O título da comédia de Shakespeare, que uso aí em cima, bem serviria para descrever o levantamento de Igor Gadelha, no Metrópoles, sobre os “efeitos eleitorais” das tais “derrapadas” de Lula tão destacadas pela mídia, como sendo desastres para sua candidatura.
E estes efeitos, mostram os números, foram exatamente zero.
Sim, eles podem servir como dificuldades extras para ele, por fornecerem munição para a agitação bolsonarista nas redes e para a excitação das suas hordas, prontas, como se vê, a mandarem “comandos” para aparentar um clima de hostilidade pública ao ex-presidente.
Mas não alteram nada na disputa real.
Apesar disso, tem-se de ouvir que a campanha de Bolsonaro “tem estratégia”. Se tem, é a do golpismo evidente.
E, é claro, a de tentar de todas as formas não explodir já de vez a crise econômica, mesmo à custa de toda irresponsabilidade fiscal (alguém lembra de como a mídia dizia que isso era “risco Lula”).
Amanhã, os sete partidos que apoiam o ex-presidente (PT, PSB, Psol, PV, PCdoB, Rede e Solidariedade) lançam a sua pré-candidatura.
E o centro do discurso de campanha vai, com toda a certeza, para aquilo que realmente importa na campanha eleitoral.
Se você não, eu já vi e ouvi, mais de uma vez, o efeito dos panfletos pró-Lula que são exibidos em todo o país onde há uma prateleira de supermercado, um depósito de botijões de gás, um cartaz com preços nos postos de gasolina.
“Tem que tirar este homem”, ao que não há argumentos em reação.
Mas quem ter de dizer isso é quem sente, porque são o homem e a mulher que sentem isso no dia a dia e é pouco eficiente fazer comparações estatísticas na comunicação de massa.
Perder-se em “tantos por cento” de aumento disso, “quantos por cento” de aumento daquilo são informações frias, sem alma; a dificuldade em comprar o pão dos filhos, ao contrário, arde.
Lula é alguém que não pode, como ocorreria com outros, ser visto como um turista dos dramas sociais: sua história de vida e sua passagem pelo governo fazem com que isso seja natural, sincero e que tenha significado.
Quem duvidar, pegue a coleção de fotos de Lula e repare como é junto do povão e de todas as suas emoções que Lula fica mais forte e expressivo.
Campanha com foco é campanha com poucos erros; campanha com argumentos irrespondíveis e com temas que todos sentem, vira conversa de rua; campanha que se volta para fora e desestimula disputas internas de “espaço”, ganha a população.