Jornal O Globo abafa escândalo dos fiscais de SP

Sempre que me deparo com a magnitude dos desvios praticados por essas quadrilhas incrustradas dentro dos governos, eu sinto pena dos bandidos de alguns filmes, que se matam por alguns milhares de dólares. O desvio de meio bilhão dos auditores paulistas é de arrepiar os cabelos. É um dos maiores desvios das últimas décadas.

Para se ter uma ideia, o mensalão, alardeado pela imprensa como o maior escândalo da república, envolveu pouco mais de 50 milhões de reais, de caixa 2 para campanhas eleitorais. Não consta que ninguém tenha enriquecido e a “compra de deputados” nunca foi provada. E a verba era privada.

Já o escândalo dos fiscais, é roubo puro, de dinheiro que poderia entrar, legalmente, via impostos, no caixa da prefeitura da capital paulista. E meio bilhão de reais!

Folha e Estadão, por estarem sediados em São Paulo, estão fazendo uma cobertura razoável do escândalo. O jornal O Globo está comendo mosca. Hoje não dá uma mísera chamadinha na capa. E até agora não fez um comentário editorial sobre o assunto. No interior, dá uma matéria cinzenta, fria, sem graça. Não corre atrás de detalhes novos. Por quê? Medo de respingar em Serra e no PSDB?

Abaixo, publico duas notícias, uma da Agência Brasil, outra da Folha, sobre o escândalo:

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JUSTIÇA PRORROGA PRISÃO DE EX-SERVIDORES DO NINHO DE CORRUPÇÃO

Daniel Mello, Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Tribunal de Justiça São Paulo determinou hoje (1º) a prorrogação das prisões temporárias de três dos quatro auditores fiscais acusados de participarem de esquema de fraudes na prefeitura de São Paulo, que pode ter causado prejuízos de até R$ 500 milhões aos cofres do município.

De acordo com nota publicada no site do tribunal, as prisões de Eduardo Horle Barcellos, Ronilson Bezerra Rodrigues e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral foram prorrogadas por mais cinco dias. O juiz Eduardo Pereira Santos Júnior, do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo), atendeu a pedido do Ministério Público. Na decisão, o juiz argumentou que a prorrogação é necessária “para a implementação das ordens de sequestro e bloqueio de bens e para que se proceda à colheita dos depoimentos das testemunhas faltantes, sem a interferência dos agentes, tal como exposto na representação”.

O quarto acusado, o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, que também está preso no 77º Distrito Policial, decidiu colaborar com as investigações e firmou um termo de delação premiada, por isso o Ministério Público não solicitou a prorrogação da prisão dele.

Os quatro servidores da Subsecretaria da Receita da prefeitura são acusados de terem desviado recursos do sistema de arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS), cobrado de empresas do ramo imobiliário. O Ministério Público estima que foram desviados até R$ 500 milhões. O esquema fraudava o recolhimento do ISS, calculado sobre o custo total da obra. Esse recolhimento é condição necessária para que a construtora ou incorporadora obtenha o “habite-se”, que permite a liberação do empreendimento para ocupação.

O promotor disse que pretendia ouvir nessa sexta-feira Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral, ex-diretor da Divisão de Cadastro de Imóveis e que está preso. Porém, como o advogado dele não compareceu, o depoimento foi adiado. Bodini espera, no entanto, que possa conversar com os outros três envolvidos no caso na próxima semana, já que permanecerão presos até a próxima sexta-feira (8).

Os auditores são acusados de corrupção ativa, concussão, formação de quadrilha ou bando e lavagem de dinheiro.

O promotor informou que entrou em contato com representantes da empresa Brookfield, que confirmaram o pagamento de propina aos auditores fiscais presos. A empresa, segundo Bodini, relatou ter sido coagida pelos servidores. “Eles [a empresa] entendiam que não deviam nada de ISS ao final da obra. Na visão deles, eles foram obrigados a pagar senão o empreendimento não seria legalizado”, disse Bodini.

De acordo com Bodini, a Brookfield pagou cerca de R$ 4 milhões a uma empresa pertencente a um dos acusados e sua mulher. “Eles confirmaram o pagamento de valores na conta da ALP em troca da liberação da certidão de quitação do ISS”. O promotor disse que agora caberá à empreiteira comprovar que foi coagida pelos suspeitos.

Por meio de nota à imprensa, a Brookfield informou que está colaborando com o Ministério Público e prestando todas as informações necessárias para a apuração dos fatos. “Comparecemos espontaneamente, fomos ouvidos como testemunhas e nos consideramos vítimas da situação”, disse, acrescentando que, “em respeito ao sigilo das investigações, mantivemo-nos em silêncio e, pela mesma razão, manteremos esta postura”.

Edição: Carolina Pimentel

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Auditores suspeitos de fraude em SP têm 59 imóveis e lancha de R$ 1 mi

MARIO CESAR CARVALHO, DE SÃO PAULO
NA FOLHA

Os quatro auditores e fiscais da prefeitura presos reuniram um patrimônio que incluiu 59 imóveis, nove quotas de participação em empresas e oito veículos, entre os quais uma lancha avaliada em R$ 1 milhão, segundo uma lista de bens do grupo obtida pela Folha.

A Corregedoria Geral do Município estima que o grupo acumulou R$ 80 milhões.

O fiscal Luís Alexandre Cardoso Magalhães é o que ganha menos entre o quarteto de servidores da prefeitura presos (R$ 14 mil líquidos ante uma média de R$ 20 mil dos outros), mas é quem tem o maior número de imóveis em seu nome ou no das empresas que controla.

Ele tem 27 imóveis, duas casas lotéricas e participações em duas empresas, sem contar o Porsche amarelo que estava na sua garagem quando foi preso na última quarta-feira –o carro está em nome de uma loja de carros e não é do fiscal, segundo o advogado dele, Mario Ricca.

Uma das hipóteses da Promotoria é que o fiscal era o mais ingênuo dos quatro. O patrimônio de Magalhães é estimado pela corregedoria em R$ 18 milhões.

Ronilson Rodrigues, apontado como líder do grupo, tem 11 imóveis e pouco dinheiro na conta bancária. A lancha de R$ 1 milhão é de Eduardo Barcellos, cuja defesa atribui seus bens a herança.

Ronilson e Carlos Augusto di Lallo do Amaral, outro preso, faziam compras juntos. Eles adquiriram um andar de um prédio comercial em Santos.

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18 respostas

  1. E o Mauro Ricardo? Eu já sabia!!! O domínio do fato só seria usado para condenar petistas. Serra, o homem das offshore, da Privataria Tucana, da mansão em nome da filha… Não iria ter como seu homem de confiança alguém que não sabia de nada. Mauro Ricardo pode ser protegido por ser o cara de Serra, mas um dia a coisa vem à tona, como a pasta fantasma do De Grandis.

  2. Poxa! o pessoal de esquerda não respeita mesmo a liberdade de expressão, né?

    As organizações Globo não querem publicar nada sobre os escândalos PSDB, e os esquerdistas querem impor à imprensa livre a cometer tal atitude, a fazer o que não deseja. Assim já é de mais!
    Esquecem que a imprensa só deve publicar o que lhes agrada, por isso é livre

    assinado Professor: Hariovaldo Almeida Pardo

  3. Vocês não acham curioso que tem saído pesquisa para governador de todos os estados e apenas não sai do estado que é o maior colégio eleitoral do país: SãO PAULO. Deve ser porque Alckmin está muito mal nas pesquisas. se estivesse bem sairia duas pesquisas por semana.

  4. Vocês não acham curioso que tem saído pesquisa para governador de todos os estados e apenas não sai do estado que é o maior colégio eleitoral do país: SãO PAULO. Deve ser porque Alckmin está muito mal nas pesquisas. se estivesse bem sairia duas pesquisas por semana.

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