Governo “pedala’ Petrobras de olho em lucro eleitoral

A nova redução no preço da gasolina, apenas nove dias depois da redução anterior, sem que não haja sido registrada, entre as duas datas, qualquer redução nos preços internacionais do petróleo tem, é claro, outro componente, o eleitoral. Mas não é tão danoso para a empresa (e, em consequência, para o Brasil) quanto a fixação de pagamento antecipado de dividendos, em valor recorde, para os acionistas da empresa, o Tesouro Nacional à frente.

São R$ 87,8 bilhões, a serem pagos em agosto e setembro, quase o dobro dos 48,5 bilhões da distribuição anunciada em maio e que o próprio Jair Bolsonaro classificou de “estupro”.

Só que, agora, para a alegria do governo, que encaixa recurso para sua farra eleitoral, autorizada pela “PEC da compra de votos”: são R$ 25,2 bi, mais R$ 7 bi referentes às participação acionária do BNDES, que os “rebaterá” como seus próprios dividendos ao Tesouro.

O comunicado da Petrobras sobre os dividendos, traz a pista de onde se conseguiu esta “bolada”: do corte dos investimentos da empresa. Ou melhor, da vinculação de sua realização a recursos vindos de “desinvestimento”, isto é, a venda de ativos na bacia das almas e com graves danos a uma estratégia de integração das atividades da petroleira. Diz que “os projetos de investimentos solicitados pelas áreas de negócio foram atendidos por apresentar boa resiliência e por serem suportados pela geração de caixa operacional e o fluxo de desinvestimentos, sem efeitos adversos na alavancagem (no endividamento)”.

É uma operação “raspa o caixa”, levando a transferir irresponsavelmente os recursos de caixa da empresa para os acionistas, pela ânsia em atender as exigências bolsonaristas de transferí-los, em parte, para os cofres do governo, numa modalidade de “pedalada” apra antecipar recursos.

O mercado de ações, que não está nem aí para o futuro da empresa, soltou foguetes e deu um pulo de 3% em alguns minutos depois do anúncio dos dividendos.

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