Isso pode dar certo?

Os 2.153 bilionários existentes no mundo têm mais riqueza do que os 4,6 bilhões de pessoas, que representam 60% da população do planeta.

Se alguém ganhasse 10 mil dólares por dia, todo dia, desde que e se construíram as pirâmides do Egito, ainda assim você só teria um quinto da riqueza média dos 5 maiores bilionários do mundo.

O “um por cento” mais rico da humanidade tem mais que o dobro da riqueza de outros 6,9 bilhões de habitantes do planeta.

As três comparações gritantes fazem parte do relatório da Oxfam para o qual Jamil Chade chama a atenção hoje, no Uol, na abertura do Fórum Econômico de Davos.

O trabalho, cuja a versão em espanhol está aqui, é um libelo contra as políticas econômicas que têm levado a este grau estúpido de concentração de renda.

E não poupa nosso governo e seu “chefe” do Norte:

Apesar das numerosas preocupações sobre a diferença entre ricos e pobres e seus consequências devastadoras, a maioria dos líderes mundiais continua agendas políticas que preenchem essa lacuna. O autoritarismo de líderes como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ilustra essa tendência: eles propõem políticas como cortes de impostos para bilionários ou dificultar medidas para combater emergências climáticas, ou alimentam o racismo, o sexismo e o ódio às minorias. Ante tipo de líder, pessoas de todo o mundo se reuniram para dizer “basta”. Do Chile à Alemanha, testemunhamos manifestações em massa contra da desigualdade e da emergência climática. Milhões de pessoas estão tomando o ruas e arriscando suas vidas para reivindicar o fim da extrema desigualdade e caminharmos em direção a um mundo mais justo e verde.

Antes que o nosso presidente se anime a dizer que “isso é comunismo”, é bom lembrar que a Oxfam foi fundada por um grupo de quakers ingleses. Evangélicos, portanto.

Fernando Brito:

View Comments (11)

  • A tendência favorável à distribuição de renda nos países desenvolvidos é uma realidade que já conta alguns anos. Piketty e Lula foram os grandes inspiradores desta recente mudança de paradigma no pensamento econômico mundial. Por isso, antes que os ares do século XXI cheguem a este canto do mundo, Guedes e outros salafrários assaltantes de lares pobres aceleram a pilhagem do Brasil, sob os argumentos de uma ideologia já morta no Velho Mundo, mas ainda não sepultada neste país retardatário.
    Rápido como quem rouba...

  • A desigualdade abissal não poderia dar certo mas... está dando e aumenta!

  • Nessas horas que fico pensando nos iludidos que acreditam que "os ricos geram emprego". Dá pra ver o tanto de emprego que estão gerando, mas só advogados e contadores pra cuidar de todas as contas em paraísos fiscais.

    • Paraísos fiscais que podem cobrar impostos simbólicos, pois são menores que Copacabana.

  • Essa desigualdade seria injusta mesmo se os mais pobres tivessem todos casa e comida. Mas não. Há bilhões de seres humanos sem casa, sem comida. Milhões morrem de sede (DE SEDE!) todos os anos. Então, essa desigualdade não é só injusta, é canalha.

  • Não existe economia neoliberal. Existe economia imperial, e contra ela há tentativas de afirmação de economias nacionais independentes. Estas tentativas por vezes têm sucessos importantes, e por vezes retrocessos diante das investidas imperiais de retomada de espaços. A única porta de saída que permanece aberta à política que traz as economias independentes, é a porta das eleições que sustentam um frágil simulacro de democracia nos países escravizados pela economia imperial. Vamos a elas com todas as nossas forças, e quando tentarem fraudá-las, vamos às ruas.

    • O tal neoliberalismo é só um eufemismo pra neopatrimonialismo.

      • A prova de que a economia imperial existe e está agora mais imperial do que nunca, como se estivesse a entrar em uma fase de estertores que aguça sua ferocidade e a faz mostrar dentes e garras por todo o planeta, são os bloqueios comerciais e a farta aplicação de sanções econômicas, a torto e a direito, em quem o Império bem entenda que deve punir ou submeter. Bloqueios e sanções são medidas visivelmente extra-econômicas, de política imperial. O problema, para os imperiais, é que já não podem disfarçar tais medidas de instrumentos de "defesa da liberdade e da democracia", e quando tentam fazer isso, ficam ridículos. Mudam os tempos e os impérios agonizam, porque estão aferrados a um passado que procuram por todos os meios eternizar, mas que foi sepultado pelo avanço civilizatório.

  • "Os 2.153 bilionários existentes no mundo têm mais riqueza do que os 4,6 bilhões de pessoas", agora imagine se em vez dos dois mil e pouco você pegasse os dez mil mais ricos do mundo, os caras devem ter 99% da riqueza do mundo.

  • Isso pode dar certo? Claro que sim. Aliás, já deu. Agora é só administrar o resultado.

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