A Folha publica hoje um estudo de Marlos Goes, Philippe Miron e Rick Lumpkin, pesquisadores da NOAA e da Universidade de Miami que, em linhas gerais, tem as mesmas conclusões do realizado pela Universidade do Rio de Janeiro e da hipótese que era a óbvia, dado o sentido das correntes marítimas: o óleo que chegou às praias do Nordeste tem origem em algum ponto muito ao largo da costa nordestina, em águas internacionais, na região por onde passam várias rotas de navegação, inclusive de petroleiros, como você vê no mapa da Euronav, a maior companhia privada de transporte marítimo de petróleo.
Está evidente que a fonte do óleo, como já se escreveu, pode ser um petroleiro “de qualquer nacionalidade , circulando pelo Oceano Atlântico, entre a América e a África.”
E isso foi, desde o já distante início do aparecimento do óleo, negligenciado, inclusive com o não-rastreio dos barris que deram à praia, nem tanto pela discussão sobre se continham o mesmo óleo, mas pelo incidente que os pôs ao mar.
O segundo dado que foi negligenciado pela mídia é igualmente importante: o tempo que o petróleo está no mar e as condições em que ele foi derramado.
Na grande maioria das muitas imagens que chegam das borras de óleo dando à praia ou depositadas sobre a areia, o aspecto é totalmente diferente dos vazamentos de petróleo em geral. Simplificando, com o uso livre das palavras, para facilitar o entendimento, seu estado não é “oleoso”, mas pastoso.
A causa mais provável disso é um processo que produz uma emulsão de petróleo, assim descrita no livro Oil in the Sea III– Inputs, Fates, and Effects :
A emulsificação é o processo de formação de vários estados de água no óleo, freqüentemente chamado de “mousse de chocolate” ou “mousse” entre trabalhadores de derramamento de óleo. Essas emulsões alteram significativamente as propriedades e características do óleo derramado. Emulsões estáveis contêm entre 60 e 85% de água, expandindo o volume em três a cinco vezes o volume original do material derramado. A densidade da emulsão resultante pode ser tão alta quanto 1,03 g / mL [nota do Tijolaço: a mesma densidade da água salgada] em comparação com uma densidade inicial que varia de cerca de 0,95 g / mL a tão baixa quanto 0,80 g / mL. Mais significativamente, a viscosidade do óleo geralmente muda de algumas centenas para algumas centenas de milhares de miliPascal-segundo, um aumento típico de três ordens de magnitude. Esse aumento na viscosidade pode transformar um produto de petróleo líquido em um material pesado e semi-sólido. Emulsificação, se ocorrer, tem um grande efeito no comportamento de derramamentos de óleo no mar.
Determinar se isso ocorreu e de que forma é essencial não apenas para apurar a origem, mas para definir as contramedidas a adotar. Petróleo, em suas condições normais, jamais proporcionaria a cena comovente de pescadores “capturando” uma borra de óleo com uma rede, que reproduzo, para quem não viu o vídeo.
Para exemplificar o erro de abordagem: ontem, o ministro do Meio Ambiente foi às redes mostrar o “teste” que fez com um solvente de óleo oferecido por uma empresa., lamentando não ter funcionado. Ainda bem que não funcionou, ministro, porque o estado pastoso das manchas está facilitando e não atrapalhando seu recolhimento.
Idem para a investigação da origem do vazamento, porque o petróleo, à medida em que fica no mar sofre processos físicos – evaporação, emulsificação e dissolução – , químicos (oxidação) e biológicos, de natureza bacteriana. E, portanto, isso ajuda a conhecer o tempo em que está disperso, o que é essencial para reduzir a quantidade e descobrir a identidade do navio de onde veio.
No entanto, nossas autoridades federais, em lugar de mobilizar e coordenar meios para a limpeza das borras de óleo em velocidade e volume compatíveis com a gravidade do desastre, ficam em firulas ideológicas sobre onde o petróleo foi extraído, agarrado na esperança de “venezuelanizar” o de onde foi extraído o óleo o que, já se viu, não é o “X” do problema.
A começar pelo presidente da República que diz, sem qualquer indício, que pode ser “um atentado contra a venda do pré-sal”. Quem sabe se feito pelo primo marinheiro do motoqueiro fantasma que tocou fogo na Amazônia.
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O único plano de contingência que esse governo tem é para saudar os "marines" americanos quando vierem tomar posse em definitivo dessa colônia: um bando de milicos nas praias portando bandeirinhas americanas com os dizeres > Welcome. We love you
Aqueles bombeiros de Israel estao demorando. Sera q em 3 dias nao da p resolver o problema ou estao matando muita criança mulher e idoso na Palestina?
Pois é, Flávio. Ontem ainda eu me lembrava dos bombeiros judeus, os melhores do mundo, segundo o desqualificado que os porcos e os isentões colocaram na cadeira presidencial. Estou aqui a me perguntar como é que os vendedores de torá ainda não desembarcaram por aqui. A matança de velhos, mulheres e crianças na Faixa de Gaza deve estar bem mais divertida. Além disso, o canalha de lá deve andar com as barbas de molho nos últimos dias.
Esqueceste de mencionar que irão de cinta-liga e espartilho ou baby doll, fardamento adotado pelas FFAA para receberem seus intrépidos marines. Há os que levarão filhas e esposas para ofertarem como souvenir aos seus adorados machos. A vergonha, há muito longe da cara, eles deixam em casa, no porão.
Tenho minhas convicções.
A Marinha e o governo brasileiro sabem muito bem o que aconteceu e quem foram os responsáveis, desde quando o desastre acontece. Mas tudo já foi resolvido entre eles lá para trás.
Os responsáveis, pessoas físicas e principalmente jurídicas estrangeiras, fizeram suas propostas. Os traidores da pátria concordaram e já levaram sua parte.
Para a nação e o povo brasileiro ficaram os prejuízos ambiental e econômico.
E é por isso que o governo não faz simplesmente nada para que se esclareça a origem do óleo. Isso acabaria por trazer à tona a verdade.
A marinha e o governo brasileiro, incompetentes, lesa-pátria e corrompidos, não querem nem saber. Agora, a IV Frota tazunidense, que patrulha a costa brasileira inteira, com navios, aviões e submarinos, sabe muito bem.
A marinha e o governo brasileiro, incompetentes, lesa-pátria e corrompidos, não querem nem saber. Agora, a IV Frota tazunidense, que patrulha a costa brasileira inteira, com navios, aviões e submarinos, sabe muito bem.
Desconfio que pode haver muito mais coisas por trás desse "acidente". O ódio desse canalha miliciano ao Nordeste e o desejo de causar dano aos governadores locais e ao povo, em razão de seu nível de consciência, pode ser uma das explicações e isto me faz lembrar de fatos passados, em que ele se preparou para praticar SABOTAGEM em instalações militares e numa adutora de água. Quem faz isto envergando uma farda, mesmo que não tenha por ela nenhum respeito ou apreço, pode, tranquilamente, pedir um pequeno favor aos seus parceiros de negócio. Sobretudo, quando instrumentalizou toda a estrutura de controle e fiscalização e se apossou de todas as informações pertinentes. Parece-me estar havendo um surto de idiotia e ingenuidade. Quebrar a espinha do Nordeste é estratégico para essa corja. A desfaçatez, o cinismo, o desinteresse demonstrados até aqui podem ter uma causa bem além de ideológica. Lidamos com traidores, com criminosos inconsequentes, que se imaginam intocáveis.
Emília, embora eu tenha uma tendência a concordar com sua explicação, ainda acho que há que acrescentar a TOTAL INCOMPETÊNCIA deste governo, que um leitor do Tijolaço já definiu com um "aglomerado de antas".
O nome disso é INCOMPETÊNCIA !!!! ????????
E a leviandade acusatória do (des) governo é um dos sintomas.
O mundo inteiro está pagando caro por termos colocado no poder um bando de milicianos absolutamente despreparados para governar um país do tamanho e da importância do Brasil. É uma catástrofe, e não é só ambiental. É social, é política, é total.
A elite econômica que explora o Brasil (em especial os barões donos da mídia) apoiou e financiou esse desastre movida pelo ódio que tem contra o povo brasileiro. Ela tem pânico e repulsa dos "zumbis". É assim que ela enxerga o povo brasileiro: uma ameaça que precisa ser contida a todo custo, com grades e tiros de fuzil.
E diante de um desastre de tal magnitude, o sr. Presidente resolve passear pela Ásia
Não parece casual mas sim intencional. Uma forma de destruir ainda mais a capacidade de geração de renda em nosso país.
Esse efeito de densidade explica o fato da mancha ter se aproximado da costa semissubmerso, e a demora em ser reconhecida.
O "Blog de um homem só" dando exemplo de jornalismo. As grandes redações dos jornalões deveriam aprender alguma coisa com isso.
não tenho dúvidas que isso é coisa da turma do Bolsonaro
Somente muita IRRESPONSABILIDADE dessa matilha de milicianos que assaltou o Governo.
IRRESPONSSÁVEIS sem norte e indolentes; assim lançaram o Brasil ao impoderável!
O Brasil sofre a IRRESPONSABILIDADE dos 57 milhões de votos!