Negacionismo é fogo

Não surpreende ninguém que Jair Bolsonaro tenha dito, em Dubai, diante de uma plateia de possíveis investidores, que “a Amazônia não pega fogo” e muito menos que Paulo Guedes falasse que a economia brasileira cresce “mais que a média mundial”.

Negacionista, óbvio, nega a realidade. Ou melhor, criar uma “hiper-realidade”a partir de sofismas que, por isso, é enganosa.

Florestas úmidas, como a Amazônia, têm uma taxa de incêndios naturais menor que outros tipos de cobertura florestal. Mas queimam, e muito, sob a ação humana: desmatamento, limites de pastagens, margens de rodovias e nas suas áreas de transição e extrativismo vegetal e mineral, nos garimpos.

Parte-se de uma verdade para alcançar uma imensa mentira.

Pode-se parecer, no mapa,”pequena”a área já incendiada da Amazônia. Não é, pois se fala em centenas de milhares de hectares, avançando floresta adentro e produzindo, a cada pedaço que arde, novos “corredores de fogo”.

A floresta amazônica é tão “à prova de fogo” quanto a Terra é plana e a cloroquina cura a Covid.

Igual é o “raciocínio” de Paulo Guedes: a economia brasileira está crescendo, claro, se comparada ao período de restrições máximas da pandemia, mas está ainda, abaixo do que era antes e assim deve ficar até 2029, na visão (otimista) da Fundação Getúlio Vargas, se considerada a relação entre o número de brasileiros e o Produto Interno Bruto. “O brasileiro deverá terminar o ano ainda 0,9% mais pobre na comparação com 2019 e 7,5% abaixo da máxima histórica de 2013, dizem os técnicos da FGV.

Todas estas informações, claro, estão ao alcance dos grandes financistas mundiais e suas bem pagas consultorias.

Portanto, o resultado prático do besteirol de Bolsonaro e Guedes não os ilude. Aliás, a única certeza que produz é a de que nossos governantes são insinceros e mentirosos.

Portanto, para botar dinheiro no país do Faraó Bolsonaro, só ganhando muito e no curto prazo, porque sabem que sobre ele vão desabar as sete pragas do Egito.

Sobre ele, porque já sobre nós já desabam os gafanhotos de fogo na floresta e a invasão de sapos que temos de engolir até as eleições nos livrarem do cativeiro do Mito.

 

 

 

Fernando Brito:
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