Bombas na noite de Porto Alegre. Por Jari da Rocha

A mesma Porto Alegre que sofre com a falta de segurança nas ruas é agredida violentamente pelos policiais da Brigada Militar, cujos salários, diga-se de passagem, estão parcelados.

(Em dois anos de governo Sartori (PMDB), o número de homicídios dobrou, o de roubo de carros triplicou e os roubos a pedestres já são quatro vezes maiores.)

As mobilizações contra a PEC da Morte começaram às 7 horas com o ‘trancaço’ em frente a rodoviária.  Após o meio dia, na Faculdade de Educação da UFRGS, professores e alunos organizaram atividades artísticas, visões sobre os danos irreversíveis que ocorrerão nos próximos 20 anos.

Também uma vigília pela Educação estava prevista para atravessar a madrugada, mas foi cancelada. Segundo relatos, um grupo, de fora, teria iniciado um tumulto.

No final da tarde, na esquina Democrática, milhares de pessoas se reuniram para, a partir dali, saírem em caminhada pelas ruas da capital gaúcha.

Enquanto, provavelmente, pessoas eram assaltadas noutros cantos da cidade, ali, junto à manifestação, um forte pelotão, inclusive com a cavalaria da Brigada, ‘acompanhava’ o cortejo que, não fosse a “ajuda” da polícia, teria começado e terminado de forma absolutamente pacífica.

No entanto, o que têm acontecido nas manifestações em várias capitais brasileiras é um roteiro pré estabelecido. Em determinado momento, normalmente ao final, quando o movimento está dispersando, algo acontece e inicia-se um revival dos tempos e chumbo.

Em Porto Alegre não foi diferente.

Este vídeo aqui mostra imagens da caminhada pela avenida João Pessoa antes do ataque da polícia.

Marco Weissheimer, do Sul21, que acompanhou a manifestação, faz um relato do que aconteceu em mais um episódio de repressão policial:

No início, a Brigada Militar acompanhou de forma discreta a manifestação, com um grupo de quatro homens que iam passando informações por rádio sobre o roteiro da caminhada. Na linha de frente da marcha, a organização do ato cuidava para que a manifestação prosseguisse sem violência. Na entrada do túnel da Conceição, surgiu a primeira aparição ostensiva de um pelotão de choque da Brigada, posicionado na avenida Independência. Nada, até ali, indicava que a manifestação terminaria de modo violento. Os organizadores do ato tiveram o cuidado de pedir silêncio a todos durante a passagem da marcha ao lado da Santa Casa. O pedido foi atendido e os tambores e palavras de ordem silenciaram na saía do túnel.

Mas, à medida que a caminhada foi prosseguindo, o clima de tensão foi aumentando. Na avenida João Pessoa, um pelotão da cavalaria da Brigada posicionou-se em frente à sede do PMDB. Os organizadores do ato orientaram os manifestantes para que não praticassem nenhum ato contra o prédio.

Já no final, aproveitando o fato de alguns manifestantes (estranho, não?) terem jogado pedras nos vidros de um banco, a polícia inicia seu show de horrores.

Começa a correria entre tiros e bombas – o bairro Bom Fim ficou tomado pelo gás. Alguns jovens se refugiam no prédio da Reitoria da UFRGS, onde acontecia uma formatura. Sem se intimidar, a polícia começa a atirar bombas de gás contra o prédio.

O mesmo prédio, aliás, que nos anos 60 fora invadido pela polícia do Exército durante a  ditadura militar.

Essa turma que se apossou do Estado brasileiro não tem escrúpulos, não tem compromisso cívico, não tem moral e não tem limites para levar o país ao mais completo caos, como já se pode ver pelas ruas.

Leia a reportagem completa aqui.

Assista ao vídeo no momento em que a Brigada Militar investia contra os manifestantes:

 

 

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