O Datafolha, a Cantanhêde e a Lei de Newton

dataf– Olha, os questionários de ontem já estavam ruins e os primeiros que a gente tabulou hoje também não estão nada bons…

– Coisa feia? 

– Hum, hum…Pior que ontem, começaram a entrar os dados do Nordeste…

– Vou falar com o chefe…Talvez seja o caso de mandar alguém preparar o terreno, dar uma amenizada, dizer que é foram as emendas parlamentares, coisa assim…

– Quem sabe a Cantanhêde? Você sabe que ela não falha…

– É, ainda bem que ainda estamos no meio da tarde, porque de noite ela tem a Globonews, aí complica…

Calma, gente, isso não é uma gravação clandestina.

É um diálogo fictício, mas não impossível.

É que ontem a gente já tinha antecipado aqui que a coluna de Eliane Cantanhêde era uma espécie de terraplenagem para preparar as desculpas para um resultado “ruim”  – isto é, um crescimento da popularidade de Dilma Rousseff – na pesquisa que a Folha publica hoje.

Justificativas, portanto,  preparadas na quinta-feira, numa pesquisa que o jornal diz ter terminado suas entrevistas ontem, sexta.

A colunista da “massa cheirosa” preparou uma lista de desculpas para o fato de aquela mulher – tonta e atrapalhada, que perdeu o controle de seu governo e que administra um país que está à beira de um colapso econômico – ter crescido no conceito da população assim que se reduziram um pouco as pressões que a mídia desencadeava contra ela, com sua estratégia “macarronada”.

Isto é, primeiro o tomate e depois a massa, fervendo.

Perdoem os amigos por não analisar os dados da pesquisa, mas é que não dá para querer se aprofundar em algo que me lembra um antigo comercial do creme de barbear Bozzano, dos anos 60: “aperta daqui, espreme dali…”

Por exemplo: o “bom e ótimo” subiu seis pontos, o “regular” subiu apenas um, enquanto os conceitos  “ruim e péssimo” caíram três pontos. Frações para lá e para cá, temos uma mudança de tendência mais do que significativa, porque reverte o que o próprio Datafolha acusava como uma queda vertiginosa na aprovação de Dilma.

Eu sou do tempo em que a gente aprendia na escola que a primeira Lei de Newton garantia que a inércia mantina a tendência do movimento anterior. Do qual a Folha dizia, há um mês: “Pesquisa Datafolha finalizada ontem mostra que a popularidade da presidente Dilma Rousseff desmoronou.A avaliação positiva do governo da petista caiu 27 pontos em três semanas”.

Uma “ligeira recuperação” de Dilma, de seis pontos, é uma espetacular inversão do que a pesquisa dizia.

Vou deixar essa análise para quando se dispuser de paciência e dos dados completos – com todas aqueles “ajustes” da amostra.

Prefiro dar ao leitor, com a ilustração lá de cima, uma explicação gráfica daquela lei de Newton da qual falei, sem qualquer alusão, é óbvio, ao Datafolha ou  a Eliane Cantanhêde.

Até porque ambos são, como se sabe, “técnicos e imparciais”, mesmo quando desafiam as leis da Física.

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9 respostas

  1. Vou esperar, mais ansiosa ainda, alguma pesquisa da Vox Populi. Não confio muito nem no Data nem no Ibope. Para eles, quanto pior, melhor. E, pelo jeito, se puder ajudar a piorar, melhor ainda. Excelente, Fernando!

  2. Vou esperar, mais ansiosa ainda, alguma pesquisa da Vox Populi. Não confio muito nem no Data nem no Ibope. Para eles, quanto pior, melhor. E, pelo jeito, se puder ajudar a piorar, melhor ainda. Excelente, Fernando!

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