Moro errou e pode entrar em vertigem

Ontem, antes da pesquisa Ipec, que lhe deu apenas 6%, disse aqui que luzes amarelas de alerta se acenderam e piscam, assustadas, na candidatura de Sergio Moro.

Insisto no pressentimento, já nem tão pré, vendo a reação de seus mais denodados propagandistas.

Hoje foi a vez de Merval Pereira sinalizar que está perto de jogar a toalha, em seu comentário na CBN:

Acredito que há hoje um consenso no Brasil: tirar o Bolsonaro é a primeira coisa a fazer; depois se escolhe em quem votar. Se houver uma terceira via capaz de disputar o segundo turno, tirar Bolsonaro, essa terceira via será fortalecida e muita gente que hoje está com Lula vai sair. Só que ela não sai do lugar. Parecia que Moro tinha se descolado dos outros, com dois dígitos, mas se ficar tecnicamente empatado com Ciro Gomes, a escolha fica fácil para quem é contra Bolsonaro.

À noite, na Globonews, completou o raciocínio dizendo que, sem um índice de dois dígitos no Datafolha que sai ainda esta semana, e com um desempenho semelhante para o ex-presidente, a coisa fica muito difícil para Moro e é bem possível uma vitória de Lula no primeiro turno das eleições.

Certo que Merval já não é mais que um velho general prussiano do conservadorismo, mas ainda reflete o pensamento da velha direita, já que a nova, nesta matéria, nem tem o que ser refletido, a tomar pelos aplausos dados hoje ao “ripei o Iphan” de Bolsonaro nos salões da Fiesp.

E não é o único. Reparem que está desaparecendo na mídia a euforia simpática, porém contida, ao ex-juiz, agora de volta aos EUA, numa viagem que, positivamente, só poderia passar pela cabeça de quem achava que o mês e meio que passou no Brasil já lhe seriam de consagração.

Está numa sinuca em relação ao vice – Luciano Bivar, que alugou seu PSL a Bolsonaro, agora quer muito mais por seu tempo de televisão e nada pretende dar do seu robusto Fundo Partidário – , nada conseguiu de sorrisos e apertos de mão nos encontros dos quais pretendia trazer adesões e conseguiu , nos últimos dias, transformar-se de pedra em vidraça com o escandaloso caso de sua passagem por uma multinacional do ramo de falências.

E, ao contrário, viu foi seu maior adversário, Lula, ser aquele que criou fato relevante em sua campanha, com a bem encaminhada adesão de Geraldo Alckmin, a grande surpresa surgida no último mês e que consolida um quadro em São Paulo que bloqueia ao ex-juiz os espaços livres que havia em São Paulo, maior eleitorado do país. Neste momento, por lá, Moro está reduzido aos meninos do Kim Kataguiri.

Fez, também, Bolsonaro abandonar o “Paz e Amor” a que havia se prostrado e reacender seus ódios e grosserias, bem mais agradáveis aos estúpidos que a conversa mole do ex-juiz.

É por isso que a afirmação que abre o post é algo a considerar. Moro é um homem acostumado a mandar, não a convencer.

E, sem a toga e sem a idolatria, está em apuros.

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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