Gurovitz: O maior erro de Mandetta

Escrevi, ontem, no blog, que discordava da ideia de que o Ministro da Saúde teria saído “vitorioso” do embate, ontem, com Jair Bolsonaro.

E explicava que, embora resistindo à determinação de colocar a tal hidroxicoriquina nos protocolos médicos de atendimento, ele cedeu no principal: a dureza do isolamento social que é a única forma comprovada de evitar uma expansão maior e mais rápida da doença e, por isso, evitar no possível o caos hospitalar.

Cede, portanto, no que é a prioridade para Bolsonaro e para empresários sem escrúpulos com a vida humana.

Hoje, no G1, o jornalista Helio Gurovitz assina um longo e detalhado artigo em que explica porque sustenta a mesma visão.

A ele, apenas acrescento a viva impressão que tenho de que espera-se apenas a explosão dos casos – mascarada até agora pela falta crônica de testes – vai acabar por afastá-lo do cargo, tendo na conta milhares de cadáveres – para a entrada triunfante dos charlatães da cura milagrosa.

Desprezo à ciência custará milhares de vidas

Helio Gurovitz, no G1

O ministro Luiz Henrique Mandetta vinha sendo saudado como oásis de racionalidade e determinação no combate ao novo coronavírus, fonte de luzes num governo contaminado pelas trevas, pelo desprezo à ciência, onde o próprio presidente, chamado de “cético-chefe” pela imprensa internacional, se tornou um risco sanitário. Pois ontem Mandetta cometeu o maior erro de em sua gestão à frente da pasta da Saúde – um erro que deverá custar a vida de milhares de brasileiros.

Como resultado de um acordo político costurado pelos militares para garantir sua permanência no cargo, Mandetta aceitou relaxar as diretrizes para o distanciamento social no país. Ao final de uma reunião tensa que sucedeu os boatos de demissão, afirmou que o governo “se reposiciona” para enfrentar o problema.

Durante a tarde, o ministério baixou normas em que estabelece três níveis de isolamento e aceita, nas cidades com mais da metade do atendimento médico disponível, o que chama de “distanciamento social seletivo”, situação em que apenas idosos e demais grupos de risco são proibidos de circular livremente. Pode ter sido uma medida eficaz para atender demandas políticas, mas a ciência estava ausente da reunião. O resultado deverá ser dramático.

Todas as tentativas de adotar estratégias do tipo no mundo deram errado. Itália e Estados Unidos desprezaram o avanço da Covid-19 quando havia poucos casos, apenas para ser engolfados por um crescimento incontrolável poucos dias depois. Depois de ensaiar um modelo similar ao proposto pelo governo brasileiro, o Reino Unido voltou atrás e a partiu para o isolamento draconiano, o “lockdown”.

A Holanda, que apostava numa postura mais permissiva de contágio para tentar tornar parte da população imune e deter a circulação do vírus, se viu obrigada a proibir eventos e fechar escolas e restaurantes até o final do mês ante a escalada nos casos. “Fiquem em casa tanto quanto possível”, afirmou o premiê Mark Rutte.

O Japão, que também resistiu a medidas mais drásticas, declarou estado de emergência para impôr o isolamento radical em seis regiões metropolitanas. Mesmo a Suécia, que ainda evita manter os cidadãos em casa, passou a adotar normas duríssimas de distanciamento, impraticáveis em países de cultura menos glacial.

O crescimento exponencial do início da curva epidêmica não perdoa atitudes lenientes. Números aparentemente baixos no início se multiplicam rapidamente e, em questão de dias, bastam para abarrotar hospitais e UTIs, como se viu em Milão e em toda a região da Lombardia, a mais atingida pela epidemia na Itália.

É natural que a resposta ao vírus tenha de levar em conta condições locais e que nem toda região de um país continental como o Brasil deva estar sujeita às mesmas regras. Mas o critério adotado pelo Ministério da Saúde é absurdo, para não dizer criminoso. Várias outras variáveis teriam de ser levadas em conta para garantir a preservação de vidas nas regiões menos atingidas.

A primeira, e mais óbvia, é a restrição a viagens. Enquanto houver circulação livre, um único infectado vindo das áreas mais críticas pode criar um foco com milhares de casos, como aconteceu em cultos religiosos na Coreia do Sul e na França. Para conter o vírus em Wuhan, o epicentro da pandemia, o governo chinês passou a monitorar todas as entradas e saídas da cidade e da província de Hubei. Em postos de estrada e estações de trem de todo o país, termômetros capazes de detectar sinais de febre à distância se tornaram ubíquos.

A Covid-19 se espalhou de uma única cidade para toda a China em apenas 30 dias. No final de janeiro, depois de muito vacilar, o governo chinês decretou enfim o “lockdown” em Wuhan e noutras 15 cidades. Depois estendeu medidas de isolamento a todas as províncias. Nem todas foram submetidas ao mesmo rigor, mas passou a haver monitoramento rígido do transporte, para frear a contaminação.

A segunda medida a adotar, e a mais importante, é ampliar e disseminar a capacidade de testes. O objetivo é isolar quem estiver contaminado e rastrear todos os seus contatos. Na China, isso foi feito em todas as cidades que não estavam sujeitas às mesmas restrições que os principais focos da pandemia (leia mais aqui).

Na Itália, foi a ampliação da capacidade de testes que garantiu o perfil menos devastador da epidemia no Vêneto do que na vizinha Lombardia. Mesmo sem atingir a sofisticação de rastramento da Coreia do Sul ou de Cingapura, os venezianos trataram de identificar a maior quantidade possível de casos, mesmo aqueles com sintomas leves, e de isolá-los, além de rastrear todos os contatos. Aplicaram, até o final de março, quase 2 mil testes para cada 100 mil habitantes, o dobro da Lombardia. A letalidade (mortes por casos confirmados) ficou abaixo de 5%, ante quase 16% na região vizinha.

O relaxamento do isolamento social, sem monitoramento dos transportes nem uma capacidade de testes robusta, não passa de uma quimera. A Covid-19 é uma doença insidiosa, que pode ser transmitida por quem aparentemente não apresenta sintoma nenhum. A infecção pode levar até duas semanas para manifestar os primeiros sintomas. Deter o vírus significa saber quem são esses pacientes assintomáticos e isolá-los até da própria família.

O Brasil já tem sido leniente na aplicação das normas de distanciamento social impostas até agora. Um levantamento com base na localização de celulares sugere que elas têm sido cumpridas por pouco mais de 50% da população. O Reino Unido, que mal começa a deter o vírus, reduziu por volta de 73% dos contatos, de acordo com um estudo recente. Nas regiões da China que obtiveram êxito para barrar a disseminação, tal redução foi superior a 85%.

O desafio por aqui, portanto, ainda é enorme. Em especial, em favelas ou regiões de maior adensamento dos grandes centros urbanos – para cuja população precisará haver garantia de sustento durante um período que se anuncia longo.

Ao ignorar a conclusão dos principais estudos científicos e as práticas que deram resultado nos países mais atingidos, tudo o que o governo brasileiro conseguirá é ampliar a disseminação do vírus, a pressão sobre os sistemas de saúde estaduais e o número de mortos. Quando – e se – for reparar o erro, talvez já seja tarde demais.

 

Fernando Brito:

View Comments (36)

  • Mandetta não cedeu ao Genocida, apenas se alinhou com os militares delinquentes no poder, seguindo a Junta Militar no comando. Se estes generais que amparam o Genocida para o isolamento vertical, é muito estranho que não ponham nas ruas, nem que seja para limpar e desinfetar vias e prédios, o seu exército de 300 mil homens (todos, exceto generais vagabundos e e outros altos oficiais idosos, fora da população de risco). Pelo contrário, estão todos aquartelados, em quarentena nos quartéis, provavelmente se preparando para atirar no povo quando este partir para o desespero da sobrevivência. Bando de filhos da puta.

    • CONCORDO E REFORÇO,CANALHAS ENTREGUISTAS, BANDO DE FILHAS DA PUTA !!!!

    • O Brasil só vai para frente quando dermos uma surra no Mourão, no Heleno, no Braga Neto, e no resto desses come e dorme.

  • Em vez de incensar esse "Mandetta" como uma "fonte racionalidade" no meio do deserto da ignorância e obscurantismo, que caracteriza o bozonarismo, é bom investigar o que ele fez como deputado federal, se foi contra ou a favor do golpe, se votou pelo congelamento dos gastos Sociais e com a Saúde (PEC 241/55, hoje EC-95), se foi contra ou a favor da degola da CLT e Previdência Social, etc. Quem financiou as campanhas de Mandetta? Que grupos e interesses ele representa? Como foi a atuação dele como secretário de saúde, no MS?

    Outra coisa: é mais falsa do que uma cédula de R$3,00 essa disputa entre Bozo, generais, Mandetta et caterva; trata-se de "telecatch", manipulação e guerra híbrida espectro total.

    Por fim um pedido ao editor: as substâncias que estão sendo pesquisadas para tratar patologia causada pelo coronavírus são cloroquina e hidroxocloroquina (cuja variante escrita é hidroxicloroquina). É importante escrever corretamente o nome das substâncias, pois isso confere mais credibilidade aos artigos publicados.

    • Ele é do DEM, partido literalmente inimigo do povo e ligado ao que há de mais reacionário no país, como o latifúndio. Isto já responde tudo

      • O fato de pertencer ao vetusto DEM foi importante para que o Mandetta ousasse tentar um voo solo na reviravolta causada pelo coronavirus. Mas permanece nele todo o reacionarismo e todo o oportunismo político que sempre caracterizaram aquele partido em suas diversas denominações. Mandetta se manteve uma marionete fiel ao Olavo, como todas as outras, mas vislumbrou uma chance de ascensão política e não a desperdiçou. Enquanto foi marionete fiel, arrancou 19 bilhões do SUS para deixá-lo manco, e ajudou a expulsar os médicos cubanos porque se importava mais com a fidelidade ideológica ao Olavo do que com a saúde da população brasileira. Mas agora resolveu crescer politicamente e afastou os cordões de marionete, sendo imediatamente apontado pelo Olavo como um herege com "desvio ideológico". Um renomado finório da velha política nacional do DEM levanta-se contra o novo e poderoso bloco fascista e neocolonialista do Olavo, evidentemente para faturar uma montanha de prestígio político.

      • O fato de pertencer ao vetusto DEM foi importante para que o Mandetta ousasse tentar um voo solo na reviravolta causada pelo coronavirus. Mas permanece nele todo o reacionarismo e todo o oportunismo político que sempre caracterizaram aquele partido em suas diversas denominações. Mandetta se manteve uma marionete fiel ao Olavo, como todas as outras, mas vislumbrou uma chance de ascensão política e não a desperdiçou. Enquanto foi marionete fiel, arrancou 19 bilhões do SUS para deixá-lo manco, e ajudou a expulsar os médicos cubanos porque se importava mais com a fidelidade ideológica ao Olavo do que com a saúde da população brasileira. Mas agora resolveu crescer politicamente e afastou os cordões de marionete, sendo imediatamente apontado pelo Olavo como um herege com "desvio ideológico". Um renomado finório da velha política nacional do DEM levanta-se contra o novo e poderoso bloco fascista e neocolonialista do Olavo, evidentemente para faturar uma montanha de prestígio político.

      • O fato de pertencer ao vetusto DEM foi importante para que o Mandetta ousasse tentar um voo solo na reviravolta causada pelo coronavirus. Mas permanece nele todo o reacionarismo e todo o oportunismo político que sempre caracterizaram aquele partido em suas diversas denominações. Mandetta se manteve uma marionete fiel ao Olavo, como todas as outras, mas vislumbrou uma chance de ascensão política e não a desperdiçou. Enquanto foi marionete fiel, arrancou 19 bilhões do SUS para deixá-lo manco, e ajudou a expulsar os médicos cubanos porque se importava mais com a fidelidade ideológica ao Olavo do que com a saúde da população brasileira. Mas agora resolveu crescer politicamente e afastou os cordões de marionete, sendo imediatamente apontado pelo Olavo como um herege com "desvio ideológico". Um renomado finório da velha política nacional do DEM levanta-se contra o novo e poderoso bloco fascista e neocolonialista do Olavo, evidentemente para faturar uma montanha de prestígio político.

      • O fato de pertencer ao vetusto DEM foi importante para que o Mandetta ousasse tentar um voo solo na reviravolta causada pelo coronavirus. Mas permanece nele todo o reacionarismo e todo o oportunismo político que sempre caracterizaram aquele partido em suas diversas denominações. Mandetta se manteve uma marionete fiel ao Olavo, como todas as outras, mas vislumbrou uma chance de ascensão política e não a desperdiçou. Enquanto foi marionete fiel, arrancou 19 bilhões do SUS para deixá-lo manco, e ajudou a expulsar os médicos cubanos porque se importava mais com a fidelidade ideológica ao Olavo do que com a saúde da população brasileira. Mas agora resolveu crescer politicamente e afastou os cordões de marionete, sendo imediatamente apontado pelo Olavo como um herege com "desvio ideológico". Um renomado finório da velha política nacional do DEM levanta-se contra o novo e poderoso bloco fascista e neocolonialista do Olavo, evidentemente para faturar uma montanha de prestígio político.

    • Ele é do DEM, partido literalmente inimigo do povo e ligado ao que há de mais reacionário no país, como o latifúndio. Isto já responde tudo

    • Tem um post no blog do Nassif em que um comentarista, sr. Nilo Filho, mencionou 7 publicações expondo quem é Mandetta. Ele começa dizendo que "Mandetta, raposa política, oportunista, tenta surfar na onda anti bolsonarista" e o sr. Nilo escreveu toda a matéria publicada na revista Veja de 02.10.2019 que tem por título: LUIZ HENRIQUE MANDETTA: A FAMÍLIA EM PRIMEIRO LUGAR. Nessa matéria a Veja expõe todo o enrosco de Mandetta com o grupo Unimed. https://jornalggn.com.br/noticia/mandetta-e-as-circunstancias-como-se-comportou-no-impeachment/.

    • Concordo,existe uma onda de "canonização" desseVAGABUNDO chamado Mandetta,ele demorou a iniciar a preparação,culpou a China por dar números incorretos (a culpa sempre é dos outros).Mas,seu histórico de lobista a favor das operadoras de planos de saúde,foi contra a manutenção dos médicos cubanos ,foi a favor do retorno dos hospitais psquiátricos ,históricos centros de tortura,etc,etc.
      Sempre parto do seguinte princípio ( e ele não tem me falhado),COLABORADOR DE GOVERNO DE DELINQUENTES,DELINQUENTE É.

  • O povo brasileiro demonstrou nos últimos cinco anos não ser merecedor de coisas boas. As mortes que porventura o corona vírus provoque, nada mais será que uma limpeza neste rebanho de imbecis habitantes deste pedaço de terra. Os idosos brasileiros, grupo ao qual pertenço, são possuidores de uma estupidez profunda, de uma hipocrisia sem parâmetros possíveis pra determinar o nível, portanto, grande falta não farão quando partirem dessa vida. Olhem a forma como se trata um idoso neste país, sem respeito, sem consideração alguma. Isto é reflexo dos ensinamentos que, nós idosos, transmitimos as gerações atuais, é a paga pela desumanização continuada após um regime de ditadura militar, celebrado pela imensa maioria dos idosos como algo positivo.

    • O que mais me entristece é que um trabalhador, pai de família vai se contaminar, no transporte coletivo, da casa ao trabalho, do trabalho a casa, e vai precisar de uma UTI com respirador, e não vai conseguir vaga porque UTI vai estar um bolsoloide ridículo, recebendo tratamento médico para se curar e voltar para as ruas participar das manifestações de apoio ao monstro fascista que ele ajudou a virar presidente da república.

  • O que mais me impressiona é o descaso com as vidas humanas.
    Tudo pelo meu cargo. Mandetta está sendo criminoso. Ele sabe direitinho o que vai acontecer com a flexibilização das medidas de isolamento

  • Se houver a "explosão de mortos" que tantos estão vaticinando, não vejo como Bolsonaro colocar a culpa em Mandetta, porque será mais fácil culpar a interferência do presidente. Ele pode até demitir o ministro mas, na minha opinião, uma catástrofe será fatal é para Bolsonaro. Em compensação se o número de vítimas não for chocante, Bolsonaro vai dizer que a economia foi sabotada pela oposição.

    • Só se no Brasil o povo for diferente do resto do planeta não acontecerá uma catástrofe se for liberada a quarentena agora No quesito burrice nosso povo se destaca em relação ao resto do mundo. Já no quesito imunidade ao coronavírus, veremos.

  • Enquanto Mandetta alerta sobre o pico da doença entre abril e maio no Brasil, Lorenzoni anuncia a abertura do comércio logo depois da Páscoa. Parece que o Tico e o Teco estão em curto circuito, e se isso se realizar, Mandetta será o co-responsável, sim, pela provável disseminação do Covid-19 no país.

    • Mandetta estava indo bem, pelo conhecimento técnico e boa oratória. Mas devemos nos lembrar de seu perfil neoliberal. Votou a favor do teto de gastos e já defendeu privatizar serviços do SUS. Imagina isso hoje, diante dessa pandemia.

      • Já era previsível que da tal reunião tensa, entre Bozo e Mandetta, saiu um acordo “por cima” costurado pelos militares em que, para não cair de podre e comprar uma briga direta com Maia, Bolsonaro aceitasse manter seu ministro “estrela”.

        E Mandetta, por sua vez, reduzisse a restrição do isolamento em regiões, diante de condições específicas.
        Estas que, como bem apontou o colunista dessa matéria, são ridiculamente ineficazes.

        Ou seja, a saúde pública que se dane. O que importa é se manter no cargo, se cacifando politicamente para futuras eleições. E, por sua vez, Bozo mantém sua sobrevida ao mitigar uma parte de seu próprio isolamento.

  • A conta vai chegar: com milhões de infectados e milhões de cadáveres. Quem vai pagar a conta? Ou vai deixar pendurada?

  • Eu já cansei disso.
    Precisei entrar na fila do banco do Brasil hoje (por nada, diga-se).
    10 entre 9 estão com o Bolsonaro e contra o "engomadinho do Dória". O Brasil não pode parar. Detalhe, moro numa região onde o Bolsonaro abocanhou em torno de 80% dos eleitores, Vale do Paraíba, região onde temos ITA, Embraer, Unesp e UNIFESP. Na minha cidade, Caçapava, do 6 Bil, batalhão que conquistou Monte Castelo e onde a estupidez militar predomina, foram 82% dos votos. Exatamente por isso eu digo, saiam de suas bolhas, o Bolsonaro venceu a racionalidade e a ciência. O brasileiro é um povo estúpido por natureza. Se Caçapava com 90 mil habitantes tiver meia dúzia de respiradores é muito. Vamos nos afogar no seco como diz um paciente de Covid-19 e 10 entre 10 asmáticos como eu. Já estou de saco cheio da humanidade e de tudo. Espero ir dessa vez. Já perdi a paciência com a vida.
    Essa foi minha última leitura e meu último post. Boa sorte aos ingênuos que ainda creem. ( Não é suicídio, é apenas perda de toda e qualquer esperança nessa humanidade podre (eu entre eles)).

    • Pois é, Ibsen, moro na área rural do sertão norte baiano. O município é fim de linha, aproximadamente 70 mil habitantes. Foi decretado o isolamento. Claro, alguns protestaram, mas a imensa maioria ficou em casa. Onde moro, vivem pessoas simples, pobres mas sem serem miseráveis. Muitos analfabetos e quase todos analfabetos funcionais. Costumo dizer que consciência (política?) nada tem a ver com escolaridade formal. Por aqui, raros foram os votos para Bolsonaro. No município, 25%. Não perca a esperança, ouça o Galeano. Um abraço. Ah, antes que esqueça: domingo o vírus chegou na sede, em um bebê cuja mãe veio de Salvador

    • Caro Ibsen,

      Compartilho de teus sentimentos. Aqui no RS a cidade de Nova Pádua (Serra Gaúcha) deu perto de 95% de votos ao psicopata (o maior índice do Brasil). E o RS no geral deu vitória a essa besta. Amigos, parentes e conhecidos declararam voto no 17 com orgulho. Gente que, sem exceção, foi beneficiada direta ou indiretamente pelos governos de esquerda. Em vão foram minhas tentativas de abrir os olhos dessa gente. E copio tuas palavras: " O brasileiro é um povo estúpido por natureza", apenas acrescento que além da estupidez o brasileiro exibe orgulho doentio de ser estúpido e se compraz na maldade.
      Desisti, também.
      Vejo que perdeste o medo. Quem perde o medo está pronto para a Revolução. Este é um ensinamento que trouxe de Cuba onde a Revolução acontece todos os dias.
      Lamento que sejamos poucos os que perderam o medo frente a esse oceano de estupidez.
      Saudações.

      • Não é como pensas. Somos no mínimo um terço no país. Estou há 2 anos no mínimo para começar a montar o grupo dos 11, começando com aqueles que estavam na Praça da Matriz em 1961. Está difícil mas não desisto. Alguns amigos foram presos e torturados, um deles - hoje psiquiatra - pelo próprio Fleury. O difícil é que antes ainda podíamos esconder nossas conversas, enquanto hoje a Internet é nossa maior inimiga por escancarar as tratativas. Mas podes tentar aí, Suzana, muito confidencialmente. É começar com 11; depois cada um do grupo forma mais 11, e assim indefinidamente. Na quinta etapa serão 161.051 indivíduos, e isto pode se fazer em um mês. Você também, Ibsen. Se saírem do zero me comuniquem aqui, num dia e num comentário de um artigo qualquer do Brito: eu leio todos. Meu nome está aí. Abraços. Com 78 anos ainda não perdi o tesão e não tenho muito mais a perder.

    • O brasileiro é o povo mais subdesenvolvido do planeta? Com certeza que SIM. E eu me incluo nessa, afinal, sou BRHUE.
      E pode anotar aí, o Bozo vai sair por cima dessa crise e irá se reeleger no primeiro turno.

  • Mas Brito, o discurso foi contrário a essa mesma diretriz no pronunciamento ao final. Ele esculhambou Bolsonaro.

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