General, a morte da vereadora foi um desafio ao senhor

Os tiros que mataram  Marielle Franco também atingiram em cheio a autoridade do general Walter Braga Netto, posto na indesejada posição de “bucha de canhão” de uma intervenção feita sem planejamento, sem objetivos que não os eleitorais e também sem alvos definidos e coerentes.

Não é preciso ser um sherlock para saber de onde vieram os assassinos da vereadora e de seu motorista, é claro.

Muito menos para saber que o crime colocaria a intervenção na berlinda, perante o país e perante o mundo.

O assassinato não foi um episódio comum da criminalidade do Rio de Janeiro.

Foi um desafio que veio de dentro ou da periferia das estruturas policiais, há décadas o celeiro dos grupos de extermínio no Rio de Janeiro.

Algo com muitas semelhanças com o que se fez quando, no governo Brizola, perpetraram as chacinas da Candelária e de Vigário Geral. Foram um desafio a uma administração que combatia os esquadrões da morte, que seguem existindo, com outros envolvimentos e com outro nome.

O general não é um tolo e sabe que colocaram um cadáver aos seus pés.

Depois de apenas um mês encolhidas em suas tocas, as serpentes se moveram e desafiaram o interventor, provocando-o a ações espetaculares das quais, até agora, ele fugiu.

Marielle era a “vítima ideal” para isso: mulher, negra, ex-moradora de favela, vereadora e ativista dos direitos humanos.

Os militares, exceto os que se nivelaram aos cultores do ódio, têm capacidade e estruturas de informação capazes de saber que onde vêm uma macabra provocação como esta.

Resta saber se vão aceita-la e responder lancetando os tumores policiais ou, ao contrário, com ações teatrais com as pessoas que Marielle defendia, apenas para produzir cenas para a mídia.

 

Fernando Brito:

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    • Não sei se vc conhece a história do assassinato do EDSON LUÍS DE LIMA SOUTO, no restaurante Calabouço, em 28/3/68, no Rio, nos anos 60 e suas consequências. Estamos chegando lá: a vereadora, a (provável) prisão do Lula, a professora com sangue no roso na SP de Dória e do Alckmin...

  • Se eles tivessem caráter... Se tivessem honra, estômago, brio, qualquer coisa pra se importar... Mas não. É apenas mais uma negrinha, e de esquerda, e lésbica ainda por cima. Não são capazes de entender o desafio, apenas o alívio. Logo mais, à noite, terá reunião, um convescote com membros da globo, do governo, empresários, e alguns outros, todos satisfeitos, fazendo o jogo do mudo, contendo o risinho da hipocrisia por dentro da expressão de suposta preocupação. E a negrinha, ops, vereadora que morreu? "Tomaremos as mais enérgicas providências convenientes." E sigamos à frente, e abaixo na queda.

  • Mais um brilhante texto de FB, direcionado para alguém que, mesmo com o sangue nas mãos, segue como estafeta do vampiro no plano de desmoralização de todas as instituições. sendo o exército a bola da vez.
    Ouso dizer que, nesse exato momento, a maior parte dos golpistas estão dando gargalhadas por mais uma ativista de esquerda morta e um general tendo que tomar as providências para "acalmar" a mídia, que se fará de imparcial para, mais uma vez, enganar quem gosta de ser enganado .
    Com certeza vai haver uma queima de arquivo, algumas prisões, mas nenhum dos responsáveis serão punidos.
    Vão continuar dando entrevistas pra globo e transitando livremente no palácio das laranjeiras e em Brasília.

  • Mais uma vítima do projétil temer, o cangaceiro da direita chancelado pelo fhc e sua escumalha.

  • Ditadura Temer tortura e assassina, como todas as outras no passado.

  • Diria que a lei da física nunca foram tão verdadeira, efeito bumerangue....

  • O assassinato de Marielle foi uma ação de intimidação a todos os que são contra a intervenção militar no Rio. Por que seria então um desafio ao general interventor?

    • Exatamente.. O negócio é não deixar a esquerda e o povo voltar ao poder. Pronto. Não importa o caos que gere, pra que serve grade, portão e vigia pobre de direita? Escudo para ricos tiranos.

    • Quem é contra a intervenção não tem força sequer política suficiente para interrompê-la. Então não faz o menor sentido quem é pró intervenção cometer um assassinato destes que só gera desgaste para o generalato interventor. Não foi intimidação a quem é contra, foi para parecer que é intimidação. Minha hipótese mais provável é que alguém está querendo causar confusão para direcionar as forças interventoras. Ou para longe dos alvos que estava chegando perto, ou é gente que quer fechar mais o regime fabricando motivos para dar golpe no golpe (como o atentado do Riocentro que queria colocar culpa na esquerda).

  • Qual será a aposta ? . Quando aquele ex diretor da PF falou , o que falou sobre os comandantes da PM , agora imaginem quanto não está contaminado a linha de comando , ex isso e ex aquilo , " ex aposentados " . Todos complementando salários . Não é milícia é um exercito de mercenários .Sem solução no curto e no médio prazo . A longuíssimo prazo , várias gerações para descontaminar.

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