Daqui a uma semana começa a campanha eleitoral no rádio e na televisão, aparentemente o último possível fato novo na disputa presidencial de 2 de outubro.
E Lula entra nesse terreno, se sua equipe de campanha não aceitar provocações, num estado de tranquilidade, enquanto Jair Bolsonaro terá de entrar em um modo agressivo de desempenho, porque está jogando contra o relógio.
O dado mais importante, a meu ver, foi que Lula conseguiu, apesar do pacote de bondades e das explorações religiosas, manter seu índice de intenção de votos. Não cair, nestas circunstâncias, é como subir. Ainda mais porque a ofensiva de manipulação dos evangélicos não conseguiu criar uma alteração significativa na rejeição do ex-presidente.
Isso dá a Lula em fazer uma campanha que não seja marcada pelo ataque, mas à expectativa de melhora da vida. Fazendo, inclusive, das benesses dadas por Bolsonaro como apenas um patamar do que as pessoas terão para viver, enquanto Bolsonaro terá de ser valer do medo para legitimar seu voto.
Lula cumpriu o plano de sua primeira etapa de campanha: o de manter-se na posição de franco favorito, que o habilita a ser, como está sendo, uma opção de voto aos que não são, necessariamente, seus adeptos.
Agora, vem o segundo tempo: aquele em que ele vai usar os fatos para rememorar seu governo, suas prioridades, a memória da população dos tempos de prosperidade.
Bolsonaro será, na campanha de Lula, apenas uma presença infeliz na vida brasileira e isso não passa pelos analgésicos que ele injeta no país à beira da eleição. O tom será o da reconstrução do Brasil, do convívio entre os brasileiros, da civilidade e da humanidade.
O ex-presidente poderá encarnar a esperança. É tudo o que ele queria para este trecho final da campanha.