílio doença e; (v) revisão do seguro defeso, do seguro desemprego e do abono salarial.

    Adicionalmente, deve-se considerar o contingenciamento total de gastos no valor de R$ 79,5 bilhões realizado em 2015. O governo também reviu as regras do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), anunciando novos limites de comprometimento, prazos e taxas de juros com o objetivo de reduzir o subsídio dessa política.

    Com relação à receita, destacam-se as seguintes medidas para garantir a elevação da arrecadação: (i) IPI para automóveis, móveis, laminados e painéis de madeira e cosméticos; (ii) PIS/Cofins sobre importação; (iii) IOF-Crédito para pessoa física; (iv) PIS/Cofins e CIDE sobre combustíveis; (v) PIS/Cofins sobre receitas financeiras das empresas; (vi) realinhamento de taxas e de preços públicos; (vii) revisão parcial da desoneração da folha e; (viii) CSLL cobrada das instituições financeiras.

    Todavia, em função de vários choques que ocorreram desde o final de 2014, houve uma deterioração do cenário macroeconômico levando a grande frustração da estimativa de receitas. O primeiro choque, que se deu ainda em 2014, foi a acentuação da queda do preço das commodities. Pelo lado doméstico, a crise hídrica mais grave da história do país combinada com a crise do setor de construção civil produziu forte incerteza sobre o cenário macroeconômico e os indicadores de confiança continuaram a apresentar deterioração. Com base neste cenário, a economia se deteriorou ainda mais de forma que o mercado projeta retração de 3,02% do PIB em 2015, elevação da Selic para 14,25% e elevação da taxa de inflação para 9,85%, conforme apontado pelo relatório Focus de 23/10/2015.

    A conjuntura adversa tem reduzido significativamente a arrecadação, com forte impacto sobre o desempenho fiscal, mesmo considerando todas as medidas adotadas. Há, ainda, uma parte não capturada pelo modelo de projeção da RFB, fazendo-nos pensar em outros fatores explicativos além das variáveis conhecidas, tais como os impactos negativos da reacomodação no setor de óleo e gás e a reprogramação fiscal das empresas, à luz de um cenário ainda muito incerto.

    Assim, tornou-se imperiosa a redução da meta de resultado primário a ser realizado em 2015. Em termos nominais, a meta de superávit primário do setor público não financeiro consolidado para 2015 fica, portanto, fixada em déficit de R$ 48.908 milhões, equivalente a -0,85% do PIB. Para 2016 e 2017, define-se um cenário de elevação gradual do resultado primário para R$ 0,7% do PIB e 1,3% do PIB, respectivamente.

    Para a consecução dos resultados fiscais propostos, o cenário macroeconômico de referência (Tabela 1) pressupõe recuperação moderada da atividade econômica, partindo de uma retração de 2,8% em 2015, para uma retração mais suave em 2016 de -1,0%, com crescimento em 2017 de 1,1%. O cenário de inflação, por sua vez, prevê elevação temporária da inflação em 2015, por conta da política de realinhamento tarifário, mas com desaceleração nos anos subsequentes, em consonância com os objetivos da política macroeconômica. Assim, terminado o ajuste nos preços monitorados, há convergência da inflação para o centro da meta.

    Com relação à política monetária, em junho de 2015, a taxa Selic atingiu 14,25% com elevação de 7,0 p.p. desde o início do atual ciclo monetário em abril de 2013 quando a Selic estava em 7,25%.

    O regime de câmbio flutuante garante o equilíbrio externo e, somado à elevada quantidade de reservas internacionais, permite que a economia se ajuste de maneira suave às condições externas. Diante deste arcabouço, o cenário de referência prevê que a taxa de câmbio tenha média de R$/US$ 3,40 em 2015, encerrando o ano com cotação de R$/US$ 4,00.

    As perspectivas de melhora do cenário internacional para o ano de 2015 ainda não se materializaram, pois algumas incertezas permanecem tais como a intensidade da desaceleração da China, o desfecho da crise grega e a velocidade na qual se dará a recuperação norte-americana.

    Tabela 1 – Cenário macroeconômico de referência

    2015 2016 2017
    PIB (crescimento real % a.a.) -2,8 -1,0 1,1
    Inflação (IPCA acumulado – var. %) 9,53 5,94 4,50
    Selic (fim de período – % a.a.) 14,25 12,50 11,00
    Câmbio (fim de período – R$/US$) 4,00 4,00 4,00

    Fonte: Ministério da Fazenda, com base em projeções de mercado.

    A meta de déficit primário fixado em R$ 48.908 milhões para o setor público não-financeiro em 2015 está dividida em déficit de R$ 51.824 milhões para o Governo Central, e de superávit de R$ 2.916 milhões para os Estados e Municípios e R$ 0,00 para as Estatais Federais. A meta de superávit primário poderá ser reduzida no montante da frustração da receita de concessões e permissões relativas ao leilões das UHEs não renovadas, estimadas em R$ 11.050 milhões e pagamentos referentes a: (a) passivo da União junto ao FGTS, registrado em razão do que estabelece a Lei Complementar 110/2001, pagos no exercício de 2015; (b) adiantamentos concedidos pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) à União ao amparo do que dispõe o art. 82-A da Lei 11.977/2009, pagos no exercício de 2015; (c) valores devidos pelo Tesouro Nacional ao BNDES a título de equalização de taxa de juros de que trata a Lei 12.096/2009, apurados até o final do primeiro trimestre de 2014, correspondente aos períodos anteriores ao segundo trimestre de 2014; (d) valores devidos pelo Tesouro Nacional ao Banco do Brasil relativos aos itens “Tesouro Nacional – Equalização de Taxas – Safra Agrícola” e “Título e Créditos a Receber – Tesouro Nacional”, pagos 2015, exclusive os valores devidos referentes ao 2º semestre de 2014 e primeiro semestre de 2015; (e) valores devidos à Caixa Econômica Federal a título de remuneração bancária de serviços prestados.

    Tabela 2 – Trajetória estimada para a dívida do setor público

    Variáveis (em % do PIB) 2015 2016 2017
    Superávit Primário do Setor Público Não-Financeiro -0,85 0,70 1,30
    Previsão para o reconhecimento de passivos 0,28 0,24 0,22
    Dívida Líquida com o reconhecimento de passivos 35,4 38,6 40,2
    Dívida Bruta do Governo Geral 68,3 71,1 72,0
    Resultado Nominal -9,47 -5,01 -3,97

    Fonte: Projeção do Banco Central para dívida bruta e líquida, com base nas metas fiscais e nos parâmetros macroeconômicos.

    O cenário macroeconômico projetado, juntamente com a elevação gradual do resultado primário, permitirá a sustentabilidade da política fiscal, com menor crescimento da dívida bruta do governo geral como proporção do PIB em 2017. Com a recuperação do resultado primário ao longo dos anos seguintes e a retomada do crescimento econômico a dívida bruta se estabilizará.

    Anexo de Metas Fiscais
    Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2015
    (Art. 4º, § 1º, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000)

    Anexo IV.1.a – Anexo de Metas Anuais 2015 a 2017
    Preços Correntes
    2015 2016 2017
    Discriminação R$ milhões % PIB R$ milhões % PIB R$ milhões % PIB

    I. Receita Primária 1.256.789 21,77 1.441.428 23,49 1.578.876 24,03
    II. Despesa Primária 1.308.614 22,67 1.406.987 22,93 1.506.601 22,93
    III. Resultado Primário Governo Central (I – II) -51.824 -0,90 34.441 0,56 72.275 1,10
    IV. Resultado Primário Empresas Estatais Federais 0 0,00 0 0,00 0 0,00
    V. Resultado Primário Governo Federal (III + IV) -51.824 -0,90 34.441 0,56 72.275 1,10

    VI. Resultado Nominal Governo Federal -456.396 -7,91 -231.274 -3,77 -186.224 -2,83
    VII. Dívida Líquida Governo Federal 1.222.124 21,17 1.468.904 23,94 1.670.629 25,43

    Preços Médios de 2015 – IGP-DI
    Discriminação 2015 2016 2017
    R$ milhões R$ milhões R$ milhões

    I. Receita Primária 1.256.789 1.348.238 1.401.356
    II. Despesa Primária 1.308.614 1.316.024 1.337.207
    III. Resultado Primário Governo Central (I – II) -51.824 32.214 64.149
    IV. Resultado Primário Empresas Estatais Federais 0 0 0
    V. Resultado Primário Governo Federal (III + IV) -51.824 32.214 64.149

    VI. Resultado Nominal Governo Federal -456.396 -216.322 -165.286
    VII. Dívida Líquida Governo Federal 1.222.124 1.388.165 1.503.264

    *

  9. [Perdão pelo fora de pauta não tão fora de pauta assim!]

    Líder do MBL responde a mais de 60 processos e sofre cobrança de R$ 4,9 milhões

    Postado em 08/05/2016

    Do uol:

    Renan Antônio Ferreira dos Santos, um dos três coordenadores nacionais do MBL (Movimento Brasil Livre), entidade civil criada em 2014 para combater a corrupção e lutar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), está envolvido em problemas na Justiça. Ele é réu em, pelo menos, 16 ações cíveis e mais 45 processos trabalhistas, incluindo os que estão em seu nome e o das empresas de que é sócio.
    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/lider-do-mbl-responde-a-mais-de-60-processos-e-sofre-cobranca-de-r-49-mi/

    LÁ VEM O MATUTO QUE SENTE CHEIRO DE GOLPE DESDE O DIA EM QUE NASCEU EM PINDORAMA

    … Que horror!
    Para surpresa de ninguém!

  10. Este golpe já pode ser denominado como ‘O perdão aos salafrarios’. Aos amigos do rei, as absolvições, as benesses, os conluios, os acordos espúrios, as falcatruas, tudo para amenizar ou extinguir possíveis penas, multas fazendárias, multas ambientais, desvios de finalidades políticas e todas as outras mais. O tapete vai ser estreito para tanto esconde- esconde. Ah, mais tem um grande ganho aí, o PT não incomoda mais. Os coxinhas já podem cantar em alto e bom som ‘ Valeu a pena he he, Valeu a pena he he, Valeu a pena. Pobres imbevis, sabem de nada inocentes’

  11. “Pois ninguém sabe até quanto se esvazia o poder de Eduardo Cunha ”
    Eu sei.
    O poder de Kunha se esvai com a prisão, não dele, mas da mulher e da filha, sócias no roubo.
    Como diria a molecada: DE MO RO!

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