Qualquer um que observe o que se passa nas redes sociais sabe que o episódio de violência insana em Foz do Iguaçu é apenas um dos primeiros e não o final da violência que marca esta campanha eleitoral.
Não há, apesar das declarações “pacifistas” de autoridades federais, nenhuma determinação em deter este processo. E, no caso das duas maiores autoridades do país, o presidente e o vice-presidente da República, nem sequer declarações pacifistas.
Todo este discurso mimizento sobre radicalização política cai no vazio diante dos fatos.
Ninguém foi a uma festa sertaneja dizer “Lula lá” e dar tiros em pessoas, mas o contrário, um dos milhares de fanáticos bolsonaristas é que invadiu uma festa de aniversário e disparou, de longe e à queima roupa, contra uma pessoa que, para ele, tinha de ser eliminada.
Não há dois polos violentos a condenar, há apenas um, o da extrema-direita e todos os que a ela são coniventes.
Vejam como a mídia só cobra ao presidente da República que ele passe a ser, ao menos, hipócrita e manifeste condolências ao morto por seu fanático, no mínimo por razões eleitorais. E espantam-se, sei lá porque, que de nem isso ele seja capaz.
É este tipo de moderação em que creem?
Não procurem nas pesquisas eleitorais da semana seguinte o resultado dos fatos sobre a opinião pública, porque elas são um processo mais lento de digestão.
O que elas mostram para o segundo turno são, cada vez mais, o indicativo do primeiro.
Paradoxalmente, Jair Bolsonaro entrou num processo de desmonte que consiste na sua estratégia de falar à sua bolha, indiferente ao fato de que ela é limitada.
Bolsonaro está expelindo eleitores que são resistentes a Lula, mas não concordam com a transformação do país numa república miliciana, embora concordem com que ela seja uma república de privilegiados.