O Luís Vander, brasileiro aí na foto, catando pelancas e sobras, é um ser humano mais decente que o presidente da República do Brasil.
Ele não compra armas, não faz motociata. Se fizer arminha, a classe média bolsonarista dirá que está tentando assaltar alguém.
Ele não pode apagar um ponto de luz, para ajudar a não ter “apagão” porque vive na rua. Não pode comprar nem feijão, que dirá fuzil 762.
Vive um mês, quem sabe, com o que algum bacana que diga “que horror” ao vê-lo com seus despojos na calçada gasta num bom vinho.
Não pode ir à Disney, como diz Paulo Guedes os pobres andavam indo e nem a Paris, nem mesmo à praça ali do lado, com jardins ao estilo da cidade-luz, porque a praça está devidamente gradeada e policiada, para evitar miseráveis.
Não há brioches para Vander no mundo das Maria Antonieta.
A ele, os zelosos homens de bem querem varridos para algum canto, como as folhas das amendoeiras que o vento forte e a seca derrubam pelas calçadas cariocas. Os podres, afinal, fazem muita sujeira, no chão e nos olhos.
Mas, ao contrario dos ciscos que o vento sopra aos olhos, não provoca uma lágrima, ainda que esteja a dez passos da sede da Igreja Católica no Rio, o Palácio São Joaquim, pai de outra Maria, a Virgem, e avô de Jesus Cristo.
Vander nem mesmo “enche o saco” de quem manda comprar fuzis para varrer de perto de si a sujeira dos pobres.
E que farão de tudo para que ele e milhões deles não se atrevam a pretenderem ser cidadãos.
Um multidão de Vanderes que não tem fuzil, não tem feijão mas que, contra a vontade de Bolsonaro e bolsonaristas, tem voto, a única arma pesada que querem proibir-lhes.