A decisão da Procuradoria Geral da República em pedir ao Supremo Tribunal Federal para que Roberto Castello Branco preste declarações para esclarecer a que se referia quando, num grupo de Whatsapp, disse que tinha no seu celular corporativo “mensagens e áudios” que poderiam incriminar Jair Bolsonaro parece ser uma providência para “limpar a área”.
Posso estar errado, mas acho improvável que Castello Branco vá ser direto e objetivo nas respostas indiretas e subjetivas, perdoem o aparente paradoxo.
Se tiverem dois minutos para pensar, em lugar de um bate-boca via chat, homens de negócio não fazem jogos sem volta com o poder.
Sai mais prático dizer que “estava de cabeça quente” ou que disse que eram apenas alguns palavrões que, revelados, poderiam “ficar mal” para um presidente, como se não estivéssemos acostumados ao esgoto verbal de Bolsonaro.
Além do mais, nada “andará” no Supremo ou no TSE até a definição das eleições. Os altos tribunais não tomarão nenhuma decisão que possa ser usada por Bolsonaro para colocar-se como vítima e incitar ataques ainda mais fortes ao Judiciário.
Por isso, adia-se a posse da nova presidente, para não coincidir do o “Sete de Setembro insurrecional” prometido pelos bolsonaristas e, provavelmente, tolerar-se-á o estupro da Constituição com a PEC “Compra Votos”.
O zapzap indiscreto de Castello Branco é fichinha. Bolsonaro é um mal tão grande que, depois de solto, só pode ser esconjurado pelo voto.