A imundície de Joesley só tem uma diferença: foi gravada

É patética a declaração do precocemente ex-Procurador Geral da Justiça, Rodrigo Janot. Digo “ex” porque é evidente que ele não tem condições de tomar nenhuma decisão lúcida e equilibrada de agora em diante.

Janot disse hoje:

“Na verdade, o que eu tenho é medo. E o medo nos faz alerta. E medo do quê? Medo de errar muito e decepcionar minha instituição. E todas as questões que eu enfrentei, eu enfrentei muito mais por medo, medo de errar, medo de me omitir, medo de decepcionar minha instituição do que por coragem de enfrentar esses enormes desafios”.

Há razões de sobra para ele deixar o tom soberbo e agressivo que usou desde que brandiu o “modesto” cartaz de “A esperança do Brasil

O grau de banditismo rastaquera dos diálogos de Joesley Batista não deixa a menor dúvida de de que o “negócio” com a PGR  foi feito sem o menor cuidado .

Conversas semelhantes, certamente, foram mantidas nas cúpulas das empreiteiras que discutiam as delações de seus dirigentes presos ou acusados, com negócios e arranjos para que todos delatassem “combinadinhos”, com versões capazes de agradar ao Ministério Público.

Ou alguém acha que nas conversas da cúpula da Odebracht, da OAS e de outras tenha sido menos na base do “vamos destruir Fulano” ou “Beltrano está na mão”. Afinal, em multas de bilhões, sempre sobre um trocado para os lubrificantes.

Dentro da polícia, do MP e do Judiciário e das cúpulas empresariais, tudo é conduzido com ambições e conveniência. Tanto quanto a Temer, não poderia ter escapado a Janot que lidava com bandidos.

Mas a saga insana segue. Horas depois da admissão do erro, os áudios que saíram da PGR diretamente para o ministro Luiz Edson Fachin vazaram que nem cano em rua da periferia.

Na maior parte, puro lixo, sem qualquer interesse público, simples conversas de bebuns grosseiros sobre “surubas” e “quem comeu quem”.

É ridículo o que ouço agora “vai decidir” sobre o sigilo dos áudios que, a esta altura, estão reproduzidos numa imensidade de sites de notícia ou de simples sensacionalismo, porque a isto se prestam plenamente.

Janot, o ex-valentão, agora gagueja e se omite de fazer o que deveria fazer: propor a anulação dos benefícios a Joesley Batista e a preservação das provas factuais que lhe chegaram, o que é já algo bem difícil.

Ninguém é intimado a depor diante de evidências, ao contrário do que se fez, por exemplo, com Lula, conduzido coercitivamente numa operação espetacular a partir de simples suspeitas – ou convicções, como preferirem.

O medo de Janot não foi coragem alguma. Deu-se a flechada no peito antes que a dessem outros.

Fernando Brito:

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  • "Afinal, em multas de bilhões, sempre sobre um trocado para os lubrificantes."
    pela conversa publicada no PHA, rolou, também, um bom troco para as lubrificadas.

  • Esses picaretas dos palácios (justiça e assemelhados, executivos e legislativos) são valentes quando se trado povo, do povão do PT, do LULA, do Genoino...

  • Tiraram uma pessoa honesta e idealista para colocar bandidos da pior espécie. Todo mundo junto com o stf e tudo, como disse o Jucá. Acho que a nação acabou.

  • O Objetivo do Janot e toda esta corja do Dr. Moro, MPF, PF e Judiciário foi apenas destruir a democracia , cassar os 54 milhões de votos na Dilma em 2014. . E destruir o Lula. Aconteceu apenas isto até agora. O golpe de Estado ainda está em andamento !

  • No popular, ele fez um "cagaço". E todos sabemos a "quem" isso beneficia.

  • Estes aí da toga só não tem medo de incriminar o Lula, por ele não estar atrelado a correntes poderosissimas do capitalismo selvagem e perverso. A justiça tem sido no geral capacho do poderio econômico. A ele se curva e produz todas as suas sentenças sem ter em conta o que é e o que não é realmente justo. Quanto mais poderosos mais agraciados são. Está história de dizer que a Lei é para todos é conversa pra boi nanar. Nana boizinho, nana.

  • Excelente post, FB.

    Sempre que comentei, e desde o início, achava que os alvos e o timing eram visivelmente estudados.

    E que muitas das delações eram para soar agradável ao ouvido dos "operadores da Justiça" e da mídia amiga, caso contrário não iriam prosperar até a premiação.

    Tudo isso não obedecia que a interesses políticos dos justiceiros e de seus patrões.

    De repente voltar-se contra e armar pra cima do Temer, gravando-o em casa, não foi, creio, uma decisão só do PGR. Há alguém maior por trás e tudo leva a acreditar que foi quem divulgou em cadeia nacional o áudio.

  • Então Olavo Bilac estava CORRETO quando disse: Criança! não verás país como ESTE!

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