Houve um tempo da delicadeza. E haverá, outra vez

pena

Ia publicar a bela crônica da Marceu Vieira sobre Villas Boas Correia, mito para todos os que nos desventuramos no jornalismo político, com suas construções frasais floreadas mas, por isso mesmo, capaz de conduzir o leitor com a gentileza de um dançarino.

Como ia publicar, também , as memórias de Marcelo Auler sobre D. Paulo Evaristo Arns, o pastor suave e amigo da humanidade, sobretudo quando ele vai resgatar um religioso do abandono da Aids – no tempo em que o melhor que se tinha para tratar a doença era só uma cama limpa e carinho no final – e aos que o irão visitar exige apenas uma coisa: “vocês vão visitar o padre e ninguém vai perguntar como é que ele adoeceu. Não é para perguntar como adoeceu”.

Mas eles já fizeram a parte deles, escrevendo – e muito bem – do que viveram e sentiram com estes dois personagens.

O que poderia mais dizer?

Há algo, porém: que os dois tinham em grande escala, para além do jornalista e do pastor.

Eram homens que se destacaram num tempo de brutalidade – a ditadura militar – por sua extrema delicadeza, que em nada enfraquecia o que faziam, ao contrário.

Este bruto final de 2016, malvado, foi  minguando e sumindo com os últimos homens do século 20,  foi sumindo e minguando a democracia que reconquistamos, na qual Villas, no seu ofício e D. Paulo, em escala maior, no seu sacerdócio, ajudaram a trazer de volta.

Uma obra da qual o último grande remanescente, Lula, é hoje o objeto da mais incessante perseguição de homens jovens e bem sucedidos com o prestígio que ele deu ao Judiciário, mas que são de uma geração que regrediu em tudo à minha: na humanidade, na simplicidade, na delicadeza.

Nossos ícones que se vão e os que restam – mas  se quer matar antes que o tempo o faça – têm esse traço, que é uma ameaça.

Ameaça porque conduziu-se a sociedade de novo à selva, à ferocidade, às caçadas, aos  “escrachos”, às execuções morais, às fogueiras.

E a delicadeza tornou-se a negação deste tempo, em que se foi a democracia.

Mas, quem sabe, logo, a gente possa para a democracia  cantar os versos do Chico, outro  que odeiam por ser desta cepa: Depois de te perder / Te encontro, com certeza / Talvez num tempo da delicadeza.

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7 respostas

  1. VIRGINIA, a que pensa com os gluteos. Seu ódio só faz mal a você. Adjetivos, como o que você usa paravse referir à outrem, só revela o tipo de caráter que tens.
    Nós somos vacinados contra pessoas que vociferam e destilam seu ódio e seu veneno aqui. Não encontrarás guarida entre nós, com toda a certeza. Suas atitudes revelam o quanto sois infeliz. Mas nós não temos culpa, você é que deve achar o caminho para superar suas frustrações.

    1. É uma doente, da alma, da mente, de tudo, uma pessoa sem grandeza alguma, pequena como um verme. A obsessão que ela tem em vomitar suas imbecilidades aqui no Tijolaço, denotam inclusive uma psicopatia. Deixemos ela entregue ao inferno em que você, quando vejo seu nome pulo o texto e ainda balbucio um vade retro.

  2. O natal está chegando, e a maioria de nós, nem sabe ou se lembra o que esta data significa. Outros até sabem, mas nos tempos atuais, preferem ignorar. Para os cristãos, no natal comemora-se o nascimento de Cristo, que veio ao mundo para nos salvar. Essa é a época de congraçamento, confraternização e de alegria, mas o que temos visto, é que em muitos lugares o “aniversariante” não é nem convidado, sendo que os convidados seriamos nós. Nestes dois últimos anos em nosso país, vimos o ódio suplantar o amor e a amizade. Quantas amizades desfeitas, inclusive entre familiares, por causa deste clima negativo que se instalou no Brasil. Podemos constatar através de comentários agressivos e de baixo nível postados nos blogs. Não sou padre nem pastor e nem frequentador assíduo de igrejas ou templos, mas creio em Deus.
    Torço para que neste natal, as pessoas possam parar um instante e refletir. Para que possamos ter mais respeito uns com os outros e assim construir um país melhor. Feliz natal a todos.

  3. E quem sabe,DELICADEZA FURIOSA ? Ou FURIOSA DELICADEZA? Ou outra qualquer,mas precisamos,como hoje li em JOSÉ DIRCEU,temos que ir pras ruas.Com FÚRIA!

  4. Se alguém me contasse que um dia haveria no Brasil muita gente (gente ?) que odeia Chico Buarque de Holanda, eu diria que só se o Brasil enlouquecesse. Pois foi o que aconteceu e temo que no caminho da cura nem tudo ocorra com delicadeza.

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