Daqui a pouco, André Mendonça toma posse, por até 2047, quando completará 75 anos.
Por quase 26 anos, carregará uma marca que, se foi Jair Bolsonaro quem lhe pespegou, como um estigma, de ser o “terrivelmente evangélico” juiz da Corte Suprema.
Tudo o que soube dele, antes mesmo de que fosse colocado no Ministério da Justiça, é que era bom servidor da Advocacia Geral da União, capaz e trabalhador.
Mas, sempre, zumbindo em volta das chefias para colocar-se bem na fita funcional.
No trabalho, ali, não era considerado um conservador feroz, que é o que se teme venha a ser em sua longa permanência no STF.
E não é um temor em vão, porque a até há dois anos impensável cadeira na Corte Suprema foi, todos vimos, lembrou um estranho Fausto Evangélico, em que ele assumiu sem pudores a vinculação não só aos líderes evangélicos como a posição de um estafeta do Presidente, algo que Jair Bolsonaro não cansa de repetir.
Algo deprimente para alguém que terá sobre os ombros a tarefa de aceitar a diversidade humana e julgar as decisões de Jair Bolsonaro com independência.
Se a tiver, será maldito e tratado como traidor. Se agir como sabujo, ficará como fica Nunes Marques, o primeiro indicado do Presidente, um pária na Corte.
Para ele, talvez o comportamento que se lhe seja um “terceira via”, prolongando os casos que peçam sua manifestação e tenham potencial explosivo.
Com um novo governo, cessarão as “pressões da gratidão” e do fundamentalismo religioso e ele poderá, para o bem e para o mal, ter a independência sem a qual não se terá um juiz.
Seus primeiros dias dirão um pouco do que se pode esperar dele, apesar de ter ali, como um terrível falcão a vigiá-lo, aquele cujo bico o levou àquela cadeira a que, por seus méritos, não chegaria.
E o melhor da sua posse foi que ele não teve de falar.