Moïze Kabamgabe, o rapaz assassinado por espancamento num quiosque da Barra da Tijuca, tem Moisés – com o francês da ex-colônia que é o Congo – como nome.
Ironicamente, perdeu a vida na terra prometida onde refugiou-se pelos trocados de dois dias de trabalho que teve a audácia de cobrar ao dono da venda.
Hoje está fazendo uma semana do crime bárbaro nada ainda foi feito para apurar o crime, embora a polícia diga que já ouviu “oito pessoas”. Há um vídeo, narra-se, onde toda a cena do espancamento e do abandono do corpo inerte de Moisés, jogado e amarrado.
Não se sabe – senão por uma postagem do “Anonymous” quem é o dono do quiosque que providenciou a surra mortal com quatro capangas, mesmo sendo um quiosque de praia uma concessão pública e, portanto, com responsabilidades documentadas oficialmente.
Mas se sabe que a Barra da Tijuca é território de polícias e milícias, onde só as ondas do mar não pagam para funcionar.
Estamos discutindo “racismo reverso” quando gente negra está sujeita a morrer a pau (ou taco de beisebol) nas ruas.
Ninguém quer fazer com os assassinos de Moisés o que eles fizeram ao rapaz, mas que sejam tratados com o rigor e as penas da lei.
Este encobrimento fede, além da podridão do racismo, ao pântano das cumplicidades.