Não é Janot que está louco, é o Brasil

Ora, vamos, o surto nárciso-canalho-psicótico de que foi acometido o senhor Rodrigo Janot não é um episódio isolado na vida brasileira.

É apenas uma erupção explícita do grave processo de infecção autoritária que, há anos, passou a acometer nossa sociedade, desde que as corporações judiciárias entraram em metástase, potencializada pela mídia, e passaram a pretender ser o poder supremo entre nós.

Valeram-se, para isso, do mais primário maniqueísmo, erigindo na Justiça lugar do “homens do bem” e, na política, os “do mal”.

O próprio Janot, no momento em que se associou à fúria dos imberbes de Curitiba, apanhou carona na condição de “herói” , com o patético cartar em que se exibia como “Esperança do Brasil”

Ser – neste caso sentir-se e ser visto como – “do bem” dava a eles direitos extraordinários, poder absoluto sobre as pessoas.

Aos “pecadores” da política era só esperar a chegada de seus arcanjos da Polícia Federal, bem cedinho, com seu Japonês ou Lenhador, trazendo a implacável ordem do Zeus de Curitiba e, depois, de suas sucursais: Marcelo Bretas, Valisney de Oliveira…

A política trocou programas, ideias, compromissos e passou a ser feita com prontuários e promessas de armas, balas e tiros.

O direito, à base de conveniências que o adequem aos imperativos morais como o de “não prejudicar a Lava Jato”.

Veja-se agora o caso em que quer-se “modular” um princípio constitucional, o da ampla defesa, condicionando-o a que o acusado o tenha reivindicado “tempestivamente”, o que é um rematado absurdo em se tratando de direito indisponível.

Estaremos condenados a um mundo onde a realidade deva conformar-se aos ditames morais, aos dogmas de um fundamentalismo judicial, onde o crime – como o que esteve à beira de ser praticado por Rodrigo Janot se justifica pela vítima?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Mais uma contribuição de nossos doutos operadores de justiça ao direito internacional: o princípio quem não chora não mama. Até quando esse 7x1, meu Deus?

    • Até quando tivermos a suficiente vergonha na cara para acabar com isso,só depende de nós ( esse é o problema)

    • O 7x1 não é nada, já passou. O pior é o 17x1... que está em curso.

  • Toffoli , Toffoli , Toffoli . Em lugar daquele gesto com as duas mãos . O supremo aprovará a gradação , o "general" mora ao lado . Explicações ?. Tudo em nome da governabilidade , Toffoli já usou isso no Habeas Corpus de Lula .

  • Janot tem excesso de vaidade e melindre. Juntando os dois e bater no liquidificador dá o que? Para minoria dos que usam a bandeira do Brasil na costa dá tiro, ter arma, puxar a arma é uma beleza.

  • Modulação que ninguém que a prega gostaria que fosse usada contra si. O argumento dessas pessoas é por pura conveniência para uns e pura covardia dos supremos.

  • Senhor Fernando.Vamos reduzir muitos arrazoados ao respeito de tudo que acontece,no que chamam,de INSTITUCIONALIDADE.reduzamos ao conceito,inda que PRIMÁRIO;o BRASIL SE CONSTOTUE,num PAIS DE "SEM VERGONHAS NAS CARAS".Claro,que com raras exceções.Mas é um país,SEM VERGONHA.O resto, é prosódia.

  • Reduzamos,é com MAIÚSCULA e CONSTITUI,é com a letra I,também no final da palavra.

    • Que perda de tempo.....dando aula aqui!!!???? Ora, ora, ora...

  • Há anos, meu caro Fernando? Eu diria há séculos. Tá ai a literatura de Machado de Assis, de Lima Barreto que não nos deixa confundir. Em nossa história, breves foram os breves espasmos democráticos, em um corpo sempre tomado por essa infecção autoritária, permanente, incurável.

      • concordo com a idéia do crime de lesa Pátria praticado pelos membros da "operação" LJ por mais difícil que seja realmente aplicá-lo.
        só acho que os EUA precisou mover quase nenhum músculo para que esses idiotas úteis e arrivistas jecas fizessem a m... que fizeram.
        Não concordo com Ciro em quase nada, melhor, não consigo levar a sério Ciro Gomes. rs

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