Hoje cedo, escreveu-se aqui – e já antes se havia dito – que ninguém era responsável pela onda de situações desmoralizantes a que vem sendo submetidas as Forças Armadas brasileiras senão Jair Bolsonaro, sua prole e os próprios dirigentes das corporações militares.
À tarde, o general Luís Carlos Mattos, presidente do Superior Tribunal Militar, deu mais um exemplo de que é exatamente isso o que ocorre.
Ao dizer que a divulgação de áudios – não clandestinos, oficialmente gravados – demonstrando que os ministros do STM sabiam (e alguns condenavam) da tortura de presos políticos é “uma notícia tendenciosa” que “não estragou a Páscoa de ninguém, nem a minha”.
Dispenso-me – vídeo está abaixo – de reproduzir mais de fala engrolada do general, apenas friso o sentimento de nojo diante de uma pessoa que é capaz de dizer que, nem na celebração da morte de Cristo, não tem sequer um sentimento de tristeza w comiseração por quem é torturado e morto.
Torturado e morto nas mãos de militares pagos pelo Estado e em dependências do Exército.
O general Mattos não é uma vergonha para o STM, para o Exército ou para as Forças Armadas. É uma vergonha para o ser humano.
Não seria um problema se fosse apenas um desqualificado, como general e como ministro de uma corte de Justiça.
Desrespeita o art. 3° do Código de Éica da Magistratura: “A atividade judicial deve desenvolver-se de modo a garantir e fomentar a dignidade da pessoa humana, objetivando assegurar e promover a solidariedade e a justiça na relação entre as pessoas”.
E olhe que foi “o outro lado” que o indicou para o cargo, em 2011.
Mas é pior , é Mattos é o representante de uma atitude que, se não é geral, certamente é de grande parte do oficialato brasileiro.
E Exército que cultua tortura e morte é um perigo para a liberdade de um país.