A “guerra ao Papa”, no ‘The Guardian’

Muito boa a extensa reportagem de Andrew Brown, do jornal inglês The Guardian, sobre a oposição crescente e organizada, dentro da Igreja Católica, ao Papa Francisco.

O jornal Público, de Lisboa, publicou a sua tradução e é leitura obrigatória para quem quiser entender o que se passa dentro do Vaticano e como, também lá, as forças da intolerância não suportam a orientação humanista que o cardeal argentino Jorge Bergoglio imprimiu à Santa Sé.

Um aperitivo do texto integral , que está aqui:

O Papa Francisco é atualmente um dos homens mais odiados do mundo. E quem mais o odeia não são ateus, protestantes ou muçulmanos, mas alguns dos seus próprios seguidores. Fora da Igreja goza de grande popularidade, afirmando-se como uma figura de uma modéstia e uma humildade quase ostensivas. Desde o momento em que o cardeal Jorge Bergoglio se tornou Papa em 2013, os seus gestos prenderam a atenção do mundo: o novo Papa guiou um Fiat, transportou as próprias malas e pagou a conta em hotéis; sobre os homossexuais, perguntou: “Quem sou eu para julgar?”, e lavou os pés de refugiadas muçulmanas.

Dentro da Igreja, porém, Francisco tem desencadeado uma reação feroz por parte dos mais conservadores, que temem que este novo espírito divida a Igreja ou até que a destrua. Este Verão, um proeminente clérigo inglês disse-me: “Mal podemos esperar que ele morra. É impublicável o que dizemos dele em privado. Sempre que dois padres se encontram, falam sobre o quão horrível Bergoglio é… ele é como Calígula: se tivesse um cavalo, fazia dele cardeal.” Claro que após dez minutos de repetidas críticas, acrescentou: “Não pode publicar nada disto, senão serei despedido.”

Vale muito a pena a leitura, para católicos ou não, até poque não é a fé que se discute, mas tolerância, humanidade e poder.

Fernando Brito:

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  • Eu também e principalmente por suas posições que são as mesmas que pregou Cristo. Além do mais tem posição política e é contra governos corruptos e golpistas,por isso jamais virá ao Brasil com um governante como Temer

  • Gestos humanitários e capitalismo jamais coexistirao em harmonia. Os capitalistas e imperialistas não suportam lideres humanitários que tentam implantar a divisão do Sol em quinhoes iguais para todos. É o velho egoísmo e a ambição desenfreada de alguns estimulando atitudes e procedimentos neste mundo cruel que ainda temos. A história tem fartos exemplos e Jesus é o maior deles. Entre os políticos nem vou citar nomes aqui no Brasil, mas não é difícil de imaginar de quem estou falando. Até quando será permitido que estes tolinhos interfiram na condução do planeta. Só Deus sabe, mas uma hora tudo isto terá um fim. Se Deus quiser.

  • Sou agnóstico de formação católica e me pergunto como permitiram a um cristão verdadeiro ser eleito papa.

    • Este é um mistério insondável. Mas chamar o papa Francisco de Calígula, como o fez o prelado inglês, é tão estúpido quanto chamar o próprio Francisco de Assis de Nero.

  • Criado na igreja católica, hoje afastado, torço para que Francisco consiga mudar essa mentalidade retrógrada.
    É que não venha um novo Papa como o atual arcebispo de sp, capaz de apoiar uma desgraça como a farinata de dória.
    Vida longa ao Papa Francisco.

  • Repito sobre Francisco o que se disse na época sobre João 23, enfim um cristão no trono do papa.

  • Parece que a Igreja Católica ainda se mantém com os pés no período da Inquisição. Opus dei, significa alguma coisa???????? Como católico estou envergonhado, PaPa Francisco tem feito a diferença. Homem sábio, moderno, democrático, visionário.

  • Por isso que a igreja católica perde muitos fiéis, as pessoas se cansam de tanta teoria impossível de viver na prática. Esses religiosos conservadores querem ainda que a missa seja rezada em latim, o Bento 16 propós isso.
    Muitos desses conservadores estão preocupados só com as finanças na igreja católica.
    Toda essa rigidez moral que certos religiosos pregam é só para os pobres, tem rico que casa e descasa e a igreja num fala nada, ou seja, é uma imposição mais para os pobres. Por isso que muitos se cansam e vão embora. E isso acontece no protestantismo também.

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