Lula adiou tanto quanto possível entrar pessoalmente nas negociações – e nos desentendimentos – entre o PT e o PSB – para a formação de uma federação – aliás, muito necessária – para a disputa das eleições de outubro.
A Folha noticia que o fará, esta semana, através de um encontro com dirigentes nacionais do partido.
Não será uma “entrada de sola”, até porque não é este o estilo do ex-presidente, mas ainda como fiador pessoal de que todos os espaços oferecidos aos pessebistas serão respeitados e os acordos, honrados.
E acordos não faltaram, ao ponto de o PT ceder nas canidaturas a governador em todos os estados mais importantes, exceto em São Paulo.
A partir daí, recusada sua garantia pessoal, o ex-presidente estará livre para decidir e vai fazê-lo.
Até porque, ao PSB, não saindo a federação, fica impossível – ou quase – tomar o rumo de outra candidatura presidencial e, com Alckmin no PV (ou até, remotamente, no PSD), cria-se uma alternativa para parlamentares do PSB de buscarem legenda em outros partidos da federação e, portanto, “da chapa” de Lula.
Estados importantes – entre eles, Rio de Janeiro, Pernambuco e Maranhão – sofrerão um impacto profundo em suas candidaturas locais e o próprio Geraldo Alckmin se sentirá constrangido em dar mais que um apoio “lateral” a Márcio França em São Paulo.
Afinal, convidado para vice de Lula, não tem como não se entregar de corpo e alma à campanha do seu cabeça de chapa em seu próprio Estado.
Mesmo com o PSB vá “de carona” e não de “copiloto” no seu comboio, Lula estará mais livre para articular-se com outras forças, como fez, ontem, num movimento que teve pouca atenção da mídia: o pedido para que o senador Randolfe Rodrigues desista de sua candidatura ao governo do Amapá para ser o coordenador nacional de sua campanha.
E, sem ter de se compor com França, em São Paulo, abre-se uma avenida para entendimentos com Guilherme Boulos.
Portanto, a conversa com Lula será, para bons entendedores, calcada no velho provérbio de que “quem tem olho grande não entra na China”.