A juíza Maria Priscilla Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, empurrou para Sérgio Moro, a denúncia e o pedido de prisão feitos pelos aloprados procuradores do Ministério Público paulista contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no apartamento no Guarujá.
É mais poder para Moro, mas também uma amarra.
Porque é público que partiram de Curitiba comentários de que o pedido de prisão feito pelos aloprados não tinha sustentação.
O despacho da juíza é pífio, quase se limitando a transcrever o despacho de Sérgio Moro sobre os pedidos dos promotores da Lava Jato para investigar o apartamento, aquela fase da Lava Jato que caiu no esquecimento por ter encontrado lá a tal Mossack Fonseca, com ligações com muita gente “boa”, como os donos da mansão que os Marinho garantem não ser deles em Parati.
O que ele prova, apenas, é que tinha toda razão aquele recurso ao Conselho Nacional de Justiça, que sustentava que Lula não podia enfrentar duas investigações sobre o mesmo caso, uma federal e outra paulista.
De concreto, apenas duas coisas: a juíza admite que não há documentos que comprovem a propriedade do imóvel, ou que Lula tivesse ciência de qualquer irregularidade nas transções Bancoop-OAS e que, se houve ou não falsidade ou imprecisão na declaração de bens do ex-presidente – ilícito apontado pelos aloprados para sustentar a tese de ocultação de patrimônio, que exige ilícito anterior para existir – isso é matéria de competência federal.
É mais poder para o “Rei do Brasil”, mas também cria-lhe certas delicadezas.
É que a juíza considera ” que não há urgência que justifique a análise por este Juízo” do pedido de prisão preventiva. Portanto, difícil para Moro alegar que há, quando o processo chegar às suas mãos.
É o fim de uma armação paralela, restando apenas a “armação principal”, os esforços da Lava Jato em encontrar maneiras de atingir Lula.
Nem que seja com a insustentável tese que que, enquanto Paulo Roberto Costa e seu gerente Pedro Barusco ganhavam milhões de dólares, seria possível “comprar” o próprio Presidente da República com uns móveis de cozinha para um apartamento que ele nunca ocupou.
Como, porém, a essa altura, Moro entronizou-se na categoria de “herói da direita”, tudo é possível.