Câmara repete ‘jeitinho’ do Senado com a ‘PEC Compra Voto’

O roteiro está armado: a exemplo do que fez o Senado, apensando a proposta de Emenda Constitucional da “compra de votos” a uma outra, já com tramitação avançada, para aprovar a toque de caixa os “vale tudo” com que o governo Bolsonaro conta para a reversão das pesquisas eleitorais.

Com isso, burlam-se os prazos e ritos regimentais para o exame de propostas de alterações na Constituição e caminha-se para aprovar os pagamentos a tempo de que influam nas eleições de outubro. O relator Danilo Forte, herdado da proposta-hospedeira (que tratava de incentivar o consumo de biocombustíveis), pretende apresentar o relatório até depois de amanhã e votar o texto no dia seguinte.

A gula de todos se apresentarem como “bonzinhos”, porém, pode criar atrasos ao plano. É que Fortes resolveu apresentar mais um “vale”: o “vale Uber”, destinado a oferecer um subsídio mensal aos motoristas de aplicativos.

E isso pode atrasar em mais alguns dias a aprovação das medidas e em muitos outros a implantação dos pagamentos, porque terão de ser criados cadastros que inexistem na administração pública.

O ‘rombo’, que começou em R$ 29 bi e passou a R$ 42 bilhões na versão aprovada pelo Senado, pode passar agora a R$ 50 bilhões. Mas cada bilhão não é nada perto de cada dia dos 90 que faltam para a eleição.

E aí já não é só a questão de não ganhar eleitores – como é o caso do “Auxílio Brasil”, voltado para os mais pobres, majoritariamente eleitores de Lula.

Caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativo, por tudo o que se pode perceber, são, em grande parte ou até em maioria, apoiadores de Bolsonaro. Se o auxílio já não lhes resolve quase nada, o atraso no seu pagamento pode criar frustração e revolta.

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