Juiz quebra sigilo de Ciro; caso veio de Moro

O juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32a. Vara Federal de Fortaleza, além das operações de busca e apreensão em endereços de Ciro Gomes e de seus irmãos, Cid (senador) e Lúcio Gomes, determino a qubra dos sigilos bancário, telefônico e telemático dos três, alegando, em despacho em que afirma que, embora “não seja o momento de apontar responsabilidade definitiva, o fato é que a autoridade policial logrou reunir elementos indiciários que conferem verossimilhança à colaboração premiada” dos excecutivos da Galvão Engenharia.

O caso vem da Operação Lava Jato, na qual Dario de Queiroz Galvão Filho, Erton Medeiros Fonseca e Jean Alberto Luscher Castro, executivos da empreiteira, foram condenas a penas entre 12 e 14 anos de prisão por Sérgio Moro. Dois anos depois, os três firmaram um acordo de delação no qual são mencionadas diversas obras no Ceará, como fonte de propinas para a família Gomes.

A ação foi transferida por Moro a Fortaleza em março de 2018.

Não se sabe diretamente o conteúdo das acusações, somente as versões divulgadas no despacho do juiz e na nota da Polícia Federal.

É evidente que Ciro, como qualquer cidadão, tem o direto à presunção da inocência e seria uma covardia classificá-lo, só com uma delação de condenados, de pessoa corrupta.

O ex-ministro, porém, deveria pensar se foi assim que ele agiu quando Lula foi acusado desta mesma forma, e não age.

Ontem ainda, no programa de Roberto D’Ávila, na Globonews, disse que o ex-presidente “corrompeu-se”.

Não se dirá o mesmo de Ciro, óbvio, até porque ele tem uma trajetória que não autoriza este tipo de ofensa.

Tanto quanto não autoriza-o a fazê-la a Lula.

PS: Nas redes sociais, Ciro acaba de reagir culpando Bolsonaro pela ação. Acho que ele apresenta as razões certas, mas erra o personagem. Veja o texto de Ciro:

“Até esta manhã eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um país democrático. Mas depois da Policia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.”

Segundo Ciro, a operação “tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos” à sua pré-candidatura à Presidência. “O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim.”

“O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014. Chega a ser pitoresco”, seguiu Ciro pelas redes sociais.

“O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo.”

“Mas não é isso. E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionado com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que nunca me encontrou. Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção”

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