O dedo duro quase sempre aponta o caminho errado

Nos tempos de colégio, a garotada tinha uma regra: “cagüete merece cacete”, assim mesmo porque sem o trema a redução de alcaguete perde o sabor dos velhos tempos.

Alcaguetagem  era palavra, ao menos no uso prático, diferente de “denúncia”, que se referia a alguém que, ofendido nos seus direitos , ia reclamar onde podia.

Era, o “cagüete”, diferente: era o “da turma”, o partícipe, o cara que estava “metido no meio” também e, para se “limpar” com a diretora, o síndico ou a vizinha chata da rua ia dedurar. Com a ditadura, a “deduragem” ficou ainda pior: era o colega de trabalho ressentido, fanático ou despeitado, quem ia eliminar como “elemento ativo” da concorrência e ganhava, por isso , desprezo e medo, o que faz ás vezes de sentir-se admirado.

A temporada de delações premiadas, que há tempos vivemos sem cessar, está mais para alcaguetagem que para denúncia. Aliás, ela é pensada para isso, para a errônea ideia de que podemos fomentar a honestidade com os desonestos falantes, prometendo o perdão – ou uma tornozeleira – para os pecadores que sussurrem arrependimentos e gritem acusações, apontando o dedo para onde querem ou para onde lhe mandem apontar.

Não veio do nada, este clima. Foi chegando, precedida de andorinhas isoladas de perdão que vieram de Curitiba no caso do Banestado, sintomaticamente presidido por Sérgio Moro. Um dos primeiros ombros em que pousaram estas andorinhas, aliás, foram os de Alberto Youssef, libertado por Moro para delinquir, quem sabe, onde se pudesse tirar um bom proveito político de novas confissões.

Lúcio Funaro, o notório, foi outro, já no caso do chamado Mensalão. E também deu no que deu, porque o milagre da conversão do mal para o bem é milagre cem vezes mais apregoado que realizado.

A delação premiada transformou o que era regra na lei – os atenuantes de pena – em negócio carregado de altas doses de subjetividade. O que o delator diz é menos importante  do que o investigador quer que se diga, quando este não investiga, mas tem os olhos brilhando por uma moralidade peri-religiosa, quando não (auto) messiânica.

Daí, de partes opostas – o criminoso que quer se safar e o homem da lei que o quer punir – passam a uma relação promíscua, quando o delinquente quer sair do embrulho a qualquer preço e o investigador o quer como lenha para assar a um terceiro, pelas vantagens que isso venha a lhe render: fama e, a seguir, naquilo em que ela se converte: dinheiro.

Como disse ontem um moça que ganhou o tal “Master Chef”, “um dia fazendo publicidade vale um mês na cozinha”.

Os diálogos imundos entre Joesley Batista e Ricardo Saud –  algo que ainda não me desceu goela abaixo ser mero acaso, pois ficar brincando com um gravador onde há outro em pó, a gravação de Temer, feita dias antes –  mostram que este “negócio” instalou-se dentro da Procuradoria Geral da República.

O braço direito de Janot, detalha hoje a Folha de S. Paulo, recebeu a oferta de ser – pasme – “diretor anticorrupção” da JBS em escala mundial e virou sócio de um escritório contratado pela própria empresa. Por quanto? Ah, sim, sigilo profissional, contra o qual nenhuma providência foi tomada.

Pior, sem que lhes tenha sido posta nenhuma “pressão” além de umas doses de uísque, os dois delatores-cagüetes dizem que “Janot sabe  tudo” e que vai trabalhar, quando sair da PGR com o outro procurador, o que estava “no bolso” da dupla.

Cheguem onde chegarem, são indícios que, no mínimo, teriam de ser investigados. E não há por quem, pois se tratam de possíveis ilícitos sobre o próprio chefe da investigação.

Há três anos este país vai afundando e mais ainda afundará enquanto não sairmos do policialismo – que dá cobertura a todo este submundo – e voltarmos à democracia, onde se investigam denúncias e não as delações-cagüetagem, que transformam bandidos em heróis com base, frequentemente, em nada mais do que a deduragem.

Quer um exemplo prático, do qual não posso sequer ser acusado de “lulismo”? E se Geddel, depois dos R$ 51 milhões, disser que estavam ali porque Temer mandou guardá-los? Quem vai duvidar? Tinham os meios, a intimidade, as circunstâncias, o compadrio….

Como não é improvável que seja, não precisa ser provado, não é?

Fernando Brito:

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  • Já tem uma parte da imprensa que quer anular a delação da JBS, será que é porque o Aécio ta nela?

  • Enquanto isso ocupa mentes repetindo ações de bandidos como ações de bandidos, o Tio Sangue prepara o terreno para fincar suas garras de águia e sangrar de vez a AL. Pobre elite e intelectualidade brasileira que nunca soube ser outra coisa que subalterno adaptável e Judas convicto. Algo assim porque o que acontece mesmo está escondido debaixo desse verniz barulhento e repetitivo.

    • Lenita, quem tem planos e coragem para fazer alguma coisa de concreta para tentar mudar este estado de coisas não vai fazer alarde. Andam perdendo tempo por aí sonhando com um "2018" que teria o efeito de uma revolução que aconteceria através das urnas, como se jogar um jogo no campo do inimigo, pelas regras do inimigo, com arbitragem do inimigo e transmitido pela mídia do inimigo fosse dar em alguma coisa diferente do que vitória do inimigo. A vitória do inimigo está sendo planejada e colocada em prática através de mudanças nas regras para os partidos e nas regras eleitorais. Assim, voltaremos ao tempo da ditadura de 1964 que criou regras para se manter no poder dando a impressão de que existia democracia.

      • É assim mesmo, Carlos. Como mudar esse regime oligarca que somente tolerou Lula e Dilma porque esperava voltar através das eleições? Um AI-5 modelo século 21 está sendo preparado também porque alguma reação haverá. São 500 anos de Brasil com quase 400 anos de escravidão. Nem sei como Lula e Dilma sobreviverão a tudo isso. Esse circo foi armado para que com esse barulho eles possam agir sem interferências. A esquerda dividida e cheia de gente como Ciro falastrão que ajudou a minar Lula e Dilma. Nem falar do "pissol": bando de deslumbrados esquerda purista por fora e cagados por dentro. É o retrato do Brasil cruel e da abominação cognitiva que a Chauí tão bem explica. Lembra como eu era otimista? Impossível ser otimista vendo a covardia explícita dos poucos progressistas colonizados viralatas até os ossos. Mino Carta deve estar mortificado tb, como salvar Lula? E como vc disse, como refundar o Brasil sem ficar nas mãos do inimigo? A ditadura está implantada, só resta lavrar a escritura e enviar para a Platinada e a Cia, com os devidos agradecimentos.

  • Acredito que estejam preparando o caminho da intervenção dos militares no processo politico brasileiro.E isso tem como objetivo afastar a mídia global (todas), o MPF e o STF, passando tudo isso à responsabilidade da Superior Tribunal Militar.Lá será feita a triagem que a elite espera, excluindo os maiores detentores de fortunas e incluindo alguns líderes de forma que possa enterrar os esquerdistas/comunistas. E assim estaremos recomeçando tudo de novo...

    • intervenção de militares é intervenção derata americana:
      Los proyectores político-mediáticos, enfocados sobre los desórdenes en Venezuela, dejan sin embargo en la sombra lo que sucede alrededor de ese país.

      En la geografía del Pentágono, Venezuela está en el área del US Southern Command (SouthCom), uno de los 6 «mandos combatientes unificados» entre los que Estados Unidos divide el mundo.

      El SouthCom [lo que los latinoamericanos llaman el “Comando Sur”], que abarca 31 países y 16 territorios de América Latina y el Caribe, dispone de fuerzas terrestres, navales y aéreas, además de tropas pertenecientes al US Marine Corps [Cuerpo de Marines de Estados Unidos], a las fuerzas especiales estadounidenses y de 3 unidades específicas: la Joint Task Force Bravo, acantonada en la base aérea de Soto Cano (Honduras), que organiza ejercicios multilaterales y otras operaciones; la Joint Task Force Guantanamo, acantonada en la base estadounidense de Guantánamo (Cuba), que efectúa «operaciones de detención e interrogatorios en el marco de la guerra contra el terrorismo»; y la Joint Interagency Task Force South, acantonada en Key West (Florida, Estados Unidos), cuya misión oficial es coordinar las «operaciones antidrogas» en toda la región.

      La creciente actividad del SouthCom indica que lo que declaró el presidente Trump el 11 de agosto –«Tenemos numerosas opciones para Venezuela, incluyendo una posible acción militar»– no es una simple amenaza verbal.

      - Una fuerza especial del Cuerpo de Marines, dotada de helicópteros de guerra, fue desplegada en Honduras en junio pasado con vista a varias operaciones regionales, con una duración prevista para 6 meses.
      - También en el marco del SouthCom se desarrolló en junio, en Trinidad Tobago, el ejercicio Tradewinds, con la participación de tropas de 20 países de América y del Caribe.
      - En julio, se desarrolló en Perú el ejercicio naval Unitas, con la participación de 18 países, y, en Paraguay, se realizó una competencia-ejercicio de fuerzas especiales de 20 países.
      - Del 25 de julio al 4 de agosto, cientos de oficiales de 20 países participaron en Panamax, ejercicio oficialmente destinado a la «defensa del Canal de Panamá».
      - Del 31 de julio al 12 de agosto se desarrolló en la Joint Base Lewis-McChord (en Washington) «el mayor y más realista ejercicio de movilidad aérea», con la participación de 3 000 hombres y de 25 socios internacionales, en particular de las fuerzas aéreas de Colombia y Brasil, que se ejercitaron en la realización de misiones diurnas y nocturnas con fuerzas de Estados Unidos, Francia y Reino Unido. El «escenario realista» es el de una gran operación aérea para el transporte rápido de tropas y armamento a la zona de intervención. En otras palabras, el ensayo de la intervención militar en Venezuela, el país que Trump amenazó.

      La base principal sería la vecina Colombia, vinculada a la OTAN por un acuerdo de asociación desde 2013. Según la OTAN, «personal militar colombiano participó en numerosos cursos en la Academia de Oberammergau (Alemania) y en el Nato Defense College de Roma, participando también en numerosas conferencias militares de alto nivel».

      Que ya existe un plan de intervención militar contra Venezuela es algo que confirmó el almirante Kurt Tidd, comandante del SouthCom. El 6 de abril de 2017, durante una audiencia en el Senado, el almirante declaraba que «la creciente crisis humanitaria en Venezuela podría hacer necesaria una respuesta regional».

      Para hacer realidad la amenaza de Trump sobre la «opción militar» pudiera adoptarse, ahora en un contexto diferente, la misma estrategia que se aplicó en Libia y Siria: infiltración de fuerzas especiales y de mercenarios que echan leña al fuego de las tensiones internas provocando enfrentamientos armados; acusaciones de que el gobierno está masacrando a su propio pueblo y una «intervención humanitaria» que lleve a la creación de una coalición armada lidereada por Estados Unidos.
      Manlio Dinucci

  • A coisa tá chegando mais pra estação de tratamento de esgoto. Essa gravação do JB com Saud, envolvendo nomes da ex-presidente da República e da presidente do STF e outros Ministros, em conversa de submundo, ultrapassa qualquer limite. E se não citassem o STF, como ficaria pra Dilma?

  • O raciocínio final, cai como uma luva no que vivenciamos hoje... É muito felaputismo de quem acusa o PT.

  • ...".O braço direito de Janot, detalha hoje a Folha de S. Paulo, recebeu a oferta de ser – pasme – “diretor anticorrupção” da JBS em escala mundial " .. .
    parafraseando um personagem de Jô Soares , " Ele acreditou " e Janot também .

  • Sobre o Banestado. Esse caso deveria ser reaberto para que os justiceiros Moro e Carlos Fernando explicassem melhor as suas respectivas atuações. O Youssef, dizem, com a complacência do Moro, não só ficou livre como ficou praticamente só no mercado doleiro. Ou seja, afastou a concorrência se valendo do caso. O outro ali tinha a esposa no banco.

    Sobre o Janot. Não sei se perdi alguma coisa neste mundo de informações, contrainformações e especulações que se seguiu ao covarde e mal-intencionado anúncio do Janot anteontem, mas concordo com as duas estranhezas manifestadas pelo Alex Solnik no 247:

    - Como assim que o Joesley "sem querer" se gravou e ao colega?

    - Como assim que o Joesley "sem querer" entregou pra PGR uma fita que é um verdadeiro tiro no pé, já que ameaça a sua própria liberdade e casamento?

    En passant, ouvi que peritos haviam recuperado registros. Foi esse o caso?

    Janot, sinceramente falando, é o lixo continuado que vem de Antônio Fernando e passa por Gurgel. Manipuladores!

    Francisco de assis, que fez uma nota aí em cima: é neste sentido que até o excelente Eugenio Aragão tá pedindo anulação da delação do Joesley. Essa Lava Jato tá mesmo eivada de irregularidades e manipulações.

    Como se a Globo não tivesse nada a ver com isso, ontem a Miriam Leitão cobrava explicações do Janot.

    Ora, desde o início, sob a pena de nem mesmo chegar a existir, a Lava Jato precisou do apoio e dos holofotes da grande mídia. Sobretudo da sua fração maior e mais poderosa que é a Globo. Por isso, e por identificação ideológica, toda vez que possível, passou ao largo das suspeitas, indícios e provas apontando para os amigos da mídia.

    Cirurgicamente atacados – e de maneira a servirem de exemplo - apenas aqueles velhos amigos da mídia (empresários e políticos) que pudessem, em posição de fragilidade, fraudar depoimentos incriminadores ao PT a partir dos seus negócios. Fraudar é a palavra correta até que apareçam provas contundentes e inegáveis, que por ora inexistem, contra os petistas arrolados.

    Pois bem, voltando ao Janot e conforme a lógica acima. Nesta gestação manipuladora para "colher" o Temer, simplesmente inimaginável que, a certa altura, o Janot não tenha se consultado com a mídia - ou com sua parte mais poderosa - pra saber se ok e se podia ir em frente. Essa história toda precisa ser melhor contada.

  • CONFORME O DEFINIU SEU PRÓPRIO COLEGA GILMAR DANTAS MENDES,O JANOT É UM DELINQUENTE.
    AGREGO ,OS DOIS SÃO SÓ UMA PARTE DA CORJA DE BASTARDOS QUE ASSOLA O NOSSO PAÍS.
    POBRE BRASIL !!!!,QUANTO TRABALHO SERÁ NECESSÁRIO PARA LIMPAR TANTA SUJEIRA.!!!!!!!!
    A RESPEITO DO TUCANO DO STF( Só Tem Fedorentos) ,O MARCO AURÉLIO ACABA DE DIZER A UMA RÁDIO DO RS QUE FOSSE O SÉCULO 19 O DESAFIARIA A UM DUELO COM ARMAS DE FOGO (para estar seguro que o mataria,óbvio)
    ASSIM CAMINHA O NOSSO BRASIL.

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