Os jornais noticiam que o Planalto formou um “força tarefa” para garantir quorum suficiente para aprovar, hoje à noite, a PEC dos Precatórios e seus apêndices, que expandem em pouco mais de R$ 90 milhões (por enquanto) o teto de gastos orçamentários da União.
Pode ser que consiga, pois não se deve menosprezar o fato de que as emendas parlamentares, em grande parte, ainda não foram liberadas para empenho e execução e, portanto, ameaçar deixá-las no limbo é um fator de “convencimento” – em português, chantagem – para que os deputados apareçam para “apertar o botão” que detona o teto.
Mas não creio que se deva contar do um “ou tudo ou nada” de Artur Lira para que isso aconteça.
O presidente da Câmara não tem razões para expor-se a uma nova derrota, reforçando a ideia de que não tem o controle absoluto da Casa que, mesmo em caso de vitória, sairá chamuscado.
Terá sido, afinal, a movimentação do Governo e não a dele quem conseguiu o que, até a semana passada, era, senão impossível, ao menos improvável.
E segue difícil: ontem, a Frente Parlamentar Brasil Competitivo, que reúne cerca de 190 deputados – a maioria de partidos da direita e do Centrão emitiu nota anunciando que votará contra a PEC. Não serão todos, mas serão, pelo governismo, um número apreciável de ausências na conta dos 308 votos necessários.
E, afinal, se Bolsonaro garante que há um “Plano B”, porque se queimarem com os poderosos interesses que reclamam do fim da vedação a gastos acima do “teto”.
O fato de se manter reserva – e muita reserva – quanto ao que resta de independência à maioria da Câmara não impede que se veja que, neste caso, o governo não terá vitória fácil.
E, se tiver, não vai deixar que Arthur Lira a capitalize, já que terá mostrado que não precisa dele.