Dez militares envolvidos na fuzilaria que matou o músico Evaldo Rosa, de 51 anos, ontem, em Guadalupe, estão presos.
Devem responder pelo pavoroso homicídio de Evaldo, pelas tentativas de homicídio dos outros dois homens feridos, hospitalizados em estado grave, e das duas mulheres e da criança pequena, que milagrosamente escaparam da saraivada de mais de 80 balas disparadas contra o carro.
Mas este crime, infelizmente, tem outros culpados, autores intelectuais de uma – e de várias outras, pode apostar – chacina oficializada.
Quem insuflou aqueles rapazes, desqualificados e despreparados, a atirar primeiro e perguntar depois?
Quem lhes deu a ideia de que poderiam impunemente atirar em seres humanos sem terem sido atacados, simplesmente porque achavam que eram bandidos?
Quem lhes deu voz de comando para atirar não para imobilizar um veículo, mas para matar pessoas sobre as quais não tinham provas, mas convicção de que eram criminosos?
Não é difícil entender que todos se sentiram estimulados para agir assim por um presidente que faz apologia da morte, por um Ministro da Justiça que considera o “medo”, a surpresa ou a violenta emoção para caracterizar a legítima defesa sem que tenha havido, sequer, a ameaça de uma “injustificada ameaça”.
E por um governador que manda “apontar na cabecinha” e atirar.
Também têm culpa os oficiais que lançaram estes rapazes fardados na rua sem limites ao potencial ofensivo de suas armas de guerra. Pior, sem nenhuma reação imediata e, só no dia seguinte, diante da repercussão pública, ordenar a prisão em flagrante de sua patrulha, assumindo o que sabiam ser falso, que se tratou de um “ataque de bandidos”.
“Colaria”, se por acaso o morto tivesse uma passagem pela polícia, o que nada teria a ver com o fato.
E os generais comandantes, também não são menos culpados, porque negligenciaram os riscos de armar incapazes e irresponsáveis, que arruinaram anos de construção de uma imagem de respeito às Forças Armadas.
Tornaram-se, assim, cúmplices de um processo de desmoralização dos militares brasileiros interna e externamente.
O Exército Brasileiro não merece, nem por aqueles que atiraram, nem pelos que os insuflaram, nem pelos que os acobertaram, ter a imagem de um bando armado de assassinos.
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Mas se tornaram....
Perfeita a identificação dos verdadeiros autores intelectuais deste hediondo crime.
Moro apresentou-se no papo com Bial. Oxalá a Globo não se arrependa amargamente de tentar reaproveitar e relançar esta figura.
Quando a desembargadora irá soltar sua imbecilidade? 8, 7, 6,...
Duas semanas e já esqueceram isso.
Esqueceu o Doria...
A já péssima imagem imagem das FFAA, completamente desmoralizadas pelo conluio do golpe e pela subordinação tão ilegal quanto sabuja a interesses estrangeiros, perde o que ainda lhe pudesse restar de mera aparência ao levar diretamente à ação a apologia da violência de um presidente sociopata e seu insano ministro justificador de covardias.
No que depender desses facínoras de alta cúpula, sentiremos em breve saudades do tempo em que o Brasil era o país do futuro, de um futuro que nunca chegava, mas em relação ao qual pelo menos se podia ter esperança; e de quando, no Brasil, eram registrados "apenas" uns 60 mil homicídios por ano.
O fim do futuro chegou. E o signofocado que querem dar à farda acabará assegurando um ano de homicídios por mês!
Bem, pelo menos, poderão abrir muitas vagas de emprego para coveiros!
"O Exército Brasileiro não merece, ... , ter a imagem de um bando armado de assassinos."
Desculpe, até onde me lembro da história, merece sim; embora não deveria ter e não desejemos essa imagem.
Pois é...
E o governo Bolsonaro realiza outra tragédia anunciada.
Vai "cagando" o nome dos militares no país.
Se bem que o golpista Temer é quem começou isto, mas pela associação com a política do Bolsonazi eles estão na vitrine.
E eles nem tinha conseguido limpar adequadamente o nome depois de 21 anos de Ditadura.
será que tem volta?
a sociedade tem que se mobilizar de uma forma rápida perante crimes de extermínio ,desde agora!
o bozo foi eleito para dizimar uma parte deste país,a que estiver mais vulnerável, e desprevenida.