Libra: se a gente apertar, os gringos não fogem

O Globo publica hoje uma matéria dizendo que “só” 20 petroleiras – e não 30, como a ANP dizia – devem participar do leilão do megacampo de Libra, no pré-sal brasileiro.

Nenhuma novidade, pois não são muitas as empresas com “bala na agulha” para explorar um campo que, no pico de produção, vai retirar de sete mil metros de profundidade nada menos que um milhão de barris de petróleo a cada dia.

As exigências financeiras, tecnológicas, gerenciais e logísticas serão, como a produção, gigantescas.

Não é para qualquer bico, é claro.

Mas há algo, na reportagem, muito interessante e revelador do desastre que é a fixação de um alto bônus de assinatura, isto é, de um elevado valor de “luvas” para a empresa ou consórcio de empresas que irá se habilitar a explorar Libra, embora a decisão seja feita na maior oferta de percentagem do petróleo que vai ser entregue ao Estado brasileiro.

Leiam só:

Pelo regime de partilha, a Petrobras terá uma participação obrigatória mínima de 30% no consórcio vencedor. Mas poderá entrar em um consórcio no leilão, com uma participação maior. Segundo um executivo do setor, várias companhias já estão namorando a Petrobras. Segundo fontes, a BP já estaria conversando com a estatal para a formação de uma possível parceria.

Segundo esse executivo, que não quis se identificar, algumas empresas estariam se oferecendo até para financiar a Petrobras: o parceiro assumiria os custos com o bônus de assinatura de R$ 15 bilhões e com os investimentos e, mais adiante, a Petrobras pagaria com petróleo. Esse tipo de proposta é tentadora para a Petrobras, que não precisaria usar recursos de seu caixa no momento.

Ora, se a Petrobras tem a capacidade técnica e empresarial para explorar bem a maior jazida do nosso pré-sal, porque o Governo brasileiro – o mesmo que há três anos capitalizou fortemente a empresa – quereria descapitaliza-la, provocando um desembolso-monstro de recursos de caixa no pagamento do bônus, em lugar de fazê-la ter folga de caixa e capacidade para ofertar um lance onde a parcela estatal do petróleo fosse forçada para cima?

A Petrobras, para cumprir o seu dever de obter o controle brasileiro – não apenas o operacional, mas o decisório – sobre nossa maior jazida petrolìfera – com 51%, ao menos, de sua outorga – se tiver de lançar mão de “empréstimos” ou “adiantamentos” de petroleiras estrangeiras, também terá de se comprometer com prazos e volumes que não necessariamente serão os mais interessantes ao país.

Como conjugar esse ritmo às variações do preço internacional do petróleo? Quanto de “juros” em petróleo a Petrobras deverá pagar pela quantia que lhe será “adiantada”?

E, sobretudo, quanto a Petrobras terá de ceder na oferta de uma parcela mais substancial de óleo ao Estado brasileiro?

Está mais do que claro que Libra é uma galinha dos ovos de ouro.

Se o Brasil, como o personagem tolo da fábula, em troca do ganho miserável de alguns bilhões de reais a mais arrecadados para “fechar” a conta do superávit primário que o mercado financeiro nos exige, tornar o bônus de assinatura – que representa menos de 2% do que aquele megacampo vai gerar de lucro com seus 8 bilhões de barris de petróleo – terá jogado por terra boa parte do esforço que Dilma e Lula fizeram para capitalizar a Petrobras.

Libra é atraente demais para que o capital estrangeiro fuja dele por conta de regras mais rìgidas e vantajosas para o Brasil.

Aperte-se e veremos que eles não vão fugir.

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5 respostas

  1. Fernando Brito, sou defensor que a atual administração petista é a “menas” pior das anteriores (DEM/PSDB). Fui confrontado por minha filha que trabalha em mineração que o governo atual está acabando com investimentos nesta área devido a regulação do setor e causando enorme desemprego. Você que é especialista nesta área o que tem a dizer?
    Abraços!

  2. Fernando Brito, sou defensor que a atual administração petista é a “menas” pior das anteriores (DEM/PSDB). Fui confrontado por minha filha que trabalha em mineração que o governo atual está acabando com investimentos nesta área devido a regulação do setor e causando enorme desemprego. Você que é especialista nesta área o que tem a dizer?
    Abraços!

  3. Fernando Brito, sou defensor que a atual administração petista é a “menas” pior das anteriores (DEM/PSDB). Fui confrontado por minha filha que trabalha em mineração que o governo atual está acabando com investimentos nesta área devido a regulação do setor e causando enorme desemprego. Você que é especialista nesta área o que tem a dizer?
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  4. Fernando Brito, sou defensor que a atual administração petista é a “menas” pior das anteriores (DEM/PSDB). Fui confrontado por minha filha que trabalha em mineração que o governo atual está acabando com investimentos nesta área devido a regulação do setor e causando enorme desemprego. Você que é especialista nesta área o que tem a dizer?
    Abraços!

  5. Fernando Brito, sou defensor que a atual administração petista é a “menas” pior das anteriores (DEM/PSDB). Fui confrontado por minha filha que trabalha em mineração que o governo atual está acabando com investimentos nesta área devido a regulação do setor e causando enorme desemprego. Você que é especialista nesta área o que tem a dizer?
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