Dois episódios, na últimas 24 horas, ilustram como o nepotismo mais desavergonhado tomou conta da política bolsonarista, certamente com o exemplo dos “negócios de família” protagonizados pela família presidencial.
O senador da cueca pede licença para evitar o julgamento de seu afastamento do mandato e passa o cargo para o filho, sócio na empresa e na senatória, colocado como suplente.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, lança a ex-mulher Janaína candidata a vereadora pelo PSL. Mas com um “cabo eleitoral” igualzinho ao que ficou famoso no laranjal mineiro: a distribuição vergonhosa do Fundo Eleitoral em seu benefício: um “empurrãozinho” de 690 mil reais para ajudar a eleger a simpática senhora que se define nas redes sociais como “Serva do Senhor Jesus, Mãe e Avó, Defensora dos Vulneráveis, Arquiteta e Urbanista.”
É claro que culpas, defeitos e caráter não são fatores genéticos e que ninguém pode ser “culpado” de ser filho, parente ou ex-mulher ou marido de ninguém.
Mas colocar o filho de suplente no Senado e levar a ex-mulher a abiscoitar o Fundo Eleitoral em valores absurdos não é “defesa da família” nem aqui nem na China. O nome é mesmo nepotismo ou, se preferirem, a “rachadinha familiar”.
E, para quem fala tanto de certeza de impunidade, deu-se um jeito de licenciar o senador e financiar a candidata.
Os autoproclamados “defensores da moral” no Brasil são absolutamente imorais.