Marcelo Auler: o ex-dono da Amil e o apartamento de de R$ 165 milhões em NY

amil

O cabeça-dura -e coração macio – do Marcelo Auler “pescou” esta no site de “célebro-futilidades” Glamurama (veja aqui a nota e as fotos do dito cujo).

É a singela história de Edson Bueno, que pagou US$ 53 milhões -cerca de R$ 165 milhões- , cash,   num apartamento  na rua 57, em Nova York,  com vista para o Central Park, no edifício One57, conhecido como “Vila dos Bilionários.

O dinheiro é dele? É, obtido com a venda do controle da Amil, sua empresa de planos de saúde, à empresa americana UnitedHealth, da qual se tornou sócio minoritário.

Cabe lembrar que boa parte da receita da Amil vem da renúncia fiscal do Governo, no Imposto de Renda, sobre os planos de saúde.

E ando encontrando o pessoal que tem plano Amil, junto comigo, no posto do SUS onde estou me tratando do diabetes…

Do pão com mortadela ao apê de R$ 165 mi

Sei que vivemos em um país capitalista, onde cada qual faz o que quer com o dinheiro que arrecada. Mas, a confirmar-se a notícia que encontrei no Glamurama do UOL – “Brasileiro desembolsa US$ 53 mi por apartamento em NY” – que compartilho abaixo, não deixa de ser um acinte saber que um brasileiro paga R$ 165 milhões por um apartamento em Nova Iorque. Mais ainda quando verificamos que a fortuna do milionário veio da exploração de um dos itens mais preocupantes da nossa sociedade: a péssima qualidade do atendimento médico no país.

 

Saúde, educação, segurança e moradia são questões que nos atingem diretamente. Por conta da ausência e do descaso do Poder Público, nestes setores os brasileiros sentem-se impelidos a recorrerem à iniciativa privada,

Em busca de uma boa educação, procura-se escolas privadas, pois as públicas – que no passado não muito distante eram de qualidade – foram entregues às traças.

Na área da segurança assistimos impassíveis ao crescimento das empresas privadas – muitas delas de propriedade de militares, policiais e/ou seus familiares – que tentam nos vender o que os governos deveriam nos proporcionar.

Na habitação, apesar de programas como o “Minha Casa/Minha Vida” que veio atender parte da população carente mais ainda está aquém do necessário, o déficit de moradias é enorme.

No atendimento médico/hospitalar a questão é mais gritante ainda. Sem que o Estado seja capaz de suprir suas necessidades, o cidadão foi empurrado para os planos de saúde privados, Estes incharam, enriqueceram seus donos sem que os órgãos responsáveis por fiscalizá-los exigissem atendimento decente. Paga-se caro e nem sempre se recebe o que deveria. Basta ver a situação das salas de espera de hospitais conveniados destes planos. Sem falar na baixa remuneração que eles oferecem aos médicos e profissionais da saúde em geral.

Em tempo: a notícia foi publicada anteriormente pela colunista Hildegard Angel – Brasileiros agitam o mercado imobiliário luxuoso de Nova York. Segundo ela, a confirmação da compra pelo empresário brasileiro foi noticiada pelo tabloide inglês Daily Mail.

Falo com conhecimento de causa. Em agosto de 2011 precisei recorrer ao Hospital Pasteur para atendimento de pessoa próxima. Foram cerca de dois meses frequentando-o diariamente e registrando a carência em várias áreas. Desde abril daquele ano, a exploração do mesmo estava entregue à Amil, então de propriedade de Edson Bueno, que o adquirira por R$ 90 milhões. De lá para cá, das vezes que voltei ao hospital no bairro do Méier (subúrbio do Rio), o atendimento só piorou.

A fortuna de Bueno foi construída a partir da comercialização do atendimento médico aos brasileiros, suprindo a ausência do Estado. Órfão aos cinco anos, foi engraxate quando criança e teve seus méritos em superar as dificuldades que a vida lhe impôs até formar-se médico, aos 28 anos, pela Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro (depois incorporada pela UFRJ), como diz a reportagem “Raio-X do fundador da Amil, Edson Bueno, explica negócio” da revista Exame. Depois disso, cresceu administrando negócios ligados à saúde, até conseguir criar a Amil, que lidera em tamanho os empreendimentos nesse setor.

Provavelmente não lhe falte habilidade e dedicação para conquistar o que conquistou. Da venda de sanduíche de mortadela a pacientes pobres do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, (como descrito na reportagem de Talita Vaz na revista Exame) ao posto de dono da maior empresa de planos de saúde do país, Bueno trilhou seu caminho que pode perfeitamente ter respeitado todas as regras do jogo, apesar desse setor ser muito pouco fiscalizado como deveria.

O questionável é usar essa quantidade de dinheiro para a compra de um único imóvel. Trata-se, no meu modesto modo de ver, de um acinte à população brasileira que sustenta, com enorme dificuldades, os planos de saúde que enriqueceram pessoas como Bueno.

Em momentos como este, vale a pena questionar se a conta do ajuste fiscal que hoje recai sobre os assalariados e mais pobres, não deveria ser dividida também com os grandes esbanjadores. Não seria o momento de se discutir a sério a taxação das grandes fortunas? Sei que muitos criticam esta tese por entenderem que maiores impostos sobre os mais ricos, certamente afastará investidores estrangeiros do país e provocará fuga de capital.

O triste é verificar gastos como esse de brasileiros que nem sempre são perturbados pelos auditores da Receita que não se cansam de jogar na malha fina assalariados por conta dos seus gastos – comprovados – com saúde muitas vezes não superiores a R$ 12 mil, menos de 0,1% do valor pago pelo referido apartamento.

PS. Bote o blog do Auler aí nos seus favoritos. É mais valoso que o apê do Dr. Edson, porque é austero e não vive indiferente ao bem-estar de ninguém.

 

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14 respostas

  1. O povo brasileiro é GOZADO … Ou seja, o sujeito pode fazer o que quiser com o seu dinheiro e alguns até concordam, bisonhamente, que sonegar não é crime, mas sobre o seu próprio RABO ele não tem poder, e não pode fazer o que bem entende que leva PAU. Não é isso felici-ÂNUS !?!?

    “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

  2. O que se fala é que o lobby dos mercadores da saúde, no Congresso, chega a 131 parlamentares.

  3. O mais preocupante é essa invasão do BRASIL pelas megacorporações multinacionais…. Nossa PRIVADA é FDP e ladrona !! Vivem de rendas, sonegação e evasão de divisas sob o beneplácito da RECEITA FEDERAL; Não dão ao Governo
    nem a possibilidade de ter uma CPMF para financiar o SUS mas querem uma saúde padrão ‘FIFA’. O Viralatismo e o Chauvinismo de nossas ZELITES é uma coisa aviltante e deprimente …

    “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

  4. O mais engraçado nisso tudo, se tem alguma coisa de engraçado, e que todo mundo foi engraxate. Ninguém prova nada, nem com foto, nem testemunhas. Mentira!!!!

  5. Atras do dinheiro de um rico há muito sangue. Alguém disse isso e eu concordo. E concordo também que tudo isso faz parte do capitalismo, o máximo que se pode fazer é humaniza-lo um pouco e para muito poucos. A maioria fica a margem. Pelo andar da carruagem a tendência é de piora e no mundo todo. Fazer o que, as pessoas preferem viver na barbarie.

  6. “(…)O triste é verificar gastos como esse de brasileiros que nem sempre são perturbados pelos auditores da Receita que não se cansam de jogar na malha fina assalariados por conta dos seus gastos – comprovados – com saúde muitas vezes não superiores a R$ 12 mil, menos de 0,1% do valor pago pelo referido apartamento.(…)”

    Pois eu acho um acinte o símbolo da Receita Federal ser um leão. Animal predador, símbolo de prepotência e anti-cidadania.

    1. Vai pagar o IPTU a prefeitura de Nova Iorque com todo prazer se fosse aqui diria a ladainha de que o país cobra muito imposto.

  7. Mais um exemplo do dinamismo, empreendedorismo do empresário brasileiro.
    Constitui uma empresa, a Amil que por sinal era uma das melhores do mercado. Quando ela tem valor, vende pela melhor oferta, paga os impostos e muda-se do Brasil. Esse pelo menos foi a NY e não a Miami.
    Foi assim com a CVC, com a Natura. O dono dessa última pelo menos foi mais esperto, mudou-se para Londres. Com a IMBEV foi o mesmo.
    O empresário brasileiro não tem compromisso com nada a não ser consigo mesmo, sua família, as várias amantes, carros e outros artigos de luxo.
    Danem-se os clientes!
    Usam das benesses do estado, conseguem uma série de isenções e na primeira oportunidade vendem a companhia.
    Com empresas que constroem fábricas com incentivo fiscal dá-se o mesmo, uma grande fabricante de pneus abre fábricas em vários lugares do Brasil aproveitando os incentivos que desobrigam ao pagamento de IPI e ICMS. Terminando o prazo do incentivo, fecham e mudam-se para outra freguesia. Danem-se os empregos! Um fabricante muito famoso de sandálias um dos maiores fabricantes de calçados no Brasil, fez o mesmo.
    Abriu fábricas no Ceará, tinha fábricas no sul e assim que pôde transferiu sua produção para a China economizando muito e nem por isso seus preços tiveram redução.
    Hoje há um consenso que nosso Congresso virou a Casa da Mãe Joana, acredito que nada seja mais apropriado para um país que é a Mansão da Mãe Joana!

  8. A Desvalorização do real frente ao dólar serve a esses interesses, para que estrangeiros comprem bem baratinho nossas empresas.

  9. (Engano no texto: quase nenhum dos edificios de apartamentos da rua 57 tem vista pro Central Park, cujo lado sul comeca na 59)

  10. Ora, ele mereceu … Tanto é que ele conseguiu vender a sua empresa, a AMIL, por um valor maior do que o cobrado pela Vale do Rio Doce. E ainda continuou como sócio. Eu mesmo não sabia que um plano de saúde valesse tanto assim. Ou será que foi a Vale que foi vendida muito barato???

  11. Como isso dói, dói na alma.
    Näo vivo no Brasil desde 1998. Sou dona de casa, casada com um alemäo , vivemos da sua aposentadoria o que näo é muito.
    Por näo viver no Brasil e näo tenho nenhuma fonte de renda, näo declaro à receita o que näo tenho.
    Por näo declarar em 2007/2008/2009 , fui incluida na lista de devedor na receita federal. Agora em maio passado tive de viajar ao Brasil para resolver esse problema e pagar uma multa ou dívida , sei lá, de R$ 738,00. O valor é pequeno ? sim, mas para mim que näo devia nada e nem tenho rendimentos nem no Brasil nem na Alemanha foi muita grana.
    Dá para entender isso ?

    1. Comigo aconteceu algo parecido. Comprei um produto num site internacional, pois o produto não tinha no Brasil, pelo naquele momento. Fui taxada com valores custando quase o dobro do produto. Recorri da cobrança me deram um desconto ínfimo, não aceitei e devolvi o produto. Saí perdendo, claro, mas acho um absurdo um único produto ser taxado enquanto a RF faz vista grossa para coisas bem maiores. Até quando sangraremos para que haja mudanças significativas, no âmbito coletivo?

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