“Neutralidade” de adesistas revela fragilidade de Bolsonaro

Na capa do site da Folha, três chamadas: PP anuncia neutralidade na corrida presidencialPartido Novo se posiciona contra PT, mas não declara apoio a Bolsonaro e Alvaro Dias diz que vai manter silêncio no 2º turno.

Com 46% dos votos no primeiro turno, a uma minúscula fração do eleitorado da vitória, a esta hora deveria estar chovendo apoio a Jair Bolsonaro.

À exceção, porém, de quem “já tinha ido”, como João Doria e Ana “do Relho” Amélia,  é praticamente nula a adesão, ainda mais com a tradição política brasileira de adesismo.

Nem se culpe a falta de interlocutores: com sete mandatos de deputado, o ex-capitão não é um ilustre desconhecido neste meio, como os seus prepostos nas eleições estaduais de Minas, o empresário Zema e o ex-juiz de extrema-direita Witzel.

Mas, nas aparições em vídeo que fez desde a eleição, apesar de dizer que queria “unir o Brasil” (assim, vagamente, como um dia disse Michel Temer), Bolsonaro não conseguiu produzir um movimento sequer de ampliação.

Conta, claro, com a transferência “automática” dos votos dos demais candidatos, em número suficiente para dar-lhe a vitória.

Mas, embora não possa precisar ainda o que é, 40 anos de vida política me fazem crer que o fato de não se formar uma fila à porta do capitão dá sinais que aquela gente, muito esperta como sempre, pressente algo.

Se não uma reversão do quadro, um desastre com a sua consumação.

Bolsonaro está soturno e duro, pode-se perceber em suas duas aparições televisivas.

O que fará, a partir de sexta-feira, quando tiver de encher com seu vazio de ideias – não parece que ele lê uma lista de itens, quando fala? – os dez minutos diários (dois blocos de 5′) de sua propaganda eleitoral?

Tenho afirmado aqui, desde antes do primeiro turno, que havia uma “onda” Bolsonaro e ela era um movimento furioso de energia.

E quem está acostumado a surfar em ondas, quando não a pega, tem suas boas razões.

 

Fernando Brito:

View Comments (41)

  • Nulos : 7 milhões
    Brancos 3 milhões
    Abstenções: 29, 855 milhões
    Total : mais 40 milhões não votaram
    Votos de Bolsonaro: 49 milhões
    Votos de Haddad : 31 milhões
    Ou seja 1/3 da população e não 46% votaram no #bozo
    Temos chance galera!
    Vamos a luta!!!

    • É exatamente essa conta que devemos ter em mente, para nós encorajar a buscar esses VOTOS....pessoas que até podiam estar desencantada com política, mas que podem ser despertadas pela conscientização do perigo eminente do fascismo que se aproxima....bora falar com as pessoas , bora levantar esses votos que não foram dados, sejam eles em favor da Democracia, da liberdade de ir e vir, de falar e de ouvir...
      #AgoraÉHaddad .... é 13 !!!! Por nós ,e pelo futuro de todos os brasileiros
      SIMMMMMMMMMMMMM 13 !!!!!

    • Vou além do número de votos, na análise.
      Esta eleição mostrou (e muito menor escala no Nordeste) um voto de raiva contra o sistema político, contra os partidos tradicionais e candidatos com longo tempo na praça e percebidos como corruptos e/ou ineficientes, alem do anti-petismo. E ninguem melhor posicionado a canalizar a raiva e o anti-petismo que o fascista - ele é a cara da bestialidade raivosa.
      Mesmo em locais onde o bolsonarismo estava muito arraigado há muito tempo, como o Espirito Santo (Magno Malta, greve da PM sob comando de bolsonaro, etc), seus candidatos foram derrotados. Num estado como Roraima, onde todo mundo se conhece e o poder de pressão é enorme, Jucá foi derrotado.
      Em paralelo ocorreu (e persiste) uma campanha de mentiras e desinformação nas redes sociais que foi favorecida pelo fato de o fascista estar escondido e vitimizando-se e haver uma multitude de candidatos (com excessão de Boulos, todos batendo no PT, inclusive Ciro algumas vezes), situação em que não havia confrontação clara de dois projetos, de dois cenários pós-eleição.
      A manipulação foi imensa e sem dúvida orquestrada pela "internacional fascista" comandada por Steve Bannon e operacionalizada a partir central de intervencionismo/desestabilização estabelecida na Flórida (uma teia de organizações que começou voltada para a intervenção em Cuba e que se expandiu para açoes de desestabilição no restante da América Latina, sob o comando geral da CIA). Eles tem o "know how" e usam para alimentar grupos autóctones para as ações de campo. Esta manipulação criou muita espuma, confusão, desinformação e semeou o ódio e a raiva.
      Há 3 grandes grupos de eleitores de bolsonaro. Um grupo menor é de fascistas convictos (muito barulhentos e agressivos, mas numericamente não muito expressivo), estes são eleitores cativos. Um grupo muito maior de idiotas empoderados, que acham que estão mudando o mundo e creem que estão numa missão de salvação nacional, esses serão os arrependidos do dia seguinte, mas é perda de tempo tentar convencê-los. Um grupo ainda maior de gente manipulada, seja pela desinformação, seja pelos pastores, seja por desconhecimento mesmo, seja por que estão com raiva de tudo e de todos, e em grandes bolsões é o medo mesmo (medo da violência, da falta de perspectiva do amanhã). Este é o grande contingente que aderiu ao fascista nos últimos dias e não tem laços sólidos com seu voto. É com estes que devemos dialogar. Ou seja há um mar de gente que pode mudar o voto. Os fascistas convictos e os idiotas empoderados não passam da metade dos eleitores do fascista no primeiro turno.
      Estou convencido que o fascista fará menos votos no segundo turno que no primeiro.

    • Desses 147 milhões de eleitores pelo menos 3 milhões estão mortos ou incapacitadosem hospitais ou presos etc.

    • Aqui no meu trabalho tem dois bolsominions assumidos e ambos ficam falando mal do PT e o dia todo no whatssap mostrando videos e áudios contra o PT

  • A. Dias devia ter ficado em silêncio no primeiro turno para não dizer tantas besteiras.
    Menos mal que no debate da globo as emanações etílicas o deixaram apenas ridículo.

  • Mas isso pode significar também que alguém deles está negociando com os pts ,pra quem corre atrás de ganhar dinheiro,a bagunça que este verme gerará é nefasto.Os ganhos que acontecem são rápidos ,volumosos,mas de curta duração.Assim como os pts são um partido de centro (comunista ou esquerdista é uma falácia) e já mostraram não serem avessos aos ganhos do mercado o "acordo " pode resultar mais fácil.A barbarie também não é negocio pra eles,tanto que o sonho dessa turma safada,exploradora e golpista era emplacar o chuchú.
    Na hora do desespero ,acontecem alianças ou acordos que seriam furiosamente rejeitados em épocas normais.
    Quem sabe seja isso,mas que é estranho,isso é.

  • Bozo está gravando entrevistas com um "tele prompt" à frente. Ele não tem capacidade de responder nada sem uma leitura. Seu intelecto não comporta compor duas frases em sequência.

    • o eleitorado dele não liga pra isso. comecei a assistir um vídeo que me mandaram, com a destruição da placa em homenagem à Marielle e não consegui. Devia ter umas 100 pessoas, urrantes, furiosas, selvagens. Parecia um ritual macabro.

      • Mas não é o eleitorado dele que nos interessa, mas uma parcela de 4 a 5 milhões de votos que ele teve que vieram de lulistas e podem voltar no segundo turno

        • vc tem razão. + os de partidos que estão dando apoio

  • tomara que vc esteja certo, certíssimo! Ou teremos trevas e horror

  • Foi o que pensei que haveria. A música de Bezerra da Silva explica bem: Malandro é malandro e mané é mané. Mesmo ganhando, ele não teria toda essa adesão porque ele é o pior cabo eleitoral possível. Agora ele conta com o ódio, o ressentimento e o desconhecimento do eleitorado sobre ele pra vencer. Mas quando vencer, muito desses políticos, que são macacos velhos e cobras criadas na política, sabem que o governo dele não vai ser todas essas flores que dizem ser.

  • Que os deuses te ouçam, Brito. Também tenho essa impressão...

  • Se Kim Jong Un (o ditador da Coreia do Norte) for popular, o Kim Kataguiri adere a ele.

    Já leva em seu currículo adesão ao Cunha e ao Dória.

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