Muita gente ainda não se deu conta do significado de ter sido registrada a maior inflação, num mês de março, desde antes do Plano Real, em 1994.
Mas o que virá na inflação de abril será tão ruim quanto o de março, ainda que ligeiramente aliviado pelo fim da bandeira “supervermelha” da tarifa de energia elétrica.
É que o reajuste dos combustíveis continuará pesando, porque só contou a partir do dia 11 do mês passados; idem o gás de botijão, as passagens aéreas (que estão sendo medidas pelas compra de janeiro, e, agora, o reajuste recorde no plano de saúde e os 11% nos medicamentos, para não entrar no grupo de alimentação, que continuou subindo na primeira semana de abril, numa série sem trégua de elevações desde os primeiros dias de março.
José Paulo Kupfer, em sua coluna no UOL, chama a atenção para a disseminação dos aumentos de preço: “dos 377 itens que compõem a cesta do IPCA, 287 registraram aumentos de preços, em março, [um] recorde de 76,1%, numa dispersão que, historicamente, gira em torno de 65%. Não parece se tratar, porém, de uma situação temporária ou sazonal.”
O fato é que, desde 2003, ainda por conta dos altos índices deixados no finalzinho do governo FHC, não tínhamos uma inflação acumulada em 12 meses tão alta que os 11,3% que temos hoje e, ainda assim, menor que os 12% ou mais que teremos em abril.