Moro, como sempre: “Lula é o culpado”

Quem quiser comprovar a veracidade do que disse ontem o jornalista Kennedy Alencar, ao classificar Sergio Moro como “a figura mais perigosa para a democracia brasileira“, leia a entrevista que o Ministro da Justiça dá à Folha de S.Paulo.

O tom é, todo o tempo, o do diálogo do lobo com o cordeiro imortalizado pela fábula. Aliás, o mesmo de seus famosos interrogatórios da Lava Jato.

O que ele acha é a verdade, as realidades que se amoldem a isso, mesmo que indiquem o contrário.

A razão de que as pesquisas indiquem o crescimento da impressão de fracasso do combate à corrupção é, para ele, que a adequação das ações judiciais à letra da Constituição levam a um aumento da percepção de corrupção, no caso pelo Supremo ter decidido que o cumprimento da pena não é automático após a condenação de 2a. instância.

Numa palavra, é “culpa do Lula”.

Qualquer pessoa que acompanhe a realidade verá que, na raiz desta percepção está outra coisa: o discurso – dele, inclusive – que o afastamento do governo eleito em 2014 e a exclusão da esquerda de todos os postos de poder traria uma montanha de recursos aos serviços públicos e a melhoria das ações de governo, as quais não funcionariam bem, claro, pelos desvios que nelas havia.

A realidade, às vésperas de se completarem quatro anos da ruptura democrática, mostrou que a carência, a estagnação e a crise não eram, em absoluto, frutos disso, mas de problemas estruturais e de opções econômicas que, afinal, pouco ou nada mudaram, exceto pela cassação de direitos e cortes nas verbas que, prometiam, iria abundar.

No caso do ministro Álvaro Antonio, indiciado e denunciado no escândalo das candidaturas laranja do PSL, tudo normal. Bem diferente do caso de Lula, que nem denunciado era, havia uma emergência nacional e uma imposição moral para que se apelassem a métodos ligais para detê-lo.

No resto, os fatos, bem ao estilo Curitiba, não vêm ao caso.

Os diálogos da Vaza Jato não significam nada. Invocação do AI-5, idem, porque não é tema do governo. A excludentes de ilicitude não são leniência diante de abusos policiais, embora seja ilógico mudar leis para manter exatamente o que já está nelas. A sua estratégia de combate ao crime é, essencialmente, a de acreditar “piamente” que seguir a linha de 20 anos, a de escalar penas e apertar seu cumprimento – num país que tem 800 mil presos! – irá “reduzir a impunidade” e ter “efeito na redução de crimes”.

Pode procurar com lupa alguma menção a questões sociais, educacionais, a mais trabalho e emprego para a juventude pobre e você não encontrará.

Não é um ministro da Justiça, muito menos da social, é o “Ministro da Cadeia”. Aliás, bem que poderia ser o título de seu programa: “Cadeia para Todos”, numa alegoria do Dr. Simão Bacamarte, o personagem de Machado de Assis, que mandou internar a cidade inteira.

Durante toda a entrevista, por um instante sequer, Moro despe o manto da arrogância. Está sempre certo e qualquer questão que se levante é “bobagem”, mentira ou irrelevante. A prova? A prova é que quase sempre o sistema de Justiça confirmou o que ele dizia, argumento pouco quando discordar dele significava ser levado ao pelourinho.

Nada mais constrangedor, porém é a defesa incondicional que faz de Jair Bolsonaro, jurando que não pensa em candidatura, nem a Presidente, nem a vice.

O cinismo quase chega a escorrer da tela do computador,

Não se o acuse, porém, de incoerência. Se em tudo ele segue a portar-se como o juiz arrogante de Curitiba, não seria nisso, no mentir sobre suas ambições políticas que Moro seria diferente.

Fernando Brito:

View Comments (17)

    • Errado. Para os inimigos ele não aplica a lei. Se aplicasse a lei, por exemplo, jamais sequer teria julgado Lula, por 2 razões, a primeira por que não tinha competência jurisdicional sobre os casos; a segunda por que as ações são ineptas, isto é caracem de indícios sólidos para que um juiz imparcial e que aplique a lei aceitasse as ações. Ainda que tivesse herdado os processo em fase final, jamais poderia ter condenado, por absoluta ausência de provas.
      Para os inimigos ele usa o aparato judicial para fazer perseguição política, pura e simplesmente isto.
      A perseguição é fruto de seu papel de sicário do golpe a serviço e sob o comando direto da CIA, via departamento de justiça e departamento de estado.

  • ESTE SUJEITO É UM ---DELINQUENTE---.
    ARROGANTE,IMORAL,VULGAR,VULGAR MESMO .
    NADA SERÍA,NÃO FOSSE O SUPORTE DA MÍDIA CANALHA QUE O "VENDE" COMO A "SOLUÇÃO" AS MASSAS IMBECIS,MAIORÍA NESTE PAÍS.
    MAS NADA QUE SUBA TANTO SE MANTERÁ,ELE CAIRÁ PORQUE CARECE DE BASE MORAL -------,É BANDIDO.-----
    POR OUTRA PARTE ,QUE ACONTECE COM O THE INTERCEPT ??? DE CONTINUAR ASSIM ,POUCOS LEMBRARÃO QUE UM DÍA EXISTIÚ A VAZA-JATO.

  • Moro CONJE e o Januário? Zucoloto e Rosângela Moro versus Tacla Duran?

  • O plano de Moro é o plano dos que cobiçam se apossarem do Brasil, destruindo suas estruturas institucionais, culturais e científicas e anulando qualquer possibilidade de seu crescimento industrial. Eles pretendem promover a destruição do país como grande player industrial e cultural, e sua redução a mero fornecedor de matéria prima para as nações centrais. E no campo do fornecimento de alimentos, não se pense que faz parte do plano que o agronegócio fique em mãos de brasileiros: Toda a produção de alimentos será tomada por grandes multinacionais. É por isso que os agentes desta destruição estão tentando alargar ao máximo a terra disponível para o cultivo, com a promoção e a legalização do desmatamento da Amazônia. O que nos dá esperança de enfrentar este plano, que em última análise é o mesmo plano Rumsfeld/Cebrowski de destruição das estruturas estatais dos países periféricos, é sabermos que este plano está sendo enfrentado e derrotado em todo o mundo, a começar pelo Oriente Médio.

  • A manchete diz, e muito bem, do CORRUPTO agente da CIA

    Um CANALHA que um dia será julgado por LEZA-PATRIA!

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