O general Heleno não é sério com coisa séria

O coronel PM Ricardo Laviola, chefe do Gabinete Militar no segundo governo de Brizola, tinha o hábito de chegar bem cedinho, ainda escuro, ao Palácio Guanabara e fazer sua corrida diária nos jardins que ficam ao fundo da antiga residência da Princesa Isabel e do Conde D’Eu.

Numa destas alvoradas, encontrou o soldado que montava guarda na portaria e que, por praxe, usava uma submetralhadora no turno da madrugada. O pobre coitado estava sentado em um banco, dormindo e Laviola, sem fazer barulho, pegou a arma e a levou para seu gabinete, onde a trancou numa estante. E foi fazer sua corridinha, como sempre.

Uma hora ou duas depois, atrás de sua mesa, vem um oficial dizer que estão tomando o depoimento do soldado, que dizia ter sido atacado por criminosos, que lhe tinham levado a arma. E, claro, todos acreditando, porque afinal a violência blá, blá, blá… Laviola determina que o soldado seja trazido, na companhia do oficial de dia, a seu gabinete e pede que ele lhe conte a história.

Ah, sim, veio o “lero”: “alta madrugada, um veículo com quatro homens armados, simula-se uma pane no carro, apontam armas contra o soldado, tomam sua metralhadora e fogem em disparada…”

Laviola, impávido, sem alterar a voz, para de tocar os dedos das duas mãos, como era seu hábito, estende uma chave ao soldado e pede que ele lhe faça o favor de abrir a estante que está a seu lado. Sem entender, ele abre e está lá, de pé, a arma…

“O senhor me faça o favor de recolher este soldado à cadeia, lavre sua autuação e encaminhe ao comando da PM”

É simples assim e, neste momento, o responsável pela segurança da Base Aérea de Brasilia e o responsável pela segurança dos aviões presidenciais deveriam estar detidos para esclarecer como permitiram o embarque de 39 kg de cocaína num dos aparelhos que serviria ao preidente numa viagem internacional.

Tivesse o posto que tivesse, coronel ou major, cometeu, no mínimo, uma falta gravíssima, seja porque submeteram seu país ao vexame mundial de traficar-se (como fogem da palavra!) drogas numa aeronave a serviço do presidente, seja por colocarem em risco a vida do chefe de Estado e de seus auxiliares, porque poderia ser explosivo em lugar de cocaína a carga clandestina.

O general Augusto Heleno, entretanto,  prefere fazer gracinhas como dizer que precisaria de uma “bola de cristal” para evitar o tráfico, que os aviões “não eram com ele”, que foi “um baita azar” e, por último, que não tem efetivo para controlar a entrada nos aviões da comitiva.

Seria tão simples dizer que “houve uma falha, imperdoável, os responsáveis estão dendo punidos e o problema corrigido”.

Heleno não sabe ou não pratica o básico da arte de comandar: dar e cobrar responsabilidades.

Não dar tapas na mesa nem chiliques.

Fernando Brito:

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  • O general Heleno, responsável pelo GSI, deveria ser o primeiro a agir como militar. E não como um pateta que gosta de fazer brincadeirinhas em entrevistas, como o seu chefe máximo. Dar chilique é só o que ele sabe, como todo bom falastrão autoritário. Nunca imaginei que, tendo sofrido como jovem estudante o horror da ditadura nos anos 1970, eu chegasse um dia a dizer isso mas, francamente: saudades de quando as Forças Armadas brasileiras tinham alguma vergonha na cara! Esse Heleno consegue ser mais pateta do que o Figueiredo.

  • Todos eles,desde o DUQUE,fizeram e fazem parte,do EXÉRCITO DOS BRANCALEONES.E não precisa muito esforço,para averiguar.Entrem num quartel,e ouvirão somente,UM,DOIS TRES QUATRO.

    • Bem lembrado. O Duque é aquele então Barão, que ordenou o massacre de quase setecentos Lanceiros Negros, os mártires da Revolução Farroupilha, essa mesma palhaçada de que tanto os gauchinhos de CTG se orgulham, de cuja coluna restaram apenas cerca de cinquenta lanceiros, presos e enviados ao Rio de Janeiro e ali jogados na indigência. Esses homens lutaram por terra e liberdade (coisa antiga nesta colônia miserável), TERRA E LIBERDADE. Os estancieiros, a turma do agronegócio de então, se utilizou da valentia dessa nobre gente, que causava terror entre os inimigos imperiais e profunda admiração em Garibaldi, tal a sua bravura em combate, para ao final do conflito, trai-los e os entregar como bucha de canhão. Para garantir que seus comandados, sob a liderança de um carniceiro, tivessem êxito, o Barão, o nobre patrono da cambada que se deu ao luxo, mais recentemente, de estuprar mulheres e meninas negras no Haiti ( as coisas contra a gente negra sempre se dão desse modo) e promover um massacre (eles têm know how) em Cité Soleil, um dos guetos mais miseráveis do planeta, exigiu de um grande canalha, David Canabarro, tido como um dos heróis farrapos, com quem negociou, que os lanceiros estivessem desarmados. E mesmo assim, a covardia e o medo eram tais que acharam por bem atacar o acampamento por volta das três horas da manhã. A posição foi defendida com adagas e facões, que foi o máximo que permitiram aos negros, com a promessa de que teriam as armas no campo de batalha. O Massacre de Porongos! Ali essa gente digna e brava, exemplo para esses canalhas que hoje entregam o país ao império do norte, canalhas que, excetuando a Campanha da Itália, só pisaram o campo de batalha de forma vergonhosa, vide o Haiti, mostrou o que é coragem, o que é desprendimento e, sobretudo, o que é honra. Mas, isto é coisa que eles só vão aprender quando aprenderem a olhar o povo deste país como sua gente e este lugar como sua pátria.

  • Não estou de acordo com o título de "presidente" para o miliciano-chefe que ocupa ilegitimamente o Planalto. Já são amplamente conhecidas as condições fraudulentas sob as quais foram disputadas as "eleições" de 2018, ou seja, a primeira foi remover ilegalmente da disputa eleitoral o candidato favorito e a segunda o disparo de milhões de "fake news" pelo Whatsapp a partir de um software adquirido por empresários brasileiros que usaram recursos não declarados na campanha do principal beneficiado, ou seja, "caixa 2". Portanto sou de opinião que o atual ocupante das dependências do governo federal não pode ser considerado e nem chamado de "presidente".

  • No grande manicômio que virou o Brasil onde ministros seguem como linha de conduta a irracionalidade de seu "mito", onde milicianos, traficantes agem com cada vez mais ousadia, só falta agora o louco mor Bolsococa se coroar rei, como fez Napoleão I da França, e instalar a monarquia no Brasil como sucessor de D.Maria I, a louca.

  • Na Espanha não tem Gilmar Mendes! "Ô azar, Heleno!"
    .

    • ... Se este sargento delatar, merece ter nome de rua!
      'Rua Sargento Vaza Coca'!
      ('Nois' sofre, mas 'nois' goza!)
      .

  • Por que ele não deu socos ma mesa e gritou "foram.os comunistas!" Representaria melhor a cabeça de militares.

    • Dará soquinhos na mesa, foram os hackers russos a mando do Lula.

  • DA SÉRIE 'NA ESPANHA NÃO HÁ GILMAR MENDES'!
    Portanto...
    ("Delata, logo, desgraçado!")

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    Militar da comitiva de Bolsonaro preso com cocaína divide cela de 18 m² e tem banho de sol em cadeia

    27 junho, 2019, 21:26

    (...)

    Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/militar-da-comitiva-de-bolsonaro-preso-com-cocaina-divide-cela-de-18-m%c2%b2-e-tem-banho-de-sol-em-cadeia/

  • E desbaratar uma quadrilha de trafico internacional seria simples? kkkkkkk

  • Realmente não existe nome mais apropriado. A bordo só idiotas, ignorantes, vendidos aos EUA.

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