Jair Bolsonaro fica num estado de indisfarçada felicidade quando se comporta como aquilo que é. Com o perdão da palavra pouco adequada, mas necessária: como um sujeito escroto.
O que disse ontem em sua “live” sobre a vacina chinesa é coisa daqueles valentões de porta de boteco, com uma argumentação fundada em deboches, grosserias e afirmações “de macho”, lembrando, aos mais velhos, o personagem Zeca Bordoada, da TV Pirata, que tinha como razão definitiva o “vou te dar uma bifa“:
“Então, querido governador de São Paulo, você sabe que sou apaixonado por você, sabe disso. Poxa, fica difícil, né? E outra coisa: ninguém vai tomar tua vacina na marra, não, tá ok? Procura outra. E eu, que sou governo, não vai [sic] comprar sua vacina também não. Procura outro pra pagar sua vacina”.
A vacina, claro, é a chinesa, que está, aparentemente, sendo bem sucedida nos testes clínicos conduzidos com milhares de voluntários em São Paulo.
Mas considerações médico-sanitárias não tem importância nesta história, só a politicagem. O fato de João Dória pretender colher louros pela associação com o laboratório chinês que desenvolve um possível imunizante contra o novo coronavírus é irrelevante. A questão é provar que Jair Bolsonaro é machão, poderoso, é o dono do dinheiro e que é quem, afinal, decide tudo.
De quebra, prometeu renovar o decreto que revogou e que previa abrirem-se as portas para a privatização dos postos de saúde, algo sem é nem cabeça que não passa nem no Legislativo, nem no Judiciário, mas serve para seu objetivo principal: criar polêmica pública.
Temos um completo desqualificado no mais alto posto do país. Pior, temos um sujeito na presidência que transforma uma parte da sociedade em bestas-feras, que não são capazes sequer de apiedarem-se diante da morte de quase 160 mil pessoas.
Precisamos, com grande urgência, de uma vacina contra esta estupidez.