Merval, torcedor de Moro, quer Ciro como ‘2ª via’ da Lava Jato

Merval Pereira, agora recolhido aos horários mais periféricos da Globo, usa hoje a sua coluna ainda publicada em O Globo, para mais um curioso exercício de seus próprios desejos.

Mostrando-se esperançoso de que Sergio Moro resolva ser candidato – “o que cada vez parece mais provável”- afirma que” teremos uma eleição no ano que vem que reeditará os grandes embates ocorridos no país durante a Operação Lava-Jato.”.

É de indagar que “grandes embates” foram estes, já que havia praticamente houve um monopólio da fala por parte dos procuradores de Curitiba e do então juiz, verdadeiros anjos para ele, Merval, e 99,9% da mídia. E, aliás, Lula passou a campanha eleitoral encarcerado e amordaçado, ao ponto de nem mesmo entrevistas a jornais lhe terem sido permitidas, senão depois das urnas fechadas.

Ainda assim, Merval faz de conta que a figura de Sergio Moro não se enlameou e perdeu sua luminosidade depois que vieram à tona as armações dos processos de Curitiba, que acabaram a levar o Supremo a declarar suspeito o ex-juiz e nulas as condenações.

Num raciocínio recorrente aos lavajatistas, como um “prêmio de consolação” por suas derrotas no STF, insiste em que Lula “luta para vender a ideia de que foi absolvido, quando em nenhuma decisão judicial ele foi considerado inocente”, como se processos anulados por vício do juízo ou prescrição não restabelecessem a presunção da inocência, não apenas constitucional mas conceito universal no meio jurídico.

O máximo que faz é conceder que Moro terá de “convencer o eleitorado que se decepcionou com ele de que nada aconteceu de errado na sua relação com os procuradores de Curitiba”.

Parece claro que não será assim, seja porque Moro vacila em ser candidato, seja porque a suspeição de Moro foi fixada por 7 dos 11 ministros, contra os votos de apenas quatro, seja porque, a esta altura, a equipe jurídica do PT e o próprio Lula já têm alinhavada uma série de pedidos de direitos de resposta para tomar o horário dos adversários no rádio e na televisão a cada vez que eles procurarem apresentá-lo como um condenado.

Se há alguém em dívida neste caso é a própria Justiça, que manteve preso por 580 dias alguém que, depois, ela própria reconheceria não ser justa a condenação.

Mas é aí que Merval lança mão de sua militância de “tudo menos Lula” e sugere que Ciro Gomes lance mão do arsenal lavajatista sobre Lula e incorpore o papel ao qual Moro talvez não possa se prestar.

“O que parece mais uma birra de Ciro faz parte de uma estratégia eleitoral que está levando o PT a ter que reviver o governo Dilma, de quem Lula quer se distanciar, e toda a discussão sobre a corrupção petista que o partido tenta apagar da nossa história, como aquelas fotos do período stalinista que faziam desaparecer os desafetos do ditador.”

Caramba, Merval, nesta comparação de Lula com Joseph Stalin sua imaginação foi longe demais, tanto quanto foi naquela história das coxas do Lula.

Pior, porém, é que talvez Ciro Gomes, que também está com esta lulofixação, é capaz de gostar da comparação.

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