Agora a coisa está ficando boa. Jânio de Freitas rebate cartinha que Joaquim Barbosa enviou à Folha acusando o jornalista de fazer uma acusação imprópria e mentirosa ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Freitas responde incisivamente e volta a acusar Barbosa, muito apropriadamente, na minha opinião, de não ter reagido com nenhuma estranheza ao receber, daquela promotora “mucho loca”, o pedido para quebrar o sigilo de 15 dias de ligações da cúpula inteira do poder público federal: Planalto, ministérios, Congresso, STF, Ministério Público.
Barbosa tenta sair pela tangente alegando que entregou o pedido ao Procurador-Geral para análise. Balela! Freitas lembra que presidente do STF não é um “estafeta” cujo dever se restringiria a pegar um papel e entregar a outro. A ele, Barbosa, caberia rejeitar sumariamente o pedido da procuradora como impróprio. Não o fez. Foi conivente. Barbosa apenas tenta jogar a responsabilidade de dar continuidade ou não ao pedido da procuradora à Rodrigo Janot, para que ele, Barbosa, possa manter a fama de “batman”, de “vingador”, da coxinhada brasileira. Se Janot declarar impróprio o pedido, e daí Dirceu passar ao regime semi-aberto, Barbosa poderá alegar que isso não foi culpa dele.
Observe a ironia de Freitas, num determinado trecho de seu artigo, ao reproduzir a carta de Barbosa:
“Esclarecemos ainda que o Supremo Tribunal Federal atua dentro dos parâmetros da Constituição Brasileira [sic] na AP 470 e em todas as [sic] milhares de Ações que julga.”
Aquele “sic” ali é irônico, não é? Bem, se for, está muito bem colocado!
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Passos fora do Painel
Por Janio de Freitas, na Folha.
O Painel do Leitor, localização nobre que a Folha destina às contestações, críticas e outras considerações sobre o que publicou, não foi visto pelo secretário de comunicação do Supremo Tribunal Federal, Wellington Geraldo Silva, como apropriado a uma nota sua para desejada defesa do ministro Joaquim Barbosa. Em exaltada cobrança telefônica há uma semana, no domingo passado, indagou “que espaço temos para responder?”. Por mim, todo o de que eu possa dispor, sem com isto diminuir meu apreço pelo sentido democrático do Painel do Leitor.
A nota é a propósito do artigo “Nos passos de Obama”, do domingo, 13.abr.14, sobre o uso ardiloso de coordenadas geográficas pela promotora Márcia Milhomens Sirotheau Corrêa para pedir quebra de sigilos telefônicos que, a pretexto de verificar alegado telefonema de José Dirceu na Papuda, violaria também as comunicações de todos os celulares do Planalto. Soube-se, no decorrer da semana, que também os sigilos de celulares do Senado, da Câmara e do próprio Supremo Tribunal Federal cairiam, na violação pretendida.
Passados cinco dias do artigo, na sexta, 18, diz a nota: “Na coluna de 13.4.2014, que trata de pedido formulado ao Supremo Tribunal Federal pelo Ministério Público do DF à Vara de Execuções Penais de Brasília, o ministro Joaquim Barbosa é acusado de participação em um ato criminoso, qual seja a quebra ilegal de sigilo telefônico. Sem que o ministro tenha sido ouvido, são feitas afirmações sobre a conduta dele, tais como: É interessante que o juiz da Vara de Execuções Penais e o ministro Joaquim Barbosa não dessem sinal algum de estranheza…’ (…) A alternativa a essa indiferença seria o conhecimento prévio, por ambos, da artimanha…’. São acusações graves, desprovidas, porém, de amparo na realidade dos fatos”.
Segue: “Uma simples consulta ao andamento do processo –que é público, diga-se– permitiria ao senhor e a qualquer pessoa interessada verificar todos os procedimentos adotados pelo presidente do STF. Nessa consulta, seria possível concluir que a primeira providência adotada foi o envio do pedido para manifestação da Procuradoria-Geral da República. Só após esse parecer é que o ministro estará habilitado a analisar todos os aspectos envolvidos no pedido, e então tomar uma decisão. Isso é o que manda a lei. Todos esses procedimentos também teriam sido informados caso o presidente do STF tivesse a oportunidade de ser ouvido antes da publicação da sua coluna. O fato é que ainda não houve nenhuma manifestação do ministro Joaquim Barbosa sobre o pedido formulado pelo Ministério Público do Distrito Federal”.
Por fim: “Esclarecemos ainda que o Supremo Tribunal Federal atua dentro dos parâmetros da Constituição Brasileira [sic] na AP 470 e em todas as [sic] milhares de Ações que julga. Portanto, refutamos qualquer insinuação sobre a legalidade dos procedimentos adotados pelo tribunal”.
Transcrevo o parágrafo de onde a nota pinçou dois pedaços de frases, e deu-lhes reticências sugestivas, mas inexistentes no artigo:
“É também interessante que o juiz da Vara de Execuções Penais e o ministro Joaquim Barbosa não dessem sinal algum de estranheza –sem falarmos nas providências legais necessárias– ao deparar-se com coordenadas geográficas de latitude e longitude para pedir quebra de sigilo telefônico de números, endereços e portadores de celulares não citados. A alternativa a essa indiferença seria o conhecimento prévio, por ambos, da artimanha e do alcance da alegada identificação de telefonema no presídio da Papuda.”
O juiz e o ministro deram algum “sinal de estranheza” ante o ofício com anormal uso de coordenadas, em vez de números telefônicos e nomes, sem qualquer explicação para isso? Não. Logo, a frase não contém acusação, referindo-se a um fato real e não negado. Fato que a mim, e a outros de semelhante reação, nada proíbe de achar interessante.
A outra “acusação grave”. O artigo diz que a alternativa SERIA, condicional, não diz que foi, nem o insinua. Para quem a lê sem presunção, o que a frase diz é que o juiz e o ministro só não estariam faltando com a atenção merecida pelo ato anormal do ofício, e razão bastante de estranheza, em caso de terem conhecimento prévio da artimanha. Não os acusa de o terem.
O acusado passo a ser eu. A nota me acusa, em referência a Joaquim Barbosa, de o haver “acusado de participação em um ato criminoso”. A nota faz uma afirmação inverdadeira. E reiterada.
Quanto à afirmação de que ao ministro cabe receber e mandar ofício ao procurador-geral da República, para só depois opinar, é esquecer duas obviedades. Primeira: o ministro tem a autoridade e o dever de examinar cada ofício recebido e lhe dar o encaminhamento adequado, sendo um deles a rejeição por impropriedade. Segunda: o oposto disso é reduzir ministro do Supremo a tarefas de estafeta, entregador de papéis de um lado para outro, como sugere a nota.
Aproveito a ocasião para um acréscimo nesse caso das coordenadas. O pedido de quebra dos sigilos foi encaminhado ao presidente do Supremo em 28 de março, quando o juiz que o encaminhou já se dissera impedido de atuar no processo, por “motivos de foro íntimo”, e sua transferência já estava determinada pelo Tribunal de Justiça.
16 respostas
O homem ta louco com a falta de holofotes da midia…
com a lei pela lei e dentro da lei porque fora da lei não há salvação. “Rui Barbosa”
Não era. Depois do joaquim, passou a ser estafeta.
Não só estafeta, mas o cargos de presidente do STF se tornou carrasco do presidio da Papuda. E o STF em Vara de Execuções penais – VEP – para fiscalizar cumprimento de pena no presidio da Papuda pelos petistas.Decadência Total. Parece que esse abismo não tem fundo com joaquim, que concorre com gilmar na destruição da imagem do judiciário.
Senti cheiro de churrasco de ministro…
O cara está perdidinho…
Difícil reconhecer mas, por incrível que possa até parecer, o STF acabou por abrigar melhores e mais nobres juízes no tempo da Ditadura; lá tinhamos estafetas por imposição e hoje, temos estafetas por opção!
É, o nível tem baixado, lá no STF, até com celeridade maior que o Sistema Cantareira em São PAulo. De qualquer maneira, em ambos temos falta d’água para promover uma limpeza!
Há, pelo menos, neste caso específico, duas interpretações para os atos de Barbosa. Uma, a de que ele quer intimidar Jânio de Freitas. Barbosa, com a presunção de que é rei do Brasil, não admite que a imprensa faça reparos a sua conduta, embora ele se credite, tudo leva crer, ao direito de criticar com exclusividade. Claro, como se acha o rei do Brasil, só ele pode criticar, mas, também, acusar, julgar, executar a sentença, e por aí vai, e não pode ser criticado.
De passagem, deve-se observar que é preciso ter consciência de que a conduta de Barbosa é inadmissível em uma democracia, e de que ela põe a democracia em risco. Trata-se de sinal claro da necessidade urgente de reforma do binário judiciário-MP, pois precisam ser submetidos ao Povo, este, sim, soberano.
Há, na intimidação a Freitas, o mesmo viés da intimidação que Barbosa faz a Noblat, qual seja, o de calar a imprensa, o de censurá-la. Ora, Barbosa, quem aceita elogio tem de aceitar o reparo, pois ao aceitar o elogio instituiu e aceitou um crítico de si mesmo, e crítico, assim como elogia, critica. Como Barbosa se acha rei, é bom que se lembre de que nas monarquias constitucionais – afinal, temos uma Constituição em pleno vigor, ou não? – o rei pode ser criticado.
A outra interpretação é a de, com a aceitação do pedido e sua passagem adiante, continuar a protelar o cumprimento da lei e da sentença de José Dirceu. Se Barbosa rejeitasse o pedido da promotora como era seu dever, a questiúncula do telefonema que já foi provado não ter acontecido teria desfecho mais rápido. No entanto, Barbosa é um sujeito criado no escárnio de uma justiça descompromissada com os jurisdicionados, capaz de debochadamente levar décadas para julgar uma ação. Barbosa prevalece-se desta anomalia escandalosa para humilhar e torturar um líder da esquerda, pondo-se acima dele, da lei e de milhões de pessoas que o têm Dirceu como líder (gostaria de saber se Barbosa teria “cujones” para fazer o mesmo com FHC, ou um desses Marinho; duvido).
Barbosa quer cassar seletivamente a liberdade de expressão, direito fundamental no Estado de direito DEMOCRÁTICO, e prolongar ao máximo a tortura que impõe a uma pessoa ilegitimamente presa.
Ramalho, seu comentário é longo, mas para falar tudo como o fez, não poderia ser de outra forma. Parabéns!
Além de concordar com você, lembro que existe um outro jornalista a quem o Barbosa mandou “chafurdar no lixo” por uma pergunta indesejada, e depois quis afastar a funcionária do STF que era casada com ele, apenas para se vingar. Neste caso o min. Lewandovsky não permitiu.
Depois de fazer o trabalho sujo,
o Jb virou reles carcereiro do José Dirceu.
Se sair do script, a Imprensa Corporativa joga ele no inferno
junto com Dirceu.
Alguém já escreveu:
” Quem nasceu para Idi Amim,
não será Mandela , nunca…”
Pelo que temos presenciado Barbosa é sim um estafeta da elite e da mídia golpista. Acrescente-se a isso uma desmesurada raiva pelo PT que o indicou para o cargo. Talvez um ressentimento muito grande por saber que sem o PT, Barbosa jamais chegaria onde chegou. Ele é uma criação do Lula que teimava em colocar um negro no STF e não levou em conta que homem que bate em mulher boa coisa não é. A tortura ao Dirceu é uma forma de vingança pois atinge o PT e seus militantes, principalmente.
Depois de tantas atitudes suspeitas, depois de tantas faltas de atitudes, o que será que pensam aqueles que tem processos a serem julgados na suprema corte?
Esse Idi Amin!!
esta imprensa maldita do pig; e esses canalhas da direita estao enporcalhando nosso pais. ainda querem por a culpa no pt. esses chorume que deveriam estar n em um presidio federal.
A ele, Barbosa, caberia rejeitar sumariamente o pedido da procuradora como impróprio. mais ainda nao ser competente para julgar o caso… O juiz competente e o da VEP…a DESCULPA DO PRESIDENTE MORRE AI… DEVERIA DEVOLVER A MEDIDA CAUTELAR AO JUIZ DA VEP
Diz Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
“… a evidência mais clara de que Barbosa planejou cuidar pessoalmente para que as penas … fossem o mais duras possível reside em um casuísmo inédito na história da Justiça brasileira. Um dia antes de decretar a prisão de Dirceu e Genoino, entre outros, Barbosa criou uma nova classe processual para executar suas penas.
“A norma 514 não estava prevista no Regimento Interno do Supremo um dia antes de Barbosa expedir ordens de prisão de 12 condenados do mensalão. A classe processual inédita foi denominada Execução Penal (EP). Segundo a nova norma, processos penais julgados no STF devem ser distribuídos ao seu relator, que ficará responsável pela execução penal dos condenados até o fim de suas penas.”
Pois é, a safadeza de Barbosa vai muito além de qualquer limite. Barbosa é um invejoso, um despeitado, e o alvo de seus maus sentimentos é Dirceu. Barbosa é o Salieri de Dirceu.
É CAPITÃO DO MATO,certa vez vossa majestade disse que : O GILMAR DANTAS estava na mídia,agora vejo que por alguns instantes esteve cercado pelos holofotes, mas esta virou as costa.As luzes apagaram-se só lhe resta a escuridão.