Fux e Temer: assina aí que eu assino aqui, que eu não confio em você

O triste espetáculo do auxílio-moradia indiscriminado aos juízes acabou – se é que acabou – com um desfecho à (baixíssima) altura do que foi toda a história.

A revocação da falcatrua simultânea à sanção presidencial do aumento dos vencimentos dos juízes se dá com a simultaneidade própria dos negócios entre canalhas, onde um espera que o outro vá trair a palavra assim que conseguir seu objetivo.

Aliás, não há nada mais simbólico disso que a “cláusula” da decisão de Fux dizendo que a proibição do pagamento do auxílio dê-se apenas quando forem efetivamente pagos os aumentos dos vencimentos. Literalmente. “que a cessação do pagamento do auxílio-moradia só ocorra quando do implemento financeiro no contracheque do subsídio majorado”.

E ainda dá garantias de que,embora qualquer decisão judicial possa ser questionada, de garantir que não haverá devolução do pagamento que agora passou a achar indevido, sentenciando que seu ato está “afastando qualquer pretensão de ressarcimento pretérito ao Erário”.

Mesmo assumindo claramente que se trata de um “negócio”, nem mesmo a velha regra do “fio do bigode” valeu deste caso: é trato entre bandidos, onde um só larga a mercadoria quando o outro lhe põe o dinheiro na mão.

Aliás, a vergonha é ainda maior no caso de Fux que, em tese, estava julgando a legalidade da medida e não o valor da remuneração dos magistrados.

Coisa que não fez. Ou melhor, fez, porque não reconheceu a ilegalidade contida em um pagamento fictício paraa grande maioria dos magistrados, que tem imóvel próprio onde trabalha e que, portanto, enseja a mais absoluta improcedência de pagamento de auxílio para morar junto ao trabalho.

Portanto, senão por “eu não quero”, poderá negar exame a qualquer novo e absurdo pedido de restauração do auxílio. Quem sabe ano que vem, se não sair novo reajuste…

Este é o nível de nossa Suprema Corte. Temos os “juristas do achaque”, que praticaram desavergonhadamente o método do “se você não me paga, eu pego”.

Fernando Brito:

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    • À luz do dia e às portas das trevas que nos devoram!

  • Com um judiciário assim, com forças armadas como as nossas e um povo que vota como votou nas últimas eleições, é inevitável a pergunta: que esperança existe para esse país ?
    Eu me sinto inclinado a responder NENHUMA. A tragédia vem aí, infelizmente.

    • A tragédia vem aí? Estamos vivenciando ela já faz um tempão.

  • Não adianta nada denúncias contra esta máfia do MP e Judiciário. Tem que ser um juiz de outro planeta para absolver o Lula.

  • O stf estenderá esse "entendimento" de "reposição" , para todas as categorias de trabalhadores que impetrarem mandato de segurança na justissa ?

  • Brito, além do texto ótimo, trágico obviamente, você não poderia ter escolhido uma foto mais simbólica do que se está falando. é perfeita para o fim a que se destina, isto é, mostrar com quem se está tratando: tratantes, pra não dizer mais.

  • E sabe o que vai acontecer daqui a pouco? Vão inventar o auxílio moradia outra vez, daí vão ficar com os dois aumentos. Hehehehehehe.

  • Que país podre é esse??? Nunca pensei de ver tantos absurdos!! Então a decisão proferida antes não era legal?? A justiça agora é no toma lá da cá?? Alguém prevaricou aqui.

  • Está óbvio que tem gente que faz o quer. Acordos que podem até exigir que em determinada hora e em tal lugar se dê a entrega disso em troca daquilo. Já se viu centenas de filmes como este.

    • Sim, e se ofendem quando o oligofrênico Júnior ameaça fechar o boteco com apenas um cabo e um soldado. Impressiona a engenharia divina do Criador de conseguir colocar um tamanho número de canalhas, boçais, traidores, delinquentes de toda ordem, mentirosos compulsivos, ladrões, gorilas e analfabetos, funcionais e não funcionais numa mesma cidade, em torno de uma mesma praça. Será que Ele pretende fazer a brincadeirinha de Sodoma e Gomorra de novo?

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