O general Villas Bôas não sabe diferir heroico e patético

Do Conjur:

O ex-comandante do Exército Brasileiro e atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional Eduardo Villas Bôas escreveu mensagem que pode ser facilmente interpretada como intimidação ao Supremo Tribunal Federal.
Na véspera em que a Corte julga os ADCs 43, 44 e 54 que questionam a execução de pena após condenação em segunda instância, o militar da reserva afirmou que “é preciso manter a energia que nos move em direção à paz social, sob pena de que o povo brasileiro venha a cair outra vez no desalento e na eventual convulsão social”.
Não é a primeira vez que o militar se manifesta às vésperas de um julgamento do Supremo. Em 2018, quando os ministros julgaram pedido de Habeas Corpus do ex-presidente Lula, ele também se manifestou em tom ameaçador.

Triste e constrangedor.

Eduardo Villas Boas, aqui, foi diversas vezes defendido justamente por ter, até certo momento, mantido o Exército respeitoso ao Rubição e o impedir de ingressar no terreno da política.

Mas foi entrando, viu-se depois que dissimuladamente, transformando a candidatura de um mau militar como Cavalo de Tróia do que achava poderia ser a retomada do controle do país pelas Forças Armadas.

Deu, como se sabe, num desastre, exceto para o banco de empregos para militares da reserva que virou a administração pública federal.

Nunca se desrespeitou infortúnio do velho militar, acometido de uma doença degenerativa. Ninguém o fez, exceto, claro, o desclassificado guru do presidente, que dele fez pouco falando de um ““doente preso a cadeira de rodas”.

Mas é doloroso ver que lhe falta, a esta altura, a noção da hierarquia e da disciplina tão cara e essencial a um militar.

Se estivesse retirado, talvez suas palavras pesassem mais.

Mas encostou-se, sabe-se lá por qual razão, numa assessoria e, se o escolheu, é assim que se deve portar.

Quem fala pelo Exército é seu comandante, regra que valia quando Villas Bôas o era e vale agora, quando já não o é. Pelo Gabinete de Segurança Institucional, se este devesse falar, seria seu chefe, o general Heleno.

O general perdeu, vê-se, a noção do que separa o heroico do patético. Paz, general, é uma ideia que repudia que as decisões do país e de suas instituições se deem sob a sombra de tropas armadas ou sob a sombra de um general que não sabe respeitar nem mesmo o tempo de seu comando e o tempo de seu recolhimento.

O que Villas Boas, a esta altura, transmite, não é a imagem de um militar que se agarra a valores, mas a de um militar reformado, que em lugar do retiro digno, que se agarra ao poder ilegítimo que já não tem.

E que se presta ao papel de, em sua fragilidade física, evitar que se dê aos seus atos a reação que merecem.

 

Fernando Brito:

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  • O que mais impressiona na nota do General Villas Boas, é que ele parece que acredita mesmo que o país esteja, com o governo Bolsonaro, "recuperando sua autoestima e sua confiança". Talvez alguém, ou mesmo algum grupo, esteja com este governo recuperando a autoestima e a confiança, mas isso está longe de acontecer com este país chamado Brasil. Este governo que supostamente os militares apoiam é um fracasso completo em tudo: Economia, educação, saúde, cultura, ciências e tecnologia, finanças, meio ambiente, defesa, direitos humanos, combate à corrupção e projeção internacional.

  • Admiro vc Fernando, mas como não sou admirável, desejo profundamente que a paralisia chegue o mais breve possível ao cérebro deste pústula

    • A pustula rasteja o rabo pelo Trump q pode estar entrando no ultimo ano de governo. O medo deles é a China. Que o eixo do mundo se desloque para a Asia.

    • Já eu espero que ele viva muito, com o corpo dilacerado mas a cabeça funcionando muito bem, para ver:
      - Lula Livre e o povo convulsionando de alegria;
      - Bolsonaro escorraçado pelo povo e impichado;
      - a esquerda de volta ao Poder;
      - os militares desmoralizados diante de toda a população, incluindo os que antes defendiam "regimes" militares, diante das evidências de que os militares, além de serem incompetentes para governar um país, são iguais ou mais corruptos que os civis.
      Vai morrer envergonhado por saber que poderia entrar para a história pela portas da frente, mas estragou sua carreira deixando-se dominar pelos mais ignóbeis sentimentos que alguns militares carregam dentro de si. E que muita tristeza e vergonha vai deixar de herança para sua família.

  • O que mais impressiona na nota do General Villas Boas, é que ele parece que acredita mesmo que o país esteja, com o governo Bolsonaro, "recuperando sua autoestima e sua confiança". Talvez alguém, ou mesmo algum grupo, esteja com este governo recuperando a autoestima e a confiança, mas isso está longe de acontecer com este país chamado Brasil. Este governo que supostamente os militares apoiam é um fracasso completo em tudo: Economia, educação, saúde, cultura, ciências e tecnologia, finanças, meio ambiente, defesa, direitos humanos, combate à corrupção e projeção internacional.

    • O que esse general Vilas Boas, merda, fala, nem deveria ser escrito e televisado, pois so fala e diz bosta, vai dormir velho louco e picareta.

    • Faltou acrescentar no final: " etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc......etc....etc......."

    • Alecs , ele sabe que não está. Esse cinismo dissimulado dessa "elite" fardada, ajuntado com a canalhice sem freios da elite do dinheiro é o caldo lodoso que produz esse país tão injusto, tão desumano e tão destrutivo que vemos a cada nova cena do cotidiano.

      Fico sempre pensando como reagiria Caxias, Lott, Tamandaré, Rondon e até Geisel, diante destes seres tão teratológicos que se apoderaram de nossas FFAA.

      Estamos em um país em plena decomposição , pior, insepulto.

      • Um reparo: andei pesquisando sobre Caxias. Ele participou no 2. império de um partido chamado Reacionários. Isso mesmo. E participou de repressões sangrentas contra as revoltas populares. Dêem uma olhada no verbete dele na wikipedia. Concordo que a wikipedia deve ser consultada sempre com espírito crítico, mas sempre se pode aprofundar a pesquisa em outras fontes mais confiáveis. Rondon foi um homem que encarou os índios como seres humanos. Lott garantiu a posse de Juscelino. Caxias destoa na companhia desses dois militares, estes sim que honraram o Exército com sua conduta exemplar. Quanto a Geisel, em que pese o nacionalismo e a derrota da direita [mais] selvagem de Sílvio Frota, foi gravado pela CIA (como se descobriu há pouco tempo) orientando que assassinatos de líderes comunistas só poderiam ocorrer com seu aval caso a caso, e de Figueiredo. Depois da gravação ainda houve cerca de 80 ou 90 assassinatos. o exército historicamente sempre se portou como o capitão do mato da Elite do Atraso, da Casa Grande escravocrata, que teme e por isso odeia e despreza o povo. Vejam que o atual vice declarou ter "passado a vida na informação" - leia-se espionando estudantes, movimentos populares, sindicatos, a igreja progressista. O inimigo na doutrina militar brasileira não é o imperialismo. É o povo brasileiro. E o oficialato provém das classes populares - filho de rico não vai ser militar. Respeito a coragem pessoal de Villas Boas, na sua "derradeira de todas as batalhas", (como disse o poeta tcheco-eslovaco Antonin Bartusek) que todos iremos algum dia enfrentar a sós. Mas o papel que escolheu para si no ocaso é constrangedor.

        • A melhor análise sobre Caxias, o "patrono do exército brasileiro", foi feita por Eduardo Galeano no clássico "veias abertas da América Latina". A sua figura é nojenta, asquerosa, principalmente pela sua participação na guerra contra o Paraguai, sua "convocação de escravos recém-libertos" para lutar na linha de frente da guerra onde foram exterminados em grande número e depois, para pagar a eles o que foi prometido na convocação, deram as "terras" nas encostas de morros no Rio onde existem hoje as favelas. Mas existem ainda muitas outras peripécias deste "idalo" dos reacionários fardados brasileiros

        • Caxias evitou que o país perdesse sua unidade territorial e se transformasse em vários países pequenos e indefesos. Só por isso, já mereceria que se lhe mantivesse acesa eternamente uma pira no altar de nossa Nação. Desde antes da doutrina Monroe em 1823, ano da primeira assembleia constituinte do Império do Brasil, que os Estados Unidos começaram a tramar para dividir o território nacional, para que assim contivesse e dominasse mais facilmente o país. Na Confederação do Equador de 1824, apoiaram os separatistas de Pernambuco, na esperança de que reduzissem o tamanho do Brasil. Sete anos antes, enviaram um navio cheio de armas para os mesmos rebeldes pernambucanos, navio este que foi afundado nas costas do Recife pela armada do Reino Unido. Todas as tentativas de separatismo foram combatidas com dureza, mas com a plena anistia dos revoltosos logo que foram dominados. No Paraguai, o Brasil não era um gigante lutando contra um anão, mas um país sem muitos recursos tentando defender seu território. A crueldade era a tônica de todas as guerras naquele tempo. Tentar demonizar Caxias é apenas mais uma tentativa de destruição da autoestima dos brasileiros, para alimentar nosso complexo de viralatas e favorecer nossa dominação por outros países. Essa destruição da autoestima é baseada no transplante intertemporal de noções hodiernas de ética e conduta moral descabidas para outra época. É essa noção idiota que anima pseudo-marxistas a condenarem a evolução histórica de épocas passadas, como a do Império Egípcio, porque o Faraó seria cruel com os escravos, o que até foi descartado pela arqueologia moderna. . .

          • Suas informações são interessantes. Depois que li "Guerras Híbridas" (disponível na amazon.com.br e em pdf na internet) a atuação americana, que suas informações expõem, se encaixa no padrão, ali descrito, de "levar o caos" aos rivais em potencial, para inibir qualquer eventual contestação ao poder imperial. Mas não creio que Caxias ou a classe dominante a que serviu tivessem ciência dessa articulação. Visavam apenas manter seu domínio sobre esse imenso latifúndio escravocrata.

          • Idem na Guerra de Secessão, idem na defesa de Canudos, idem na defesa do Quilombo dos Palmares.

          • Alecs, caro camarada deste espaço.
            Ia responder aos insultos a Caxias , mas sua defesa é irretocável.
            Só seguirei o ilustríssimo redator ( relator ).
            As pessoas ainda hoje se iludem com conceitos amarrotados e poeirentos.
            Todos os citados são motivo de orgulho para a Nação Brasileira, sem ufanismo idiota e sem gororobas ideológicas.
            BRASIL ACIMA DE TUDO , ABAIXO DE NADA !!!!! SEMPRE !!!
            VIVA A PÁTRIA GRANDE !!!

      • Por que Geisel? Não viste os documentos os quais demonstram cabalmente de que ele MANDOU torturar? Por que Caxias, que na Revolução Farroupilha combinou com seus chefes latifundiários assassinar covardemente um contigente de Lanceiros Negros, que haviam sido desarmados previamente? E que maliciosamente não assinou o documento da paz? E que determinou um dos maiores genocídios do continente, dizimando a população paraguaia junto co Uruguai e Argentina, todos a serviço da Inglaterra?

    • Para ele a recuperação da autoestima do país é apenas a família dele e do chefe BOSTA estarem no poder ...

  • uma pulga atrás da orelha....
    o golpista desgraçado está lá entrevado, será que é ele que está administrando o próprio twitter?!

    • Aposto no Carluxo, que anda com tempo livre, já que o papi deu um jeito de afastar o próprio genro.

  • Tinha que estudar o villas boas. Em tao pouco tempo passou de democrata a um psicótico anticomunismo, que acredita no poder da arma acima da democracja

  • Esses milicos fazem graça de deficiencias e limitaçoes dos outros. Nada de republicanismo com ele. Se puder acelerar o processo com sofrimento e o q peço a ele.
    E esses milicos devem ser recebidos com desprezo pela administraçao publica. E se virr com fricote de quartel enquadra o cretino.

  • Ficamos assim: O simples cumprimento do que está escrito, na Constituição, é trazer a “corrupção e a impunidade” de volta.

    Enquanto que, manipular a Polícia Federal para atingir seus desafetos políticos, demitir e apontar quem deve ser Superintendente nos órgãos de fiscalização (de acordo com a falta de apetite para investigar o seu próprio filho envolto em suspeitas) e demitir diretor de Instituto porque apresentou uma imagem de satélite desfavorável, é coisa de quem combate à impunidade.

    Talquei, general?

  • Há muito tempo, o tal general foi aplaudido pela esquerda por causa de uma entrevista. Parece que as pessoas esqueceram que o general era um militar e isto seria motivo suficiente para manter o pé atrás, mas não: houve gente de esquerda que até considerou suas palavras como uma garantia de que a mentalidade dos militares havia mudado. "Palavras são palavras, nada mais do que palavras." Parece que as sábias palavras de Valfrido Canavieira (prefeito de Chico City) foram esquecidas.

  • Há muito tempo, o tal general foi aplaudido pela esquerda por causa de uma entrevista. Parece que as pessoas esqueceram que o general era um militar e isto seria motivo suficiente para manter o pé atrás, mas não: houve gente de esquerda que até considerou suas palavras como uma garantia de que a mentalidade dos militares havia mudado. "Palavras são palavras, nada mais do que palavras." Parece que as sábias palavras de Valfrido Canavieira (prefeito de Chico City) foram esquecidas.

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