Novo aumento da gasolina não é “política de preços”. É fazer odiar a Petrobras

O reajuste de preço da gasolina anunciado hoje  ( + 2,25%) pela Petrobras não é “técnico”.

É mais um degrau para desmoralizar a empresa e fazê-la odiada pela população.

Não houve aumento no preço internacional do petróleo, ao contrário.

Nem a Petrobras fecha contratos ao câmbio do dia, no varejo.

Está claro que isto se destina a fazer o consumidor de gasolina sentir que está pagando a conta de “redução” do preço do diesel (a ver se vai acontecer, aliás).

Nos jornais é fácil perceber o que se pretende com isso.

Na Folha, lê-se – apenas hoje – artigos furiosos contra o controle estatal da Petrobras.

Um certo Roberto Castello Branco diz que “é urgente a necessidade de se privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais“, dizendo que a Petrobras concentra “99% do refino” de petróleo do país e que isso torna  urgente ter “várias empresas privadas competindo nos mercados de combustíveis”.

A chiadeira do sujeito não resiste a uma pergunta: porque não há mais que 1% de refinarias privadas no país, se não há monopólio do refino?

Porque estes sujeitos querem que sigamos na escolinha do Parente, exportando petróleo bruto e importando produtos refinados na capacidade ociosa do parque de refinarias internacionais.

Colônia, pura e simples.

Outro economista, Rodrigo Zeidan, diz que o pré-sal – a maior jazida de petróleo descoberta neste século em todo o mundo é “um desastre” e que investir na sua exploração, hoje equilvalente a mais da metade do que produzimos é um erro: “0 ideal seria a empresa fazer somente os investimentos básicos para explorar os poços muito viáveis e se planejar para em 30 a 40 anos não mais existir”.

Pense que barbaridade é  alguém dizer que encontrar imensas jazidas de petróleo pode ser “prejuízo” para uma empresa de petróleo.

É preciso desmoralizar a maior empresa brasileira que, apesar de agir como uma madrasta para os brasileiros, ainda tem, segundo as pesquisas, a defesa de mais da metade da população.

Nada do que está sendo feito na empresa guarda outra intenção senão a de destrui-la.

Mas esbarra no fato de que este governo não tem legitimidade mais para coisa alguma.

Até mesmo o mercado financeiro sabe que não há “política de preços”, nem política de longo prazo para a Petrobras.

Vai ganhar, quando muito ( e muito), na especulação, não no médio prazo.

Não há hipótese de “recuperar” a empresa  no “mercado”.

O projeto de entrega da Petrobras está em suspenso, até as eleições, até porque tudo o que se venha a fazer, desesperadamente, não se sustentará.

 

 

 

 

Fernando Brito:

View Comments (21)

  • Vai gostar de reajustar preço assim, lá na "casa do belzebu". O governo golpista de Temer é uma verdadeira "disneylândia" pros investidores estrangeiros e o Povo brasileiro é o "pateta".
    #TemerCanalhaLesaPátria

  • Os argumentos são tão pueris que daqui a pouco vão dizer que o petróleo não traz a felicidade.

  • A politica tucana travestida de emedebista para a Petrobras é aumentar irresponsavelmente os preços gerando inflação e jogando a conta para o Tesouro Nacional com o inevitável aumento da SELIC.

  • Os tucanos se especializaram e agora vivem de delapidar e entregar patrimônio público e se não forem impedidos vão continuar a fazê-lo. Está inscrito em seu adn e em sua maneira de atuar. Como é cada vez mais difícil justificar ou esconder esse seu modus operandi agora só pode contar com o golpismo político para poder oferecer esse seu serviço.

  • Desses aumentos, pode-se fazer também a leitura de que, depois de ter sido obrigado por aliados, os caminhoneiros, a fazer concessões na política (?) de reajustes do preço do diesel, o golpe está sinalizando que já botou um substituto à altura de Pedro Parente, e também fiel aos objetivos do Governo, e não está disposto a ceder além do que já fez. Ivan Monteiro, o substituto de Parente, já efetivou dois reajustes da gasolina, em dois dias. Aos seus aliados, Temer já atendeu. Agora, é aquela, quem pode pode, quem não pode se sacode. Os demais prejudicados com a não política de preços para reajustamento dos preços dos demais combustíveis (gasolinas, etanol, querosene de aviação e gás de cozinha) da Petrobras, certamente a imensa maioria da população (o povão e as classes médias, principalmente), que estão sendo obrigados a suportar esses aumentos, é que estão agora sozinhas com o problema. O traíra, Temer, já mostrou na prática, que está pouco ligando para os problemas que cria para a população, no seu entendimento e dos executores dessa política do golpe, é que todos devem se ajustar a essa nova realidade. Assim, o problema, que não foi de todo resolvido para os caminhoneiros, continua em toda sua extensão para o resto da população. Parece que os do golpe estão interessados em criar mais problemas, procuram direcionar a oposição para o enfrentamento. É bem avaliar, para decidir como enfrentar, agora, o golpe. Exigir a volta da política de reajuste de preços de derivados, possível com a redução da dolarização do petróleo nos custos da Petrobras, que produz a US$ 15,00/barril e vende aos brasileiros na estrutura de preços a cerca de US$ 80,00/barril, além do mais, libertando Lula.

  • Mas imaginem quanto $ o Parente e seus amigos ganharam na Bolsa com sua demissão durante o pregão? Venderam suas ações da Petrobras antes de darem conhecimento da demissão, compraram depois com a queda de mais de 18% no preço das ações e venderão novamente na segunda feira, depois de sua subida inevitável...

  • Presença do estado e redistribuição de renda são projetos distintos entre o PT e o PSDB. O PSDB não teria descoberto o pre sal, não teria feito o bolsa família e não teria realizado a politica de valorização do mínimo. Collor vendeu a CSN, FHC privatizou a Vale e as telecomunicações. O Temer entregou o pre sal e iria preparar a venda da Eletrobras e fatiar a Petrobras. Graças aos efeitos dos 121 reajustes do "CEO" da Petrobras o governo do Temer perdeu essa agenda. Lula e Dilma ajudaram os pobres sem confrontarem a ordem. Mas esse golpe jurídico e midiático que resultou no afastamento da Dilma por quatro decretos suplementares e plano safra e na prisão de Lula a doze anos de cadeia por "propriedade atribuída" explicitou todas as contradições da luta de classe. A queda do Parente pode ser o início da nossa redemocratização e a possível volta das forças progressistas ao poder será somada por muito aprendizado. Para enfrentar a desigualdade no Brasil tem que enfrentar a ordem.

  • A pergunta que nos massacra é: como libertar o Brasil dessa ditadura exercida por todas as instituições ?
    A situação é dantesca, nem eleições temos certeza de que haverá, quanto mais se seriam limpas.
    Até greve aqui é promovida pela elite.

    • Esta última afirmação é um equívoco que posso usar para lhe provocar um pensamento. Não se pode atribuir a derrota ao competência do inimigo.

    • Parte de uma resposta possível a seguir.
      Pessoas com as quais converso insistem na tese se que Lula, Dilma e o PT são os responsáveis pelo que acontecem. Criticam Temer mas declaram-se a Alckmin e Bolsonaro, e por ai vai.
      A grande fonte de informações para essas pessoas continua sendo o JN. Para os que lêem algo, a Veja & Cia.
      Enfim, há pessoas que reclamam da miséria em que fomos lançados mas fazem questão de continuar ingerindo lixo tóxico.
      Enquanto assim for, os bandidos que usurparam o Brasil vão continuar achando que têm algum respaldo popular e vão continuar aprimorsndo o Inferno que uns criaram e pelo qual todos pagamos.
      Solução, se ainda houver tempo, é Lula de volta à Presidência da República.

  • Engraçado, né? Vê se a Noruega privatizou sua empresa de petróleo. Inclusive, essa empresa (Statoil) foi uma das que comprou, na "bacia das almas", parte do pré-sal dos brasileiros adoradores do "livre mercado"...

    • E tem ainda o seu Fundo Soberano noruegues... um segundo orçamento nacional, muito bem gerido com prioridades muito claras...
      Tenho a seguinte opinião pessoal: pais de medio para grande que nao chegou a renda per capita de USD 38.000 ainda... se privatizar a base
      de suas empresas estrategicas é simplesmente burro.
      Pais que ja superou esse limite aproximado de renda, então pode se dar ao luxo de privatarizar ate os gluteos da mãe dele. E supertar as consequencias, claro. Porque algumas serão diferentes' varias delas serão pessimas.

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