“Não sei”, “não que eu soubesse”, “não lembro”, “não posso dizer nada sem um estudo”.
Estas expressões e suas variantes foram as mais frequentes no depoimento melancólico de Nélson Teich, a não ser pelo fato de que ele afirma, com todas as letras, que saiu do cargo porque Jair Bolsonaro pretendia transformar em recomendação universal, via Ministério da Saúde, a prescrição de cloroquina e ivermectina em todo o Brasil.
Basta para que se apure como esta orientação charlatã vinha do “gabinete do vírus” que assistia Jair Bolsonaro – que tencionava ou conseguia – interferir na ação das autoridades sanitárias do país.
Quem eram, com que interesses e cumplicidades é o que cabe apurar.
No mais, Teich apenas confirmou o que ficou evidente em seus 29 dias de ministro: ele não tem firmeza, decisão, assertividade, capacidade política e nada do que é necessário para comandar o combate à pior pandemia em mais de 100 anos no mundo.
Achou que podia ter “autonomia” e que deixou o cargo quando se convenceu que não teria, mas foi incapaz de dizer em que iniciativas foi bloqueado e a que outras foi obrigado.
Como é que confessa que esteve numa reunião em que, a partir das gestões do “gabinete do vírus”, o bolsonarista Conselho Federal de Medicina – outro que vai ser pendurado um varal para que a população lhe veja as manchas -para ver a liberação do uso generalizado de cloroquina, que sabe estar errado, e não diz uma palavra e se torna cúmplice por omissão?
Um ministro da Saúde, em plena pandemia, pode comportar-se como um distante inocente, à maneira de imagens de santas em lugares e pouca santidade?
Ou, quem sabe, foi isso o que fez ser escolhido e, ainda assim viu tantos pecados que nem sendo de barro conseguiu ficar por ali.
Teich procurou palavras complexas e vagas, caminhando em cima do muro que separa a verdade da mentira.