O amor é lindo. Cunha ganha um advogado: Reinaldo Azevedo

cunharei

É pungente a atração entre os seres da mesma índole.

Hoje, na Folha, Reinaldo Azevedo sai em defesa de Eduardo Cunha.

Como o título – pasmem: “Ódio a Cunha é ódio à democracia”.

Mesmo partindo da suposição guenerosíssima de que frase venha do fato de Cunha ter sido eleito presidente da Câmara, é de supor que não seja a este trito que Azevedo condena o ódio, pois afinal Dilma foi eleita e ele a odeia.

Mas não vem daí, é  uma declaração de amor político:

“Gosto da pauta –com exceções– e do estilo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Há muito tempo não havia uma pessoa tão determinada e operosa sentada naquela cadeira, disposta a fazer uso das prerrogativas que lhe facultam a Constituição e as leis.”

Talvez a exceção tenha sido a de não aceitar petições de impeachment, mas ele reafirma sua idolatria, mesmo com os indícios de que Cunha tenha achacado empresários :

“Sim, eu sei que Cunha é um dos investigados da Operação Lava Jato. Caso venha a ser colhido por algo que eventualmente tenha feito (ou que não tenha) –e torço para que seja inocente –, será uma pena. Em quatro meses, fez mais à frente da Câmara do que seus antecessores em 12 anos.”

Azevedo, cujo saber jurídico extrapola o do secretário-geral da Ordem dos Advogados (leia aqui  o artigo de Cláudio Pereira de Souza Neto apontando a inconstitucionalidade dos atos de Cunha), faz a defesa do golpe cunhista:

“Se alguém quer uma medida da bobagem feita na terça, basta atentar para o placar de outra votação, na quarta: 163 a favor do financiamento público de campanha e 240 contra. Huuummm… Levados a sério os dois resultados, não haveria nem dinheiro público nem dinheiro privado nas eleições. A grana viria de onde? Cairia do céu, como maná?”

Não, Dr. Rottweiler Amoroso (autodefinição de Azevedo em seu livro) , se nada fosse posto na Constituição o assunto seguiria, como é hoje, regulado por lei.

Lei que, aliás, o Supremo só não derrubou por causa do vergonhoso “sentar em cima” de Gilmar Mendes, de algo cuja decisão já está solidificada por um 6 a 1 dos Ministros.

Mas, numa prova de que a paixão é avassaladora, Azevedo tem um suspiro final por Cunha:

“Corrijo-me. Cunha avançou mais em uma semana do que seus antecessores em 12 anos. É o presidente legítimo da Câmara e exerce as suas prerrogativas dentro dos limites da institucionalidade. Se errou, que pague pelo que fez. Este texto trata do político que está acertando. Odiá-lo corresponde a odiar os fundamentos da própria democracia representativa.”

Que bom ver que em corações ásperos, tão duros a ponto de vociferar contra as uniões homoafetivas, como o do Tio Rei, também é capaz de brotar o amor entre iguais.

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14 respostas

  1. Essas manifestações publicas de admiração só engrandecem estas duas figuras emblemáticas danação, um democrata elogiando e defendendo outro democrata.

    O Brasil tem um grande futuro pela frente.

    Alvíssaras.

  2. “Odiá-lo corresponde a odiar os fundamentos da própria democracia representativa”. Bom, pelo menos ele é coerente, já que, odiando Dilma, é odiar os fundamentos da própria democracia representativa de VOTO DIRETO. No caso da presidência da câmara, é voto indireto, eis que nossos “representantes” elegem….

    Sintetizando, para Azevedo:
    Democracia representativa – voto indireto -> correto, lícito, “tudibom”
    Democracia representativa – voto direto -> bovinos, levianos, dependentes de bolsas. Impeachment!

  3. Dilma é a presidenta legítima da República e exerce as suas prerrogativas dentro dos limites da institucionalidade. Se errou, que pague pelo que fez. Este texto trata da política que está acertando. Odiá-la corresponde a odiar os fundamentos da própria democracia representativa.”

  4. Continuam dando espaço a esse indigente mental da falida veja? Acho que ele tem mais leitores aqui nos “blogs sujos” do lá na fábrica de coxinhas

  5. Enquanto a lenta operação lava jato segue com seus equívocos e entrevistas coletivas, Cunha preside a operação Suja a jato. Quem faz uma ótima análise da famigerada (re)forma política de Cunha é a Teresa Cruvinel. Para mim, a coisa do negócio se resume na frase de um entrevistado sobre a péssima manutenção da criação sem fim de partidos e da coligação partidária: “Silvio Costa (PSC-PE). Ele explica o jogo: quem cria um partido vende dois produtos no mercado eleitoral. Tempo de TV para os candidatos a prefeito, governador e presidente e coligação proporcional nas eleições para deputados e vereador. E ainda recebe o jabá do fundo partidário”.
    E la nave va.

  6. Deve haver preocupação quando canalhas se amam. Quando se odeiam, a traição é certa: que bom! Tomara que se engulam. O problema é que, quando se amam, formam poderosas quadrilhas.

  7. Tia Reinalda ruminando para os seus miquinhos amestrados, o “grande” personagem CUnha.

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