Mello Franco e os “dividendos da facada”

Lúcido artigo de Bernardo Mello Franco, hoje, em O Globo:

“Madrugada de sexta-feira, entrada da Santa Casa de Juiz de Fora. Cercado de câmeras e microfones, o deputado Flávio Bolsonaro é questionado sobre o estado de saúde do pai. Ele responde em cinco segundos e emenda uma mensagem política: “Vocês acabaram de eleger o presidente. Vai ser no primeiro turno”.

Passado o susto, a campanha do PSL parece viver um momento de euforia. O atentado a Jair Bolsonaro abriu uma nova fase na corrida ao Planalto. No cálculo frio da política, já ficou claro que o ataque renderá dividendos eleitorais ao capitão.

O presidenciável era criticado por abusar de gestos agressivos e declarações irresponsáveis, como “invadiu, é chumbo” e “vamos fuzilar a petralhada”. Agora o candidato que prega a violência virou vítima da violência. Na hipótese mais conservadora, a metamorfose tende a reduzir seu índice de rejeição.

Bolsonaro também ganhou uma trégua dos adversários. Os comerciais que desgastavam sua imagem já sumiram do ar. Os marqueteiros não tiveram escolha. Atacar um candidato hospitalizado significaria desferir uma facada na própria campanha.

O atentado ainda resolve outro problema do capitão. Filiado a uma sigla nanica, Bolsonaro surfava nas redes sociais, mas sofria com a subexposição na TV. Tinha direito a uma pequena fração da propaganda obrigatória, além do registro de sua agenda nos telejornais. Desde quinta-feira, ele domina o noticiário. Seus oito segundos se multiplicaram em horas de cobertura jornalística.

Embora tudo indique que o agressor é um desequilibrado que pensava agir por ordem divina, os bolsonaristas não se constrangeram em dar tom político ao episódio. “Eu não acho, eu tenho certeza: o autor do atentado é do PT”, acusou o vice Hamilton Mourão, sem apresentar qualquer prova. “Se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”, emendou o general.

O pastor Silas Malafaia, veterano em baixarias eleitorais, divulgou boatos na mesma linha. “O criminoso que tentou matar Bolsonaro é militante do PT e assessora a campanha de Dilma ao Senado”, afirmou. Dupla mentira: o criminoso esteve filiado a outra sigla, o PSOL, que também não tem responsabilidade pela agressão.

O atentado aumenta a tensão de uma campanha que já estava radicalizada. Os rivais de Bolsonaro reagiram no tom adequado, solidarizando-se com a vítima e condenando a violência. Ele ensaiou moderar o discurso, mas emite sinais contraditórios. Ontem posou no hospital fazendo o gesto de atirar.

Enquanto se recupera, o capitão deve ser representado pelos filhos e pelo general Mourão. Na noite de sexta, o vice mostrou que está alinhado com o companheiro de chapa. Em entrevista à GloboNews, ele chamou um torturador da ditadura de “herói” e admitiu a hipótese de um golpe militar em caso de “anarquia generalizada”. O oficial mencionou a figura do “autogolpe”, expediente usado por presidentes autoritários em repúblicas bananeiras.

Que ninguém se engane: depois do atentado, o bolsonarismo continuará a ser o que já era. Só que com mais chances de chegar ao poder.”

Fernando Brito:

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  • Chances de chegar ao poder eu não sei, mas de continuar a truculência isso já está demonstrado. O capitão parece que não raciona logicamente. Para a desgraça dele e de muitos brasileiros, infelizmente.

  • Boçal Nato ficou mais exposto na mídia, é fato, mas isso só continuará porque o PIG assim o quer, já que virou o "plano B" deles.

    Não creio na tese do ganho de votos pela solidariedade, já que trata-se de alguém que tem muita rejeição justamente pela empáfia e ódio.

    Mais difícil ainda é o delírio de ganhar no primeiro turno, pois simplesmente não há possibilidade matemática para tal.

    Para isso acontecer ele teria que virar um "Cristo" - só se a Globo bancar uma "turnê" pelo Brasil, em que ele se interna num hospital de cada estado, cada cidade, com a desculpa das "consequências" da facada, a saber: Dor de dente, queda de cabelo, espinela caída, dor de ouvido, etc.

    • Também acho. Ninguém muda voto porque um candidato com mais de de 60% de rejeição foi ferido. O artigo do Mello Franco reproduz o desejo da direitona e da mídia canalha como se fosse realidade.

    • Esse tal de Flávio Bolsonaro não deve ter um mínimo de amor pelo pai. Não pensou duas vezes em faturar eleitoralmente com o atentado. Parece até muito satisfeito.

      • Penso que se fosse necessário e lucrativo eles venderiam a própria mãe e as avós.

        • Vc sabe que o Bolsonaro era deputado estadual no RJ e a mulher dele, a primeira, era vereadora, ambos pelo mesmo partido. Aí surgiu uma desavença conjugal e o capitão não titubeou: alijou a mulher da disputa política e em seu lugar colocou o primeiro filho. E este nem pestanejou: aceitou de pronto o mimo do pai. Aí esta a gloriosa família Bolso.

          • Afinal, esperar o que de um cara que chama a própria filha (uma criança!) de "fraquejada"? Quem sai aos seus não regenera.

      • Filho de peixe peixinho é.
        Fascista não pensa em família, fascista pensa em poder.
        E esse dito e filho de um peixe fascista.

  • Escancararam! O Brasil já vive uma ditadura. O que era suspeita agora está revelado, os milicos estão sorrateiramente por trás do golpe. Triste país. Estamos condenados a viver eternamente sob os coturnos dessa lai.

  • Quem tem que preocupar com a superexposição do Bolsonaro é o Alkimin... esse sim, vai para o ralo.

  • É o caso de se perguntar, quem é pior para o país, Bolsonaro ou Alkimin??? Tirando como exemplo os governos FHC, vê-se claramente que o Bolsonaro é um mal menor.

  • O matuto velho continua a acreditar que no Brasil não há coincidências!
    O troglodita nazista 'já-ia' BOSTAnossauro foi 'sFACHINhado' pelo script da Globo/CIA!
    Esta farsa tem que ser investigada rapidamente!
    Depois que passar o período eleitoral, os mafiosos filhos do "dotô" Robert(o) Marín(ho) vão "vazar" a notícia de quem foi o diretor de dramaturgia (ir)responsável pela fraude secular!
    Sim, e ficará por isso mesmo, data venia do 'sFACHINhador' do STFede!
    E do TSE!
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    Filho de Bolsonaro mostra na rede social camiseta fake com mancha vermelha e furo

    Publicado em 9 setembro, 2018

    (...)

    FONTE: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/filho-de-bolsonaro-mostra-na-rede-social-camiseta-fake-com-mancha-vermelha-e-furo/

  • Está difícil, muito difícil. Os petistas e aliados sozinhos são donos de proximamente 30% do leitorado. Os que aderem ao seu programa, que admiram o Presidente Lula e sabem de sua importância, as pesquisas mostram que estão próximos de mais 10%. É sonhar que os eleitores de Lula, diante ou de uma farsa, ou aproveitamento de um deplorável acontecimento, para tirar proveito eleitoral, possa mudar de voto. Assim, tirando as esquerdas que estão também concorrendo, principalmente os eleitores de Ciro Gomes e Ricardo Boulos, as possibilidades de mudança de voto só pode ocorrer no campo da direita. Mesmo assim, como impacto da facada não chegou a produzir os efeitos desejados, apesar dos esforços da Globo & cia., não se deu uma comoção, uma imensa maioria percebeu o grotesco da situação, não impactou a opinião pública. Esse tipo de análise, vinda da Globo, serve mais para dar seriedade às pesquisas marretadas que tendem a surgir. Ver se recuperam o dinheiro jogado fora (R$ 600 mil) nas pesquisas que mostravam que Lula/Haddad venceriam já no primeiro turno. Quem sabe, com uma boa marreta eles não conseguem um milagre?

  • Pessoas adversárias políticas dele não se solidarizarao com nazistas por causa do atentado ainda questionado.

  • Um dado muito importante tem passado ao largo dos jornalistas progressistas: foi logo após a internação de Bolsonaro que o filho apareceu na mídia para informar que "graças a Deus foi apenas um furo superfical; ele está bem". Ontem soube por um blogueiro que essa imagem foi retirada do ar, depois do sucesso do pai com as outras versões.
    De repente, de um furo insignificante, partiu-se para um estado gravíssimo, que teria a faca invadido o fígado e pulmões do capitão.
    Aí, é feita uma entrevista com um casal de médicos, que nega tudo, e declara que o paciente chegou com uma hemorragia interna; a faca teria rompido uma artéria, que leva o sangue aos intestinos delgado e grosso; que a operação foi bem sucedida para estancar o sangue, estando o delgado sanado, e o grosso dependendo o paciente de uma bolsa, etc.
    Vai o paciente de Minas para SP, e do Einstein não se ouviu até o momento nenhum boletim médico sobre as condições do paciente. Não se trata de qualquer hospital, mas de uma referência nacional, e, portanto, pode muita coisa, até mesmo a ausência de notícia do fato por razões desconhecidas.
    Outro dado esquisito nessa história é a gente ver imagens de pessoas adentrando uma UTI, com imagens para ninguém duvidar, quando sabemos ser isso anormal. Em todo hospital as visitas a pacientes em UTI, quando não são proibidas, são restritas a uma ou duas pessoas da família, principalmente, por dia.

  • Esse negócio de dizer que ele é vítima da violência é contraditório. Os marqueteiros e aliados dele podem dizer isso. Mas são os primeiros a agirem com violência ao atacarem o PT, como Janaina, Mourão, Magno, Malafaia, os filhos e o próprio devem ter dito. Já agiam antes, a desejar a morte de Dilma, de Lula, aos ataques ao acampamento de Lula, dos fãs desse cara, serem praticamente de feminicidios, desejar a morte dos eleitores petistas. Na medida que as inserções de Alckmin passavam na TV, o eleitorado iam tomando cada vez mais aversão a Bolsonaro, e um extremista - do mesmo naipe do eleitorado dele e até como ele... só esperou uma oportunidade pra deferir o golpe. Mas se ao invés da faca, fosse uma arma? E digo mais, eleitores a averso a ele, não estão vendo ele como vítima, não. Mas o responsabilizando pelo ocorrido.

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