Ontem, publiquei aqui um texto da Veja que falava das pesquisas realizadas no final de 2005 preverem uma inexorável decadência de Lula e um provável vitória tucana em 2006.
Claro que havia àquela época, como há agora, a “torcida” da mídia e dos próprios institutos de pesquisa para transformar este desejo em realidade.
Mas havia, também, um dado real: o desânimo com um governo que não tinha conseguido deslanchar no plano econômico, ainda que tivesse avançado timidamente no social, e que enfrentava problemas políticos imensos, centrados na exploração de desvios éticos, como o mensalão.
Não é significativo debater se os problemas eram reais ou, pelo menos, do tamanho que parecia transparecer, então.
O significativo é o como se venceu aquela eleição e, sobretudo, como o segundo Governo Lula pôde ser o sucesso que foi.
O diferencial, então, foi a demonstração de rumos, prioridades e visão de Brasil que, em Geraldo Alckmin, não passaram de um bonezinho, uma camiseta e uns adesivos.
Porque o julgamento essencial de um Governo vai muito além dos aspectos de “eficiência” e “gestão”.
É claro que isso importa, mas importa muito mais que se saiba em que direção se quer avançar.
E mostrar que este avanço é individual mas também, indispensavelmente social.
Como no verso do Tom: que é impossível ser feliz sozinho.
O discurso político ideológico, renegado pelos marqueteiros como arcaico e não-mobilizador, faz, pela ausência, perder a percepção deste fundamento do progresso.
Dilma, Lula e o PT têm a oportunidade de reverter o que deixaram de fazer pelo processo de formação da consciência coletiva, com o início dos comerciais e do programa partidário.
Será um grande erro usar este espaço essencialmente para mostrar que tudo “está dando certo”.
Isso só cabe no que se fizer de comparações.
A comunicação terá de ser mesmo quase “pessoal”, porque é preciso estender para a avaliação do país a a avaliação do que se passa com as pessoas que o compõem.
E não deixar que a penas a mídia forme a expectativa do que vai se passar com o Brasil.
Notem que na pesquisa Datafolha, a soma dos que acham que a própria situação vai melhorar (43%) e de que não vai se alterar (41%) somam 84% ne otimisto ou “não-pessimismo”, enquanto a mesma pergunta sobre o Brasil só encontra 26% de otimismo (26% responderam que vai melhorar).
Isto é o essencial na formulação do discurso.
Confrontar a vida que se tem com a que se tinha e a que se pode ter se o Brasil seguir mudando.
15 respostas
Bela e certeira analise,pura e simples matemática.
Impossível e’ ser feliz e não compartir a felicidade,impossível e’ ser rico e não compartir a riqueza,impossível e’ ser educado e não compartir a educação,
estamos todos no mesmo barco e não
há espaço para oferecer retrocesso.
Outro dia vi na tv,uma cidadinha de um lugar na Dinamarca, muito fria,o sol quase
não aparecia,e o povo tava meio triste “ninguém saiu para protestar,contra o sol”
então um cara fez um espelho gigante e pôs, no alto próximo, e clareava um pouco a cidade,e todos ficaram felizes…
E aqui ?
Concordo com o que vc diz, mas se a Dilma diz “pedra” a grande mídia diz “pau”, se diz “agua” a grande midia diz “fogo”, tudo é deturpado. Tenho lido os jornalões e nada bate com os fatos realmente acontecidos, é um verdadeiro massacre, vcs blogueiros independentes fazem parte da trincheira que considero inexpugnável da democracia brasileira. Por esse motivo entendo quando Dilma, Lula etc não sejam destemidos porém, quando começar a propagando na TV aí não haverá como deturpar o que foi dito.Aí o “pato” come.
Os EUA parecem ter grande simpatia em apoiar políticos que sofrem de etilismo crônico inveterado. Assim foi quando tentaram emplacar sua selvageria capitalista na Rússia nomeando Yeltsin para representar os interesses dos estadunidenses, que acabou caindo (de bêbado) e no ridículo internacional. Este período foi um dos mais negros na gloriosa história dos russos.
O mais óbvio é a turma não vai gastar um centavo com quem já se sabe ser contra Lula, mas com que passa imagem que não e tem credibilidade para fazer o petismo continuar na desgraça com Dilma quando poderia logo decidir tudo com Lula
Eles estao ficando desesperados, tentarão de todas as formas fazerem pesquisas que lhes parecam as melhores, mas quando chegar perto da realidade verao que a porca torce o rabo, ou que os tucanos e seus rabos perderao as penas
Olha, me chamou atn no ano passado uma coisa de que a gente mesmo nao tinha se dado conta no consciente :
o grande feito, a grande realizaçao de Lula, presidente, nao foi a marola na crise, a volta da esperança e outras coisas importantes.
Para que se entenda o pais mudado, e os opositores se calem precisa demonstrar que sua grande obra foi a CRIAÇAO de um mercado DE MASSA para a produçao e a economia real do Brasil. E que antes, eramos uma quitanda. E isso da para provar e em termos longe do economês.Mas perto do entendimento da nova classe em ascençao.
QUE FOTO MATAVILHOSA!
MARAVILHOSA
Concluindo, faço o que Lula pede..
DILMA 13 2014.
“Novos golpes no continente virão de mídia e grandes empresas”, diz presidente paraguaio depostoVítima de golpe em 2012, atual senador Fernando Lugo discutiu histórico golpista da América Latina em evento na Grande SP
“Possivelmente, os novos golpes na América Latina não vão sair dos quartéis militares, mas das multinacionais e dos meios de comunicação.” A opinião é de Fernando Lugo, senador paraguaio e presidente deposto por um golpe parlamentar em junho de 2012.
Em evento organizado na Grande São Paulo nesta sexta-feira (09/05) para discutir o processo histórico e político que permeou golpes militares no cone sul e o funcionamento da Operação Condor no contexto das ditaduras, o político paraguaio afirma que o manual da derrubada de governos democráticos hoje é outro: tem traços muito mais civis do que essencialmente militares.
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Ivan Carlos Dias Júnior
Andre Pascal Allende, João Vicente Goulart e Fernando Lugo, durante o seminário realizado em Santo André sobre ditaduras no Cone Sul
“Os processos políticos na Bolívia, na Venezuela e no Equador indicam a superação neoliberal, mas temos o desafio de evitar o que ocorreu de maneira grosseira em Honduras”, disse referindo-se ao golpe de junho de 2009 que acabou derrubando o presidente Manuel Zelaya.
“No Paraguai, quem ganhou com o golpe? Os plantadores de soja, o agronegócio. No país, há uma classe que sempre teve os grandes negócios do Estado e tem medo de perder seus privilégios. Mas o povo originário, os camponeses continuam sem terras. Somente nesta transição morreram 138 camponeses no Paraguai”, afirmou, ao citar a multinacional Monsanto como responsável por financiar o golpe paraguaio.
Ivan Carlos Dias Júnior
Lugo alertou que Escola do Panamá, que formou os militares que atuaram nos golpes na América do Sul, ainda opera
Internacionalização da direita
O teatro projetado pelo arquiteto modernista Rino Levi, na Praça do 4º Centenário em Santo André, ficou lotado de jovens nesta sexta-feira (09/05), em sua maioria universitários, interessados em conhecer melhor o histórico de derrubada de governos democráticos no continente e a cooperação do aparelho de repressão de Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai via Operação Condor.
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O evento “Ditaduras no Cone Sul 50 anos Depois”, realizado pelas prefeituras de Santo André e São Bernardo do Campo, teve início ontem e seguirá até domingo (11/05) abordando temas como a integração das Forças Armadas no contexto da Operação Condor; Copa do Mundo e os governos ditatoriais; o papel dos Estados Unidos nos golpes militares na região; repressão a artistas e manifestações culturais; a censura da mídia e o papel da Igreja Católica no período. A transmissão pode ser acompanhada ao vivo aqui.
A partir das discussões, será criado o Observatório da Democratização no Cone Sul. As exposições do seminário internacional deverão se tornar um livro com 200 páginas, que será entregue aos participantes e a escolas da região.
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Além de Fernando Lugo, o painel de ontem debateu a “Luta de Resistência e a Democratização dos Países do Cone Sul” e teve entre seus expositores o filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente Goulart, o sobrinho do ex-presidente chileno Salvador Allende, Andre Pascal Allende, e a ex-guerrilheira do Araguaia Crimeia de Almeida.
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“O objetivo do Plano Condor foi impedir toda mudança social e democrática na América do Sul e liquidar todos os movimentos progressistas em nossas mãos”, afirmou Lugo após fazer um apanhado histórico das ditaduras na região e particularmente no Paraguai, onde o ditador Alfredo Stroessner governou de 1954 a 1989, perseguindo os movimentos de resistência no país e dando as bases para o desenvolvimento de um Estado neoliberal.
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Ao mesmo tempo em que hoje há um movimento favorável à integração sul-americana com a criação da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), do Banco do Sul e do fortalecimento do Mercosul, há, na opinião do ex-presidente, uma “internacionalização da direita e da extrema direita” no subcontinente e “o desafio dos governos progressistas é conter as forças fascistas que estão se alinhando”.
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Verdadeira democratização
Com sete meses de gravidez, Criméia de Almeida foi sequestrada e torturada por altos comandantes do Exército brasileiro por ter participado da Guerrilha do Araguaia entre 1968 e 1972. Ao sair da prisão, após nunca ter sido julgada, iniciou uma luta pela anistia ampla, geral e irrestrita e pelo direito de conhecer o que aconteceu com as 475 pessoas que morreram ou desapareceram durante a ditadura militar.
Ivan Carlos Dias Júnior
Devido à lotação do espaço, dezenas de jovens assistiram à apresentação através de um telão colocado no sagão do teatro
Mas, apesar da sentença proferida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que em 2010 determinou que não existe autoanistia, que os militares não estão isentos das mortes e desaparecimentos no país e que os responsáveis devem ser julgados e punidos, nada foi feito no Brasil. Na avaliação de Criméia, apesar de a instauração da Comissão da Verdade no país ser um avanço, ela caminha lentamente e com pouca transparência.
Andrés Pascal Allende, sobrinho do ex-presidente Salvador Allende completou o balanço da herança da ditadura nos tempos atuais ao mencionar que no Chile, a Constituição vigente é a que foi feita pelo ditador Augusto Pinochet e questionou: “o que está sendo feito para impedir que ocorram novos golpes na América do Sul?”.
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“Na verdade, as escolas militares seguem ensinando as mesmas doutrinas de 30 anos atrás. No Chile, os militares são obrigados a estudar a tese de geopolítica de Pinochet, então que mudanças tivemos nas Forças Armadas?” Em sua visão, a região ainda corre o risco de vivenciar situações similares à dos anos 1960-70, “basta ver o manual que está sendo implementado na Venezuela com as agitações nas ruas e o que ocorreu com o Paraguai”, afirmou.
Diante deste quadro, se as Forças Armadas “não abrirem as portas para a participação cidadã, não eliminar seu caráter classista e não reduzir os gastos com defesa, estaremos diante do perigo de novos golpes militares na América Latina”. Allende conclui que para fazer estas mudanças no interior das Forças Armadas, “não podemos estar sozinhos, por isso é fundamental que tenhamos unidade entre os latino-americanos
Não vamos trocar o certo pelo duvidoso.Hoje o número daqueles que se dizem insatisfeitos e dizem que vão anular o voto eoutros em branco outros ainada dizem não comparecer para votar estão sendo alvo dos opositores mas acredito que esses são ante petista mas também estão decepcionados com eles e de jeito nenhum vai votar em PSDB.DILMA 2014 EU ACREDITO.
Ótima análise! As turbulências existem e a questão é como as enfrentar, é não perder o rumo.
Caro Fernando Brito,
Você citou Tom, mas eu acho Raul mais adequado: “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade” (Prelúdio).