Nem para Amoedo a escolha é difícil

A declaração de voto de João Amoêdo, fundador do Novo, de que dará a Lula o seu voto no segundo turno é o que faltava para afirmar-se que votar em Jair Bolsonaro não sequer uma opção para liberais e conservadores, mas apenas uma escolha para o que chamo de 3 F – fascistas, fanáticos e fisiológicos.

Disse ele à Folha:

“No dia 30, farei algo que nunca imaginei. Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13. Apertar o botão “Confirma” será uma tarefa dificílima. Mas vou me lembrar do presidente que debochava das vítimas na pandemia, enquanto milhares de famílias choravam a perda de seus entes queridos”.

A direita suicida deu, em nosso país, a um homem tosco, desqualificado, incapaz de um mínimo de sentimentos humanos e obstinado a destruir qualquer coisa que lhe sirva de limites ao seu poder autocrático. Inclusive toda e qualquer força política que tenha a pretensão de, ao seu lado, pretenda continuar a existir com sua própria identidade.

Assim tem sido a trajetória política de Bolsonaro: ao longo de sua passagem ficam muitos mortos políticos – o PSDB é o mais evidente deles – e também os muito “vivos”, entre os quais pontificam Arthur Lira e Ciro Nogueira, hoje donos de capitais políticos sonantes, capazes de movimentar o maior programa antissocial já vivido pelo Brasil: o orçamento secreto, cujos R$ 19 bilhões alimentam uma espécie de bolsa-quadrilha” do Centrão.

O voto de Amoêdo, cuspido do partido que ele próprio criou por não querer subordiná-lo a Bolsonaro é o retrato do extermínio de qualquer força de direita diante do avanço de seu projeto de poder alucinado.

E pensar que já chamaram a isso de “uma escolha muito difícil”.

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